Capitulo 3 |As Sementes *

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     Silfy arregalou os olhos ao perceber seu erro então olhou para Gaya e foi dando as suas instruções enquanto ela balançava sua cabeça como uma galinha bicando o chão, eu queria dizer que estava tudo bem, mas ele estava tão agitado e foi se retirando do quarto não me dando chance de acalma-lo então achei melhor deixar como estava, se fosse no passado falar de minha mãe causaria grande danos ao meu coração, mas agora falar ou pensar sobre ela não me agitavam mais, eu ainda a admirava e a amava e era apenas isso, olhei para os rostos familiares a minha frente sem saber o que falar meus pensamentos ainda não estavam em ordem até me lembrar que o senhor Lancaster estava prestes a chegar com as sementes de cana e eu ainda tinha tanto a fazer precisava agendar uma reunião com todos os vassalos assim que o senhor Lancaster estivesse de volta, minha mente se equilibrou me fazendo voltar ao normal.
   —Senhor Giell, a comitiva do senhor Lancaster já chegou? – Perguntei enquanto pensava nos preparativos futuros sem me preocupar com meus antigos medos e o fato de eu ter quase morrido.
   —Senhora agora não é hora de se preocupar com isso!
   —Senhor Giell! – Eu o repreendi por não responder a pergunta de sua senhora, ele respirou resignado e respondeu.
  — Um mensageiro chegou faz dois dias, disse que devido a um ataque de orcs a comitiva se atrasará em mais ou menos uma semana, também falou que está tudo bem com as sementes e não houve danos maiores além das carroças que foram danificadas, claro também não houve nenhuma baixa. – Suspirei de alívio antes de dar as ordens.
  —Prepare uma reunião com todo os vassalos de Amell para daqui uma semana, também escolha entre os aldeões quatro homens que sejam mais instruídos e que aprendam rápido.
  —Sim minha senhora, me retiro agora.        
        Kaleb saiu do quarto, mas logo voltou em seus passos parando na porta.      — Senhor Karlick! Gael! Por que ainda estão aí parados? Acho que preciso aumentar o tempo de treinamento dos dois!
    —Senhor Kaleb! – Os dois o chamaram em uníssono antes de deixar o quarto.
     Sorri com a reação exagerada do senhor Karlick e de Gael, assim que eles se foram Gaya entrou com uma bandeja cheia de comida.
    —Minha senhora, o cozinheiro preparou seus pratos preferidos então coma bem .
    —Obrigado Gaya. – Agradeci com um sorriso e comecei a comer, foi só então que percebi o quanto estava faminta, Gaya me deixou a vontade se retirando para preparar meu banho e assim que me vi só não pude deixar de pensar em minha mãe. – Você era tão poderosa e tinha o apoio total de Norman, então por que se permitiu sofrer tanto? Foi por mim ou por seu amor ao meu pai? – Me perguntei em um sussurro enquanto algumas lembranças do passado rodavam como um filme em minha mente.
    —Alyna nunca mostre seus poderes para qualquer pessoa desta casa, principalmente do pai... Mantenha sua força sempre oculta Alyna... – Ela repetia essas palavras sempre que estava presa em uma cama, seu rosto era extremamente pálido e suas frágeis mãos mal tinham forças para seguras as minhas, até que um dia as coisas foram muito piores e após enfrentar uma horda de monstros que haviam invadido o marquesado ela não suportou. – Alyna você merece ser livre para escolher seu caminho, não deixe nunca qualquer homem saber que você também pode usar magia... Eles são tão cruéis... Você tem que ser feliz...
     Aquelas foram suas últimas palavras deixadas para mim antes de morrer, eu gritei e chorei chamando seu nome desesperadamente por horas, eu tinha apenas cinco anos de idade, mas aquela cena não saia da minha mente.
    —Mãe.... Mamãe.... ACORDA! Por favor .... – eu gritava sacudindo o corpo agora gelado da minha mãe.
    —Por que está criança está aqui? – Meu pai que entrou no quarto perguntou com voz irritada ao sacerdote que o seguia.
