Uma longa viagem

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         O mordomo que chegou pareceu confuso então correu escadas a cima após entender os gestos das mãos desesperadas de seu mestre, eu apenas sorri cinicamente com tal hipocrisia, sim eu tinha um título de lorde desde que me tornei capitão de uma ordem de cavaleiros e me tornei senhor de terras, mas devido a minha origem humilde e desconhecida para quase todo mundo era normal a nobreza me desprezar e aquele tipo de comportamento nunca me incomodou, eles eram nada para mim e desde que não prejudicasse meu povo estava tudo bem, mas Erick que vinha da mesma aristocracia não suportava essa divisão da sociedade e desde quando salvei sua vida anos atrás ele me seguiu como uma sombra até conquistar minha confiança e amizade, mas Erick não é o tipo de pessoa de aguentar quieto por isso as vezes eu tenho que conte-lo para evitar possíveis retaliações que prejudicariam os mais fracos, mas o fato de também ter o apoio da família Bennet é muito útil nessas situações, o conde sorriu sem jeito e começou a falar após me levar até seu escritório.
— Lorde Cedrick como esta é uma missão de guerra temos urgência em combinar os detalhes, por isso peço desculpas por prender você por mais algum tempo.
     Sua mudança de postura chegava a ser irritante e tal falsa cortesía era repugnante para meus olhos e ouvidos, mas decidi entrar na atuação e aceitar seus falsos gestos humildes sabendo o quanto aquilo o estava humilhando por dentro e o que mais me divertia era saber que se Erick  fosse dar alguma palavra sobre o conde ao seu irmão não seriam palavras simpáticas, era mais certo que o conde nunca mais conseguiria negociar uma única pedra de mana ou até mesmo pedras precisos com a família Bennet.
— Conde Erastor precisamos elaborar a estratégia cooperativa para eliminar o dragão de gelo o mais rápido possível, assim que ele despertar ainda estará enfraquecido o que se torna mais fácil de subjuga-lo, mais ainda assim não podemos subestimar essa besta, pois é um dragão muito inteligente seu primeiro ataque provavelmente será causar uma onde de frio insuportáveis e essa onda de frio não irá se restringir a onde estamos ela pode se alastrar por todo o continente inclusive boa parte de Freya que está mais perto da zona de risco pode sofre com este frio índigo.
    O Conde mais uma vez arregalou os olhos ao ouvir minhas palavras, eu podia ver que ele estava travando uma batalha interna sua dívida provavelmente era se eu o estava asustando para me  vingar de sua má recepção ou se eu estava falando a verdade, então ele mudou seu semblante provavelmente se lembrando as palavras de Erick.
  —As pedras de mana serão suficiente para todo o esquadrão?
—Bingo. –Pensei ao ouvir sua perguntar, eu era muito bom em observar as pessoas e podia ler cada uma delas, suas dúvidas, seus medos, suas intenções, suas mentiras e ironias, suas armações, e também suas verdades, em resumo era impossível para uma pessoa mentir para mim ou se quer esconder seus pensamentos, a não ser é claro uma pessoa que fosse altamente treinada para isso, como o imperador, o príncipe herdeiro, o duque Efraín e o lorde Baldrack comandante da quarta ordem de cavaleiros reais, embora meus pensamentos fossem rápidos percebi que estava perdendo o foco mais uma vez, eu olhei para o conde ao responder com um brilho divertido em meus olhos
  —Acredito que o conde vai ter que providenciar seu próprio suprimento de pedras de mana do fogo, essas pedras são tão caras que nem mesmo a família real nos forneceu tal suprimento, este lote foi dado aos cavaleiros Dragão Celestial aos cuidados do visconde Heitor Bennet atravéz de un pedido de Erick, mas como não sabíamos o número certo dos cavaleiros Aegis que participaram da subjugação então...
    Claro que este foi meu castigo para este conde arrogante e tinhamos pedras de mana o suficiente para as duas tropas, agora se iríamos dividir com eles iria depender de suas atitudes durante a viagem, o Conde me lançou um olhar decepcionado e ao mesmo tempo preocupado, pude ver que ele não estava preparado para tal expedição e essa seria a longa e difícil viagem para eles.
  —Meu lorde Conde Erastor
      O mordomo chegou bem a tempo de impedir as objeções do conde que se calou e olhou para seu mordomo com um olhar frio, eu podia ver o suor escorrer por sua testa na  distância de dez passos.
   —Como meu lorde pediu já está tudo pronto.
—Lorde Cedrick seu banho já está pronto e também uma ótima refeição, descanse por hoje e amanhã voltamos a conversar.
  —Até amanhã estão conde.   – Me despedi seguindo o mordomo até o luxuoso quarto todo amarelo claro com cortinas cor creme e verde escuro, uma lareira de fronte para a grande cama de dossel com cortinas de veludo verde musgo e colcha cor creme com detalhe marrom,  ao lado oposto a ladeira havia um guarda roupa talhado com belos padrões, o lustre no teto mantinha o quarto iluminado.
  — Lorde Cedrick seu banho está pronto ali no quarto de banho.
Assom que o mordomo terminou de falar se retirou de cabeças baixa, eu  olhei para a porta anexa ao quarto, e um quarto de banho cheio de  luxo que pertence apenas a alta nobreza apareceu diante de meus olhos, apenas no palácio imperial havia um lugar assim, eu entrei no quarto e uma onda de vapor quente me recebeu, quando eu iria dispensar o mordomo percebi que o quarto de banho não estava vazio.
—Seja bem vindo meu lorde!
    Ouvi a voz de duas mulheres que estavam vestidas apenas com uma leve túnica branca deixando seu corpo magro praticamente a mostra.
—O que é isso? – As mulheres pareceram confusas ao responder.

