Capítulo 3 - Quando um lobo encontra seu mate

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O ômega encarou mais uma vez irritado ao relógio, mais uma vez o pai daquele menino se atrasava para buscá-lo. Nunca o havia visto, pois como era apenas o estagiário, sempre saía antes, e seu colega Iruka era quem ficava com o filhote, até que seu irresponsável pai decidisse aparecer, mas dessa vez era diferente, havia feito questão de estar ali e falar umas poucas e boas a esse tão pouco pai, que fazia seu filhote o aguardar por horas, quando todas as outras crianças já haviam partido.


- Iruka-san... desculpe o atraso. – ouviu uma voz grossa às suas costas, e irritado, girou, dando de cara com um bonito alfa moreno, de belos orbes obsidianas, que fez seu lobinho interno saltar feliz, ainda assim não foi o suficiente para amenizar sua irritação.

- Que tipo de pai se atrasa duas horas para buscar o filho? Todos os dias? – seus olhos fitaram firmes aos alheios, por isso franziu as sobrancelhas desconsertado quando o alfa, contra todas suas expectativas, sorriu. Fugaku jamais poderia imaginar que a Lua lhe daria outra chance, e que ali, na escolinha de seu filho, encontraria seu mate, seu parceiro destinado.





Sasuke havia saído decepcionado do escritório do diretor, não podia negar, ainda assim ficava feliz que ao menos ele lhe havia dado a oportunidade de tentar novamente sua bolsa. Sabendo que não valia a pena retornar à casa, já que logo teria que voltar para suas aulas, decidiu esperar ali, mesmo sua barriga roncou, ao não ter nada de alimento desde o almoço do dia anterior. Levando uma mão ao bolso, tirou sua carteira, contando suas poucas moedas, se comprasse algo para comer agora não teria dinheiro para retornar à casa, isso acabou chamando a atenção do diretor, que ao sair para pegar um café, acabou vendo o garoto ao longe.


- Filhote! – o chamou – Já tomou café? – Sasuke nada respondeu – Acredito que não, já que passou a noite na porta de meu escritório. Venha, eu pago.

- Não diretor, eu... – o maior o cortou.

- Eu insisto. Me acompanhe, eu também saí apressado e acabei não comendo nada. – o menor iria discutir, mas o som de seu estômago acabou o calando e acabou aceitando, Orochimaru apenas sorriu, o fazendo segui-lo, já havia tomado café em casa, mas uma pequena mentira não faria mal se com esta ajudaria um de seus alunos.


(...)


- Vou me casar. – anunciou alegre o alfa, fazia pouco mais de um ano que havia iniciado um romance com Kakashi, o ex professor estagiário de seu filhote e pouco a pouco o ômega acinzentado curava seu machucado coração, e mesmo a maioria parecia estar feliz e aliviado com sua melhora, nem todos compartilhavam tal sentimento.

- O que? Não pode estar falando sério. – a mulher estava estupefata, sem conseguir acreditar no que ouvia, achava que aquele descabido romance não iria longe, que em algum momento o alfa a olharia, a pessoa que sempre havia estado a seu lado, que sempre havia feito de tudo por ele, para tê-lo, mesmo jamais havia sido correspondida.

- É claro que estou falando sério. Não acreditei que fosse possível, depois de... – ficou triste por um momento ao lembrar de sua falecida esposa, mas ao lembrar do jovem ômega que agora era seu noivo, acabou sorrindo – mas Kakashi trouxe luz novamente a meu mundo, me fez sentir vivo mais uma vez.

- Não acredito.

- Por que parece irritada?

- Você é um estúpido. – a ômega saiu, batendo a porta, deixando o alfa confuso, afinal para ele, ela era apenas sua amiga, uma de suas mais antigas e queridas amigas, mal sabia ele que o que ela sentia estava muito longe da amizade e que por aquele sentimento, incidentes haviam acontecido e ainda aconteceriam.





Sasuke havia ficado muito agradecido com o diretor. Há quanto tempo alguém não se preocupava por ele? Se estava bem? Se estava com fome? Por mais que tentasse se lembrar, não conseguia, ninguém nunca havia se preocupado por ele, e já estava acostumado, estava bem com isso, com sua solidão.


- E-eu... te amo, Naruto-kun. – ouviu como alguém falava a alguns metros, e conseguiu visualizar uma pequena ômega de longos cabelos azulados, que estendia uma carta a um jovem alfa, o qual parecia confuso.

- É... Hinata-chan... – o alfa levou uma mão à nuca, desconcertado – Eu...

- Por favor, a-aceite meus sentimentos. – Sasuke revirou os olhos.

- Que idiota. – não percebeu que acabou falando alto, chamando a atenção dos dois mais à frente.

- O que disse? – a garota o encarou interrogativa, um sorriso de lado acabou adornando o pálido rosto masculino.

- Disse que é idiota. Ou será que não percebeu que ele estava prestes a rejeitá-la. – o veneno praticamente havia escorrido de suas palavras, nunca havia se importado em ferir os sentimentos de outra pessoa, depois de tudo, nunca haviam se importado com os seus.

- Qual o seu problema, teme? Não vê que a está machucando? – o alfa saiu à defesa da garota, que agora tinha os olhos cheios d'água.

- Vai dizer que não é verdade? Não estava prestes a rejeitá-la? Que ela seja tão patética que não o veja não é problema meu. – ao ver a menina sair correndo, chorando, o sangue do alfa subiu, e antes que ele percebesse, já estava à frente do ômega, segurando a gola de sua camisa.

- Seu... – seus olhos acabaram se conectando, e o alfa pôde sentir seu lobo interno saltar.

- "Ômega... é nosso ômega." – falava feliz o lobo, fazendo ao humano paralisar.

- Não pode ser... – sussurrou, acabando por reflexo, afrouxando o agarre à camisa do menor, que rapidamente se desvencilhou, dando as costas e saindo apressado, mesmo este também tentava ignorar seu lobo interno.

- "Nosso alfa... nosso alfa nos achou." – não, ele não tinha um alfa, ele não tinha ninguém. Depois de tudo, não podia confiar em ninguém, nem em sua família, por que então confiar em um estranho? Não, estava melhor sozinho, e assim iria continuar, pelo bem de sua saúde física e mental.  

Você é meu ômega!Onde histórias criam vida. Descubra agora