    —Ela se recusa a deixar o corpo da senhora...
    —Coisa inútil! Saia já daqui! – Ele me agarrou pela roupa me jogando para longe do corpo da minha mãe, e sem lançar qualquer olhar em minha direção concentrou sua atenção ao sacerdote.
   — Ela mesmo morta ou está fingindo?
    —Desta vez ela se foi mesmo, esta mulher maga esgotou completamente seu poder mágico, após seu núcleo entrar em colapso se desintegrou. – O sacerdote respondeu com pesar a meu  pai que recebeu suas palavras com irritação e o mandou se livrar do corpo garantindo que ela não virasse um golsh vingativo, ele saiu sem nem olhar para a mulher com quem foi casado por mais de sete anos, eu olhei para as costas largas de meu pai e foi só então que entendi as palavras de minha mãe
     No dia seguinte a morte da minha mãe ele me chamou querendo ver meu poder.
    —Alyna me mostre seu poder mágico. – quando eu não respondi, ele falou ja ficando irritado. – Vamos garota!
     Um medo terrível me dominou me fazendo tremer involuntariamente e quanto mais pálida de medo eu ficava mais impaciente ele se tornava, seus gritos de ira e maldições não demorou a com e seu rosto destorcido se fixou em minha jovem mente, por alguns anos ele me chamava e me fazia a mema pergunta e sem poder ver o que queria me espancava sem piedade, até que por fim deixou de lado seu orgulho e chamou outro mago para saber o que havia de errado comigo.
     —Meu senhor, nem sempre os filhos de magos com humanos nascem com poder mágico...
     O mago se encolheu ao ver o desgosto nos olhos de meu pai não se atendendo a continuar a falar, ele usou magia de detecção, mas não podia sentir meu poder mágico nesta época meu pai já havia se casado novamente e quando Minueh nasceu  ele passou a concentrar suas esperanças nela, minha meia irmã se tornou a estrela da casa e a filha mais querida do marquês de Bryer, enquanto a mim sempre havia uma disculpa para não me mostrar na sociedade, eu cresci aos olhos do mundo como a frágil e fraca filha mais velha que não tinha forças nem para sair de seu quarto.
     —Por que me machuco ao lembrar deste passado? As coisas vão ser diferentes agora, eu não sou minha mãe e Kael não é meu pai... – Suspirei após quase sussurrar essas palavras e terminei a minha refeição.
     Alguns dias depois eu já estava completamente recuperada e me preparava para a reunião com os vassalos, eu estava animada e ansiosa para por meu plano em prática, uma leve batida a porta do meu quarto já anunciava que meus convidados estavam chegando.
     —Minha se senhora o senhor Lancaster já chegou . – Eu sorri animada e segui Gaya até a sala de visita para o início da nossa reunião.
    —Senhor Lancaster.
    —Minha senhora.  – Ele devolveu meu cumprimento com um gesto de respeito  e em seguida  eu fiz um gesto para ele se sentar no sofá a nossa frente.
    —Estou feliz que tenha retornado em segurança.
    —Como eu não voltaria se estava sendo escoltado pelos melhores cavalheiros de Freya? – Ele sorriu ao responder e após as formalidades iniciais fomos ao que interessava.
    —Minha senhora estas são as sementes de Cana de açúcar  – Enquanto falava ele tirou um pequeno saco de tecido marrom do bolso e o abriu na mesa de centro deixando as sementes a mostra.
     —Oh! Aí estão elas. – Sorri ao pegar uma semente em minha mão querendo comprovar a sua qualidade, e eram perfeitas, se todas as sementes daquele lote fossem assim tão boas teríamos a melhor safra do reino de Freya.
      —Senhor Lancaster obrigado por seu trabalho duro. – Eu agradeci e naquele momento o som de passos anunciava a chegada dos outros vassalos. — Por fim chegaram todos. – Pensei animada para a próxima etapa da minha reunião.

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★ Um Bônus para o final de semana ★

AlynaOnde histórias criam vida. Descubra agora