Primeira carta de Amel

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Os dias se passaram rapidamente e já estávamos mais de quatro meses em viagem, após deixar o condado Erastor.
-Alto! Vamos levantar acampamento!
Falei após ter que aturar três horas de reclamações do conde Vladimir Erastor que teimava em parar para descansar afirmando ser desumano cavalgar por mais de três dias sem parar para um descanso adequado sorri com escárnio e controlei meu temperamento ao máximo já que seria complicado se houvesse uma divisão ainda maior entre as duas tropas durante a jornada, ao chegarmos em uma pequena clareira segura próxima a um córrego decidi ceder aos apelos do conde, logo toda a tropa desceu de seus cavalos e começaram a fazer suas tarefas, enquanto se dividiam em montar as barracas, preparar o fogo e a refeição, além de cuidar dos cavalos, começaram mais uma vez as reclamações do conde Erastor.
-Lorde Cedrick você tem que levar em consideração que eu já não estou em idade para esse tipo de viagem!
-Conde Erastor se a vossa excelência não suporta isso não deveria ter vindo! Suas reclamações excessivas só irão envergonhar a sua tropa! Desde quando o escudo do império se tornou não fraco?
-Respondi com sarcasmo e irritação, minha paciência a muito não existia mais eu me afastei após deixar minhas palavras para um conde em choque, caminhei com pressa procurando o cavaleiro mais rápido da minha tropa.
-Arvid!
-Sim capitão!
O encontrei no estábulo improvisado.
Vá até Arkham procure por Ben em Arkon ele já deve ter notícias de Amel.
Arvid fez um gesto positivo e se foi sem perder tempo com reclamações estúpidas por provavelmente estar cansado ou com fome após nossa primeira parada depois de três dias e meio de viagem sem parada para dormir, do ponto onde estávamos até Arkham eram mais quatro horas de cavalgada em alta velocidade, ele estará de volta em mais ou menos nove horas o que já seria noite, eu sabia que era meio irracional pedir a ele para fazer essa viagem agora, mas não saber como está Alyna estava me deixando louco eu precisava de notícias dela e também acreditava na resistência dos meus subordinados por isso o mandei sem pensar duas vezes, a primeira barraca a ficar pronta foi a minha então comecei a discutir o resto da viagem com o conde Erastor, Eric e Damir o capitão dos cavaleiros de Aegis.
-Estamos à quatro dias de Arkham onde faremos nossa próxima parada, ficaremos la por dois dias e seguiremos para Zulklart.
-Faremos mais quatro dias de viagem sem dormir? -Conde Erastor perguntou com voz exaltada, batendo com força na mesa bagunçando todas as peças de madeira sobre o mapa.
- Meu lorde, temos que aproveitar que essas terras são mais próximas ao Planalto Índigo e por isso são mais segura para viajar, nesta época do ano muitos monstros típicos dessa região ainda estão em hibernando por isso podemos cavalgar día e noite com a mínima chance de um ataque, agora quando chegarmos ao Planalto Índigo teremos que viajar até o Monte Índigo com a máxima cautela já que muito monstros estarão ativos por lá, também teremos que levar em consideração as condições climáticas que também poderão nos atrasar, então se a vossa excelência ainda não entendeu vou voltar a explicar. - Fiz uma pausa respirei fundo para controlar meu mau temperamento e frustração então continuei a falar.
- Ainda levaremos mais quatro a seis meses para chegar ao Planalto Índigo e se nos atrasarmos corremos o risco de perder a melhor chance para matar o dragão de gelo por isso não podemos nos dar ao luxo de levantar acampamento todas as noites!
O conde me lançou um olhar cheio de raiva e ressentimento, mas se calou, eu olhei para seu capitão esperando que também falasse algo, mas ele apenas reorganizou as peças no mapa.
- Em Zulklart nos encontraremos com as forças aliadas do norte além dos Cavaleiros Santos... De Arkham até Zulklart serão mais meio mês de viagem...
Após a reunião todos saíram me deixando sozinho com meus pensamentos, não sei dizer por quanto tempo fiquei ali olhando o mapa estendido sobre mesa e pensando em todos os tipos de rotas e estrategias, formulando cada tipo de ataque para terminar tudo o mais rápido possível, quando senti alguém se aproximar.
-Capitão o jantar está pronto.
Ravy entrou trazemos duas tigelas de sopa com dois pedaços de pão escuro.
-Capitão eu já investiguei a área em um perímetro de dois quilômetros e instalei uma barreira mágica de proteção.
-A maioria dos monstros mais perigosos estão hibernando agora, por que gastar as ferramentas com monstros insignificantes? - Perguntei ao mesmo tempo que tinha um pressentimento sinistro.
-Capitão algo está errado, não sei se é por que o dragão está para despertar ou se tem algum outro motivo.
-Eles não estão hibernando?
Mesmo sabendo que era uma pergunta idiota a fiz. - Se não estivessem como conseguimos viajar por mais de três dias sem encontar um único semi dragão, Basilisco, ou Puc? Eu mesmo respondi minha pergunta com outra
- Não sei explicar esse sentimento de alerta, parece que estamos sendo observados ou...
-Observados? O interrompi enquanto pensava que era um absurdo
- Ravy se estivéssemos sendo observados eu teria sentido e por mais que eu estivesse um pouco distraído... - Me calei por um segundo me sentindo envergonhado por admitir minha distração noa últimos dias, suspirei resignado e continuei. -Qualquer um dos cavaleiros Dragão Celestial também teria sentindo.
- Por isso que eu não sei, e para prevenir instalei a barreira mágica.
- Você fez um bom trabalho, não evite em me contar se continuar tendo esse sentimento. - Ravy fez um sinal de positivo e quando parecia que iria continuar a falar, Arvid entrou.
- Capitão! Aqui está o que o senhor pediu.
- Você fez um ótimo trabalho Arvid, vá comer e descansar.
-Nosso Cavaleiro mais rápido, acho que bateu seu recorde hoje. - Ravy sorriu ao elogiar Arvid enquanto encostava as palmas das mãos nos ombros dele, então uma luz branca saiu de suas mãos e o semblante cansado de Arvid desapareceu em questão de segundos.
- Obrigado mago. - Arvid agradeceu com um largo sorriso antes de sair.
-Ele parecia a ponto de desmaiar. - Ravy falou estalando a língua enquanto olhava dos papéis na minha mão para o meu rosto antes de sair, embora um mago pudesse abrir um portal para ir de um local a outro a distância era curta e o desgaste era grande para o próprio mago, por isso esse tipo de feitiço era deixado para casos extremos, olhei para os papéis e junto havia uma carta de Amel minhas mãos tremeram um pouco enquanto eu abria a carta.

