capítulo 5| Ela se foi

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    Aquela carta havia sido escrita por Anael uns três meses depois da minha partida, calculei pelo tempo que demorou para chegar, eu voltei a ler mais alguns detalhes da carta até chegar ao final dela onde minhas mãos voltaram a tremer e meu coração perdeu uma batida.

"Meu lorde eu deliberei muito, mas achei certo lhe informar que a senhora partiu para a Norman assim que terminou seu plano de desenvolvimento de Amell, também não conseguimos impedi-la de ir"

—Então ela se foi... – Minhas palavras saíram quase em um sussurro enquanto eu amassava a carta. —Como assim ela se foi? Era seu papel de senhora ficar em Amel e administrar tudo até eu voltar e se mesmo assim ela não o fizesse desde que se mantivesse segura e aguardando meu retorno estaria tudo bem, mas ela decidiu parti para Norman assim que eu me fui? Ela escolheu me deixar? Nem pensar! Menso que eu tiver que invadir Norman eu a trarei de volta! – Pensei enquanto apertei com força o papel em minha mão que se tornou em pequenos pedaços.
—Maldição! – Praguejei com raiva e uma nota de desespero. — Não adianta escolher fugir eu te trarei de volta custe o que custar! O quanto antes eu termine essa maldita expedição mas rápido eu posso ir buscá-la!  – Um brilho de determinação iluminou meus olhos enquanto eu tomava algumas decisões.
—Eric! Avise a todos que partiremos antes do nascer do sol, quero chegar em Arkham em no máximo em três dias!
  –Eric abriu e fechou a boca como se estivesse engasgado, eu me virei sem esperar uma resposta e ainda pude ouvi-lo resmungar as palavras. — O que diabos aconteceu? – Mas eu estava furioso demais para dar qualquer explicação e assim antes das cinco horas da manhã todos já estavam levantando o acampamento.
—Mas por que isso? Por que você está com tanta pressa?
       A pergunta do Conde Erastor me deu nos nervos outra vez, e com um olhar frio não controlei as minhas rudes palavras.
—Se você veio até aqui para um piquenique continue, não preciso de suas reclamações o tempo todo em meus ouvidos!
—Mas respeito com o Conde, nosso lorde é o escudo do império! – O capitão Damir me repreendeu ferozmente e no mesmo olhar e tom de voz eu lhe respondi.
   — E eu sou o líder desta expedição! Se os lordes tiverem mais alguma reclamação a faça diretamente para o rei Laricke quando esta maldita subjugação terminar! – Os dois me olharam com olhos bem abertos e um lampejo de furia brilhou junto com suas indignações, mas eu não estava nem um pouco preocupado já que meu tio havia mandando os chefes das três famílias nesta subjugação assim como o segundo príncipe com a intenção de lhes dar um castigo e ensinar quem era o verdadeiro líder do império, então ele faria vista grossa para qualquer reclamação subjacente dessa expedição, assim era o rei Laricke Randwell Terceiro, pude me lembrar o quão chateado ficou quando soube que eu me casaria com a filha do marquês Bryer em tais condições.
—Kael você sabe por que estou mandando os chefes das principais famílias do império não sabe?
—Eu posso imaginar. – Respondi enquanto bebia uma taça de seu melhor vinho.
—Então seu tio quer dar uma lição nessas famílias que ousam imaginar ter mais poder que a própria família imperial e o marquês Bryer é o que me dá mais dor de cabeça, aquela raposa velha é muito astuta!
   Meu tio me olhou esperando uma resposta que não veio e suspirou pesadamente antes de continuar a falar.
—Ele está usando você para declinar da ordem imperial, eu até ontem estava me divertindo com a lembrança de sua velha cara pálida e suada de pavor ao ter que estar na linha de frente na subjugação do dragão de gelo, mas veja como ele se safou em um dia! E você por que não me falou que estava a procura de um casamento político? Quando te ofereci um título de nobreza como presente recusou dizendo que não poderia aceitar um presente tão extravagante e quando venceu o torneio dos cavaleiros templários ganhou a espada celestial e o direito de ser o capitão de uma ordem, mas você recusou ser um paladino... – Ele se calou por meio segundo antes de suspirar e continuar seu desabafo irritado. —E até mesmo terras melhores! Eu...
