Estou de Volta!*

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     Uma luz persistentes sobre o meu rosto me faz abrir os olhos, pisquei algumas vezes me sentindo confusa e ainda sonolenta antes de olhar para o luxuoso quarto, então cada lembrança uma a uma começou a aparecer em minha mente como se eu estivesse presa em um longo pesadelo, levo minha mão até meus olhos ao senti-los molhados.
  —Estou chorando? Por que estou chorando? – Minha voz saiu em um sussurro, franzi minha testa ao me dar conta que não era um longo sonho.
  —Estou de volta, realmente estou de volta!. –Pensei ainda em choque e para me certificar sentei rápido na cama o que me fez soltar um baixo gemido de dor.
   —Ah! Kael! – Minha cintura doeu assim como meu quadril, Kael era um homem apaixonado e vigoroso na cama, ele sempre era suave no início me fazendo sentir no céu, seu amor lento e suave me fazia delirar em múltiplos orgasmos, mas ao final perdia o controle e era uma besta apaixonada me preenchendo por inteiro indo cada vez mais fundo, me fazendo chegar ao limite de um prazer que eu não podia se quer explicar com palavras e era algo que pertencia apenas a nós dois, mas meu corpo ainda desacostumado com movimentos tão vigorosos se sentia dolorido no dia seguinte, colocando de lado as lembranças da noite de amor sem fim, respirei fundo e coloquei meus pensamento em ordem, olhando para o quarto com a janela em arco talhada com lindos padrões de peônias e sem vitrais, as grossas cortinas vermelho borgonha com forro branco ornavam com a colcha cor de carmim e as cortinas terracota da cama com dossel, as tapeçarias cor de cornalina, borgonha e cardeal contrastavam com o quadro de moldura marrom avermelhado com a pintura de um unicórnio alado branco com um fundo verde escuro que estava acima da lareira crepitante que ficava ao lado oposto da cama e a distância de sete passos ficava a pequena mesa com duas cadeiras estofadas em veludo verde musgo e de fronte a janela duas poltronas aveludadas em vermelho Borgonha com detalhes em verde musgo e no centro do encosto a pintura de uma linda peônia branca , ao lado esquerdo ficava o roupeiro de mogno escuro da mesma cor da cama e das mesas de cabeceiras que eram talhado nos mesmos padrões da janela, ao lado do roupeiro haviam alguns ganchos anexados a parede que eram usados para pendurar nossas roupas geralmente de inverno os ganchos não eram comuns e eram bem úteis, olhei para eles e um sobretudo masculino ainda estava ali pendurado, por aquela peça estar ali então eu deduzi que havia voltado no tempo logo após meu casamento com Kael.
  —Kael... – sussurrei seu nome e olhei para o espaço vazio ao meu lado, toquei suavemente seu travesseiro e percebi que já estava frio o que indicava que ele havia se levantado bem cedo. —Em que época exata eu voltei?  – Me perguntei enquanto levantava as cobertas e assim que meus pés tocaram o chão a porta do meu quarto se abriu, meu coração não pode deixar de palpitar me virei para ver que quem entrava era Gaya minha criada pessoal e amiga considerada como uma família, mesmo adorando Gaya não consegui deixar de me sentir decepcionada.
   —Senhora, você já está acordada, eu sou Gaya e serei sua criada pessoal.
A olhei por um segundo em silêncio assimilando a situação. – Gaya está se apresentando então voltei para a minha primeira manhã em Amell, quer dizer que hoje Kael embarca para a subjugação dos dragões de gelo e fogo um dos piores inimigos dos humanos, os dragões estavam adormecidos por séculos e por isso eram os últimos de sua espécie, quando o sacerdote supremo pressentiu que estavam em tempo de despertar, rapidamente enviou ao império um alerta urgente e como o despertar dos dois dragões eram próximos o imperador enviou os pilares do império em duas caravanas, Kael que foi representando meu pai junto com o conde de Erastor irão subjugar o dragão de gelo, o segundo príncipe e o duque Efraín irão subjugar o dragão de fogo, cada dragão esta hibernando em lados opostos e por alguns imprevistos Kael vai levar três anos para regressar vitoriosos elevando o nome e a glória dos cavaleiros Dragão Celestial, enquanto me lembrava dessa época eu lamentei não ter acordado antes para me despedir de Kael, agora que o amo tanto será difícil e doloroso ficar tantos anos separados, não houve pesar no passado por que eu ainda não o amava, me lembro até que me senti aliviada por ele ter partido na manhã seguida a nossa chegada a Amell, já que nosso casamento não foi por amor e sim por ordem de meu pai que não queria participar da guerra entre os dragões, então por que não usar a sua filha inútil? ainda posso me lembrar de suas palavras à quarenta e cinco dias antes do casamento.
