Sinto sua falta

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     Passei a tarde inteira e boa parte da noite concentrada nos desenhos das usinas de engenho, sorri feliz e satisfeita ao ver os dois protótipos prontos, então larguei a pena tinteiro e foi só quando me espreguicei que pude sentir todo o cansaço em meu corpo, embora fosse primavera as noites estavam quentes por isso minha pele estava um pouco pegajosa então pedi para Gaya preparar um banho e após o jantar decidi ir para a cama já que o dia seguinte seria ainda mais cheio de tarefas, mas ao me deitar não podia dormir.
    —Ah! Kael sinto tanto a sua falta... – A saudade que eu sentia de Kael era quase insuportável, tudo que eu mais queria era me jogar em seus braços e sentir seu delicioso aroma almiscado, eu sabia que devia muito a ele por todo seu amor e paciência comigo.
    —Como eu pude duvidar do seu amor por mim? Ferimos tanto um ao outro por nosso orgulho, ciúme e insegurança, mas na maioria das vezes era minha própria culpa por não ver seu amor em seus atos, em seus olhos, o amor não vem apenas das palavras e sim também das ações, mas meu complexo de inferioridade, meu orgulho idiota e medo de não ser amada, de não ser boa o bastante, medo de não fazer parte de sua vida, de não me considerar sua família, quando... Ah! Como fui cruel com você, mas sabe de uma coisa dessa vez vou te compensar por tudo! Vou resolver cada incerteza e cada mal entendido sem deixar uma só brecha para a insegurança, vou te mostrar o quanto te amo sempre, assim como você sempre me amou e juntos vamos superar todas as crises de vida e morte, para que por fim possamos ter nosso felizes para sempre juntos por que somos e sempre seremos um só. – Eu falava baixinho como se cada palavra fosse uma oração cheia de fé, então finalmente fechei meus olhos e adormeci com a imagem do rosto de Kael em minha mente, naquela noite tive um doce sonho em que eu e Kael cavalgavamos juntos, no mesmo cavalo e ele orgulhosamente me mostrava todo seu território.
    —Você vê aquelas colinas? Tudo aquilo é meu, de lá até os pastos e se você olhar para este lado além das casas até o mar e ao castelo a nossa frente tudo isso é Amell! E tudo isso é seu também! Você gosta?
     Naquele momento em que o vento batia em em meu rosto e uma leve sensação de liberdade me invadia, mesmo estando um pouco assustada e desconfortável por estar tão perto daquele homem tão grande e assustador eu me sentia de certa forma feliz e também surpresa por Amell ser tão desenvolvida e bem cuidada.
    —Sim, é muito bonito. – Respondi com sinceridade neste momento levantei um pouco minha cabeça para olhar para ele, em um movimento reflexivo quando a gente olha para uma pessoa quando vai conversar com ela, então pude ver seu rosto oval com sua mandíbula quadrada e queixo com um leve furinho, seus lábios estavam levemente arqueado para cima em um sorriso satisfeito, naquele momento ele parecia ainda mais bonito eu baixei minha cabeça sentindo meu rosto corar ao mesmo tempo que meu coração pulava uma batida , então por ele estar olhando para frente decidi olha-lo novamente, seu nariz de comprimento médio e reto, suas sobrancelhas grossas eram em linhas retas com as extremidades levemente curvadas e tão escuras quanto seu cabelo ondulando levemente pelo vento, seus olhos redondos tinham uma cor gris, o que lhe dava um ar misterioso e as vezes severo, mas ainda sim era inegável o quão bonito ele era, olhei mais uma vez seus lábios que se encaixavam perfeitamente em seu rosto não sendo grosso de mais nem fino, então fixei meu olhar em seus lábios me lembrando o quão macios eram ao beijar e que aqueles lábios haviam beijado cada parte do meu corpo nas noites em que passamos juntos desde a noite de núpcias até às duas paradas que fizemos em nosso caminho para Amell, baixei meus olhos e agora não apenas meu rosto estava tão vermelho quanto um pimentão, mas também eu sentia calor então olhei para seu braço e mão esquerda que me segurava pela cintura enquanto a outra mão segurava firme a rédia de Tauro seu cavalo de guerra, aquelas mãos que passeavam por meu corpo e invadiam meu lugar mais íntimo e aqueles braços tão musculosos e firmes que me abraçavam todas as noites... Alyna onde seus pensamentos estão te levando? –Respirei fundo para acalmar a minha mente enquanto me repreendia mentalmente, minha respiração não passou despercebida aos sentidos aguçados de Kael.