-Somos amas de banho, não somos do seu agrado meu lorde?  – Eu estava furioso, mas vendo a confusão no rosto das mulheres percebi que poderia ser algo normal naquela casa, na verdade era muito normal para os nobres aristócratas servirem seus convidados com amas de banho permitindo que as utilizassem como bem quisessem.
—Não as necessito podem se retirar!
   Minha voz gelada e olhar cortante as fez se eencolher para em seguida  atravessar o quarto correndo para fora, assim que me vi só respirei fundo e passei as mãos por meu rosto, eu estava exausto e irritado olhar para aquele ambiente tão luxuoso e fora do meus padrões me deixou ainda mais irritado, tirei minha roupa e mergulhei na banheira de madeira redonda cheia de água quente ao lado havia uma mesinha com sabão aromatizado e uma escova de banho além de toalhas dobradas e um roupão, a frente da banheira havia uma lareira com fogo crepitante olhei para o fogo me lembrando de Alyna.
  —No quarto que você usava no marquesado também havia a sala de banho?   –Um sorriso irônico passou por meu rosto ao me fazer aquela pergunta tola.  — Como não teria? Deve estar sendo difícil para você em Amell!
     Falei em voz baixa imaginando como ela deveria ter se sentindo surpresa ao procurar por um quarto de banho em nosso quarto ou até mesmo olhar para as janelas lisas sem aqueles esplendorosos vitrais, Amell era uma finca acolhedora e o castelo era limpo e aconchegante, mas por mais que eu me esforçasse em manter um certo grau de luxo não conseguia nem fazer chegar aos pés do luxo que o marquesado de Bryer possuía, e até mesmo deste condado, naquele momento me arrependi de não ter aceitado um título de nobreza que meu tio queria me dar de presente em meu décimo oitavo aniversário, ou quando ganhei a espada de Ryo e a quarta ordem de cavaleiros ter escolhido Amell como meu território só por que era o território mais longe do império disponível. —Se eu tivesse pensado melhor poderia ter oferecido muito mais para Alyna, afinal não trabalhei tão duro sempre com a ilusão de entregar tudo para ela? Sempre não foi tudo por ela? Pensei suspirando pesadamente enquanto pegava o sabão para lavar meu cabelo.

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AlynaOnde histórias criam vida. Descubra agora