   — Alyna sua filha inútil! Você nunca deveria ter nascido! Eu nunca poderei ter qualquer expectativa em você! - Um olhar de desdém e nojo passou por seus olhos, ele desviou o olhar como se não suporta-se me olhar.  — Você deve ao menos saber que enfrentaremos uma guerra sangrenta contra os dragões e neste momento o rei Larick está enviando quatro tropas para a linha de frente!
     Uma gota de suor escorreu de sua testa ele a secou com um lenço branco finamente bordado com o brasão da casa Bryer onde duas lanças se cruzam acima de dois ramos de peônias ao centro o nome Bryer está bordado em vermelho escuro, após guardar seu lenço no bolso voltou seu olhar enojado para mim.
   — Você já está com dezoito anos e está passando da idade de se casar, sempre um empecilho na minha família! Como Minueh vai ter um bom casamento se sua irmã mas velha ainda não está casada? Minueh completa dezesseis anos ano que vem e precisa entrar em um compromisso com a família real.
      Eu admirava como meu pai conseguia desviar o assunto sem perder o foco do que realmente queria falar, ele divagou sobre o futuro brilhante que deveria ter minha perfeita e brilhante irmã mais nova Minueh, e quando finalmente pareceu estar satisfeito de suas divagações voltou ao ponto inicial.
     —Desde que vossa majestade anunciou a ordem imperial que a casa Bryer que é a lança do império e a casa Erastor que é o escudo do império devem guiar seus cavaleiros para a linha de frente na subjugação do dragão de gelo tomei a decisão de casar você com o líder dos cavaleiros Dragão Celestial!
      Eu me senti perder o fôlego por um segundo. — O que meu casamento tem a ver com essas guerras? – Meus pensamentos estavam confusos e vendo a confusão em meus olhos meu pai mudou sua expressão, então um rosto vermelho e destorcido pela raiva me fez dar uma passo para trás, era óbvio que ele estava com medo que eu viesse a fazer algo que poderia envergonha-lo, logo explodiu em palabras iradas e cheias de insultos.
   —Uma garota tão inútil e sem sentido como você qual nobre iria querer como esposa? Ah! Como a casa Bryer pode dar a luz a um ser tão repugnante! Seja útil em pelo menos uma coisa em sua imprestável vida! Alyna fique feliz por eu me importar com o nome da nossa casa e te associar a este... Este homem que pelo menos tem a graça do imperador e um nome que é bem visto pelos plebeus!
      Ele suspirou exasperado após seus habituais insultos, deu alguns passos como se quisesse se acalmar, meu corpo inteiro tremia de medo e por um momento até pensei que fosse cair de joelhos no chão.
      —Eu fiz uma proposta irrecusável para Kael Cedrick te tomar como esposa, além de o liberar do dote que deveria ser entregue a mim para obter a sua mão eu ainda agreguei vinte cavaleiros meus a sua equipe, esses cavaleiros agora não fazem mais parte do marquesado de Bryer e sim da cavalaria Dragão Celestial, que plebeu recusaria essa proposta? Além de poder desposar a filha de um nobre que é a lança do império, receber vinte cavaleiros a sua equipe e ainda ter o prestígio de ser meu genro já é algo inestimável! Então claro que ele aceitou sem pestanejar, seu casamento com ele será daqui a um mês e meio, por isso espero que você siga seu marido em silêncio, não o irrite, não o faça mudar de ideia e não me envergonhe! faça a única coisa que você sabe fazer de melhor! APAGUE A SUA EXISTÊNCIA E SEJA UMA DONA DE CASA OBEDIENTE!
    Ele gritou a última frase enquanto batia sua bengala no chão, eu me encolhi de medo sem ter coragem de levantar meus olhos, meu pai me lançou aquele seu típico olhar de desprezo e bufou antes de sair.

AlynaOnde histórias criam vida. Descubra agora