    —Aguente um pouco mais, já estamos quase chegando em casa.   – Casa... Agora aquele lugar era meu novo lar, minha casa,  pensei sem saber ao certo como descrever meus sentimentos naquele momento.
    —Hm, está tudo bem, eu consigo aguentar até a gente chegar. – Respondi para tranquiliza-lo já que ele havia pensado que meu suspiro era por que eu deveria estar muito cansada na verdade eu estava não só cansada, mas aínda me sentia assustada e um pouco estressada.
      A viagem foi tão longa e para piorar havíamos sido atacados por três Wyvern que voavam juntos, no processo da batalha minha carruagem foi destruída por isso terminei a viagem montando o mesmo cavalo com Kael, estremeci só de lembrar o ataque daqueles enormes lagartos voadores o medo da morte era algo persistente, naquele momento Kael deu mais força a seu cavalo ao bater suas botas de leve em seu dorso e assim aumentado a velocidade e diminuindo a distância...
     Acordei daquele doce sonho que eram uma lembrança do passado que agora não passavam de dois dias atrás, após o casamento eu e Kael tivemos nossa primeira noite ainda no castelo do marques de Bryer para o casamento ser válido teria que haver provas da consumação ao amanhecer partimos imediatamente para Amell então no caminho de volta tivemos que fazer duas paradas já que eram três dias e duas noites de viagem devido a carruagem que me trazia e a carruagem com os meus pertences, quando estávamos a um dia de Amell fomos atacados pelos Wyvern nos fazendo chegar em Amell após o meio dia e não antes como o esperado, assim que chegamos fui apresentada aos criados e cavaleiros logo depois tive um banho relaxante e um almoço farto então dormi o resto do dia e a noite...
    —Ah... Hora de levantar Alyna se você continuar com esta linha de pensamento só vai se fazer sofrer.... – Falei em voz baixa para mim mesma e quando estava prestes a sair da cama Gaya entrou.
    —Senhora, já está acordada? Não dormiu bem? Se sente mal?
     Eu sorri para Gaya querendo tranquiliza-la, se fosse antes me sentiria surpreendia e sufocada com a chuva de perguntas, então travaria sem conseguir olhar em seus olhos como uma nobre senhora faria.
    —Estou bem Gaya, apenas me acostumei a acordar cedo, o dia está tão lindo e tenho muita tarefas pela frente, hoje vou tomar o café da manhã na cozinha. – Gaya sorriu preparou o banho e correu para a cozinha, meia hora depois sorri para o delicioso cheiro de pão recém forneado.
    —Senhora vem, acabei de fornear o pão está quentinho, também tem biscoitos e bolo.
     Leon o cozinheiro ofereceu com seu grande sorriso amistoso, Maia a ajudante serviu uma xícara de chá preto com leite enquanto outros trabalhadores da cozinha continuavam com suas rotinas, haviam muitos afazeres e muitos cavaleiras para serem atendidos.
    —Mas por que a senhora acordou tão cedo? Por acaso teve dificuldade para dormir? Conheço uma erva ótima para o sono. – Leon perguntou enquanto sovava uma grande bola de massa, o que parecia que logo sairia outra fornada de pão.
    —Não será preciso, eu dormi muito bem, estou acostumada a acordar cedo. – Respondi enquanto agradecia a sua gentileza e preocupação, depois do café da manhã fui procurar o senhor Kaleb eu queria conhecer a equipe que seguiria para Zulklart.

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AlynaOnde histórias criam vida. Descubra agora