sixty nine.

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Megan Relyks, point of view.

Duas semanas.

É o tempo que JJ está no hospital. Tudo sem noticias que valham a pena. Tem sido extremamente cansativo vir todos os dias ver como ele está e saber que nada mudou do dia para o outro. Absolutamente nada.

Está tudo exatamente igual a como estava quando ele deu entrada no hospital. Mas finalmente, depois de duas semanas, havia noticias que valhessem a pena ouvir.

A médica passa as portas e chega a nós com um sorriso cansado. A nossa atenção se vira para ela e todos nos levantamos, prontos para o que ela fosse dizer.

— Bom. Tenho boas e más noticias. Qual querem ouvir primeiro?

— Boas primeiro. – Sarah falou. Num dia normal eu diria más primeiro, mas precisava de boas notícias depois dos últimos dias de tortura.

— JJ acordou. – demoro uns segundos para processar. JJ acordou. Depois de vários dias, um sorriso aparece no meu rosto. Parei. Olhando para a médica à minha frente. Havia más noticias.

— E quais são as más? – Rafe pergunta, parecendo ler os meus pensamentos.

— Ele está estável, por enquanto. Não sei quanto tempo mais aguentará. – agarro a camiseta de Rafe e me encolho no seu corpo.

— Quando podemos vê-lo? –pergunto, olhando de novo para ela.

— Quando quiserem. – a medica já nao sorri, agora olha para nós com o olhar pedindo desculpa. – Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.

Ignoro o que disse, acredito que podiam ter feito mais. Mas quem sou eu para dizer isso?

Afasto me de Rafe e ofereço me para o ir ver primeiro. Cada passo uma tentativa de respirar melhor.

Quando entro, JJ mantém o olhar na janela. Penso que tenha reparado na minha presença ali, apenas não tinha coragem de olhar. Sento me na cadeira ao lado da sua cama, mas desta vez não pego na sua mão.

— Não vou perguntar porquê. – sussurro e lentamente o olhar dele se vira para mim.

Ele continua pálido como da primeira vez que cá vim. A única diferença é que agora já posso finalmente olhar para os seus olhos, que pareciam ainda mais claros agora.

— Você não está me deixando, pois não?– a minha voz soava trémula e ele estendeu a mão para mim. Peguei nela sem pensar duas vezes.

Eu ainda preciso de você. – continuo.

Mordo o lábio numa tentativa de não chorar e ele repara, como sempre. Quero chorar mais ao saber que isso não mudou.

Não é culpa sua. – ele diz dando um leve aperto na minha mão. Ouvir a sua voz novamente faz deslizar uma lágrima pelo meu rosto. Puxo a sua mão até aos meus lábios e acaricio com o pulgar.

— Eu sinto me como se fosse. – fecho os olhos com força, mas volto rapidamente a abri-los. Não queria perder um segundo com ele. –Me sinto uma amiga horrivel.

— Megan. O meu pai voltou. – sinto o sangue descer aos pés. – Ele falou que queria ser presente agora. Queria estar cá para mim. Tudo tretas. Descobri que precisava de dinheiro.

— Porque não falou comigo sobre isso?

— Megan você esteve no hospital durante dias e toda a situação com Rafe te deuxou magoada. Eu só não queria depositar mais um peso sobre você.

— Peso? – arqueio as sobrancelhas – Peso é o que tenho sentido desde que você veio parar aqui!

— Sinto muito.– respiro fundo, olhando rapidamente para a janela amtes de voltar a olhar para os seus olhos. 

— Há quanto tempo?– pergunto após um tempo de silêncio.

— Um mês mais ou menos. – ele fala depois de um longo suspiro.

Suspiro e abano a cabeça em negação.

— Que raios vou fazer sem você?!– pergunto mais exaltada, olhando para todo o lado menos ele e JJ aperta a minha mão.

— Ei. Olhe para mim. – obedeço, ganhando um olhar brilhante e triste me encarando. – Lembra se dos planos que tínhamos feito? A viagem pelo mundo com uma mochila às costas? Faça-a.

— JJ...– quero chorar novamente.

Por favor. Faça a. Viva a vida por mim, ao máximo. – esfrega o pulgar – Vou ficar chateado se não o fizer.

Entrega me um sorriso triste e anuo a cabeça após muita resistência. Quando o meu tempo acabou, deixei um beijo na sua cabeça e abracei-o pelo pescoço.

— Eu te amo. Você sabe disso, não sabe?

— Eu também te amo. – ele fala, aproveitando o abraço.

Deixo o seu quarto, incapaz de me manter em pé, sento me na cadeira à porta e permito me chorar as lágrimas que não tenho.

notas da autora.

Chorei.

𝐇𝐎𝐋𝐃 𝐌𝐄 ᯾ rafe cameron.Onde histórias criam vida. Descubra agora