  —E por isso sou seu vassalo... –Respondi com impaciência e arrogancia o fazendo ficar vermelho de raiva por interrompe-lo.
—Seu moleque bastardo arrogante! Eu sempre quis o melhor para você e o que ganho em troca? Por que aceitou uma garota de saúde frágil...
—Tio real! – Eu o interrompi mais uma vez sabendo que agora falaria todos os defeitos de Alyna para me impedir de casar com ela. —Tio, você tem razão eu sou realmente um bastardo! Mas um bastardo que é feliz por ser recibido e reconhecido por meu tio e primos por que com vocês eu aprendi o que é ter uma família...
—Então por que me afrontar ao aceitar este casamento? – Dessa vez foi a vez dele de me interromper, eu respirei fundo e decidí lhe contar a verdade.
— Por que a amo, sempre a amei e sempre vou amar, e se eu perder esta oportunidade mesmo sendo o sobrinho do rei jamais poderei me casar com ela, por que como meu tio falou sou um bastardo... Tudo que eu fiz antes foi uma tentativa de me manter longe da capital, para inutilmente tentar esquece-la por isso escolhi Amel... – Eu dei um sorriso irônico e amargo antes de continuar.
— Mas quando estava investindo na Finca me vi pensando nela o quanto eu tinha que trabalhar duro para se um dia houvesse uma oportunidade de levá-la, ela estaria segura e confortável e não me odiaria por ser um plebeu por suja-la...
—Ora cale-se! Como você a sujaria? Você é mais honrado do que muitos nobres por aí, afinal você é meu sobrinho! Eu já entendi, pode ir se preparar para o seu casamento te dou a minha bênção.
—Bastardo... –Sussurrei com desprezo das minhas origens, Eric me trouxe para o presente ao se aproximar.
—Capitão estamos prontos para partir!
        Seguimos viagem o mais rápido possível quanto mais nos aproximávamos de Arkham mais podíamos sentir a queda na temperatura.
—Isso é estranho...
      Ouvi Arvid falar com Eric
— O que é estranho? –Eric perguntou enquanto puxava a touca da sua capa.
—Ontem o tempo não estava tão frio assim.
—Como assim?
—O que você ouviu, ontem não estava não frio, como pode a temperatura cair tanto em menos de vinte e quatro horas?
      Olhei para a vegetação e percebi que nas partes mais altas das montanhas que nos rodeavam já estavam ficando congeladas, Arvid estava certo as mudanças de temperatura eram normais, mas não aquele tipo de queda tão radical.
  — Fiquem em alerta máximo, podemos sofrer emboscadas!
     Falei tensando meu corpo e me focando ao máximo então uma luz azul emanou do meu corpo, era meu mana sendo elevado pelo poder da espada assim eu poderia detectar qualquer movimento de ataque em um perímetro de trinta milhas, para isso a minha concentração tinha que ser total, eu jamais poderia cometer o mesmo erro de meses atrás quando fomos atacados por ogros, cavalgamos o mais rápido que pudemos após Ravy lançar uma magia nos vagões que transportavam os armamentos pesadas, alimentos, feno, madeira entre outros materiais, essa magia deixava os vagões mais leves e os cavalos podiam nos acompanhar.
—Mantenham o ritmo, não saiam da formação! Não fiquem para trás! –Gritei ao ter uma sensação sinistra, precisávamos sair desta rota o mais rápido possível, era um campo aberto e suscetível a ataques.
— Lo...lorde Cedrick o que... Que está acontecendo?
      O Conde Erastor perguntou em um misto de medo e aflição.
   — Ter a honra e a glória de ser o escudo do império era totalmente diferente de ser realmente o escudo do império! –Pensei ironicamente antes de responder. —Algo realmente assustador se aproxima!






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