"Lorde Cedrick,

Aqui em Amel segue tudo em grande progresso a senhora é como um anjo protetor para todos nós, ela terminou de instalar as ferramentas mágicas nos muros de Amel o que impediu um ataque de um grupo de basilisco, também ajudou a defender bem os campos de um ataque de Wyvern..."

-Mas que mer... -Não pude deixar se xingar, minhas mãos tremeram tanto que mal consegui segurar a carta. -Como puderam deixa-la passar por tal situação? Karlick e Giel enlouqueceram?
-Grunhi com raiva enquanto respirava fundo várias vezes para me acalmar, até conseguir voltar a ler a carta.

"A senhora é muito determinada e corajosa ela é uma maga excepcional por isso não culpe o senhor Giel ou o senhor Karlick já que ambos não puderam impedi-la, a senhora também iniciou um novo plantio em Amel a princípio pensamos que era loucura, mas a senhora estava irredutível com sua ideia em breve teremos nossa primeira colheita de cana de açúcar e promete ser uma ótima safra, a senhora estava certa ao afirmar que daria certo então logo estaremos comercializando cana de açúcar e água ardente já temos vários pedidos por todo o império de Freya..."
Um sorriso passou por meus lábios sem eu perceber. - De onde você tirou essa ideia? - Perguntei em vó baixa ao reler essa parte da carta, ela sempre pareceu tão tímida e assustada que parecia falar de outra pessoa nesta carta, então me lembrei da jovem Alyna que tinha um olhar tão determinado e nada parecia assusta-la nem mesmo um mendingo.



AlynaOnde histórias criam vida. Descubra agora