forty four.

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Megan Relyks, point of view.

O tempo não estava de todo nos melhores dias. Estava na biblioteca quando os trovões começaram a soar do lado de fora. Destraio-me com a chuva que escorria pelos vidros e acabo por fechar o livro que lia, ficando apenas a observar o lado de fora, enquanto escutava música com os meus fones de ouvido.

Estreito os olhos e parece que vejo um carro familiar estacionado à frente da entrada. Penso que estou apenas a delirar e que deve ser apenas parecido com o carro de alguém conhecido e encolho os ombros.

Olho em volta. Eu estava quase sozinha e, de acordo com o meu relógio, a biblioteca estava a uma meia hora de fechar. Levanto-me e caminho por entre as grandes estantes, enquanto Arctic Monkeys vibrava nos meus ouvidos. Passava a mão pelas lombadas, enquanto olhava para os seus títulos. Pego em três livros e seguro os num pequeno monte sobre os meus braços.

Olho para cima assim que as luzes de pagam e tiro um dos fones. As portas estavam a fechar e eu estava no outro lado do estabelecimento, era impossível eu conseguir sair. Corro até à entrada, mas foi esforço para nada. O segurança já tinha trancado as portas e agora só voltava alguém amanhã.

Bato com força nas portas, mas sei que é tempo perdido. Chamo por alguém, mas sei que é inútil. Toda a gente já estava a milhas daqui. Suspiro, frustrada.

Eu estava numa biblioteca antiga, uma das únicas de outer banks e também uma das maiores do país. Por ser antiga, nunca colocaram câmaras pelo que eu sei, ou seja, só mesmo de manhã é que sairia daqui.

Ando até o sitio onde estava. Paro encosto-me à estante atrás de mim, acabando por deslizar e acabar por me sentar.

Para piorar a situação, a música desliga se e acabo por perceber que é porque o celular ficou sem bateria. Eu estava sozinha e sem celular. A única boa noticia era que estava numa biblioteca e não num sítio desagradável. Fecho os olhos e descanso a cabeça para trás. Estava cansada e ia passar a noite ali, por isso, porque não adiantar o meu sono?

— Parece que não fui o único que fiquei preso aqui.

A voz suave me faz abrir os olhos e ver um homem ao meu lado. Era alto, moreno, tinha mais ou menos a minha idade e tinha um sorriso muito bonito.

Eu não digo nada e ele toma a liberdade de se sentar à minha frente. Coloco os fones a volta do pescoço, já que nem música estavam já a dar. Avalio o seu rosto e ele sorri.

— Meu nome é Benjamin, Benjamin Dawson, já agora, mas pode me chamar Ben. – estreito os olhos.

Não podia lhe dar muita confiança, sendo que estava sozinha com ele ali. Se algo acontecesse...

— Já pude ver que você não é muito de conversar, mas pode me dizer o seu nome?

— Megan. – sorri e desvia o olhar para o telemóvel.

— Bom, morreu. Parece que vamos ficar as próximas horas aqui, por isso...

— Me conte um pouco sobre você. – o meu sotaque acentuado nota se mais do que o normal. Ele parece surpreendido com a pergunta.

— Bem, não nasci cá, estou apenas aqui à uns dois anos. – abro a boca para falar, mas ele responde exatamente àquilo que ia perguntar – Nasci em Itália, Vicenza.

Sorri ao ouvir o sotaque fofo dele.

— O que foi?

— Nada. Apenas gostei do seu sotaque, pode continuar. – ele sorri ao meu comentário e abaixa a cabeça.

— Que mais quer saber?

— Então você gosta de ler?

— Gosto de ler sobre o problema dos outros para não ter que me preocupar com os meus. E você?

— Eu acho que ler é uma fuga do mundo real. Toda a gente precisa de um pouco disso para manter a sanidade. – encolho os ombros, como se não tivesse dito nada demais.

— O seu sotaque também não parece ser daqui. Você é de onde? – solto uma pequena risada abafada.

— Nasci em Espanha, Marbella. Vim para cá já à uns anos atrás. – volta a sorrir ao me ouvir pronunciar o nome.

Ambos paramos de falar. Pelo menos por uns minutos, houve silêncio.

— Livro favorito?

— Príncipe cruel. Seu?

— Estilhaça-me.

— Boa escolha. Teria escolhido esse como segunda opção. – digo.

A conversa morreu ali. Decidimos descansar um tempo depois, arranjar um sitio confortável, que seria no sofá comprido que lá têm e não deitamos os dois, um deitado no lado oposto ao outro.

Apesar de não admitir em voz alta, tinha ali uma pessoa que provavelmente viraria um grande amigo. 

𝐇𝐎𝐋𝐃 𝐌𝐄 ᯾ rafe cameron.Onde histórias criam vida. Descubra agora