CAPÍTULO 5
No qual nosso herói e nossa heroína têm uma conversa muito intrigante.
Num instante, Lucy andava pelo corredor, franzindo o nariz enquanto tentava lembrar onde
ficava o toalete mais próximo, e no seguinte praticamente voava para trás, indo bater em uma
forma decididamente grande, decididamente quente e decididamente humana.
- Não grite - disse a voz.
Era uma voz que ela conhecia.
- Sr. Bridgerton?
Deus do céu, aquilo parecia inadequado. Lucy não tinha certeza se devia ficar assustada.
- Precisamos conversar - disse Gregory, soltando o braço dela.
Mas trancou a porta e guardou a chave no bolso.
- Agora? - perguntou Lucy. Seus olhos se adaptaram à luz fraca e ela percebeu que estavam
na biblioteca. - Aqui? - E então uma pergunta mais pertinente lhe veio à cabeça: - Sozinhos?
Ele fez uma careta.
- Não vou violá-la, se é isso que a preocupa.
Ela sentiu que cerrou a mandíbula. Não tinha pensado que o Sr. Bridgerton seria capaz de
algo assim, mas ele não precisava fazer o comportamento honrado dela soar como um insulto.
- Bem, então do que se trata? - quis saber. - Se formos pegos aqui, terei sérios problemas.
Estou praticamente noiva, o senhor sabe.
- Eu sei - disse ele.
Naquele tom. Como se ela já tivesse falado sobre aquilo um milhão de vezes, quando sabia
que não tinha tocado no assunto mais de uma vez. Ou, talvez, mais de duas.
- Bem, estou mesmo - resmungou ela, ciente de que a resposta perfeita só lhe ocorreria
várias horas depois.
- O que está acontecendo? - perguntou Gregory.
- O que quer dizer? - devolveu Lucy, mesmo sabendo muito bem do que o Sr. Bridgerton
falava.
- A Srta. Watson - grunhiu ele.
- Hermione?
Como se houvesse outra Srta. Watson. Mas isso lhe garantiu um pouco mais de tempo.
- Seu conselho foi péssimo - acusou ele, com um olhar penetrante.
Estava certo, é claro, mas ela esperava que ele não tivesse notado.
- Certo - falou, observando, com cautela, Gregory cruzar os braços.
Não era o mais cordial dos gestos, mas teve de admitir que ele se saiu bem.
Ela ouvira falar que ele era famoso por seu jeito jovial e divertido, embora nenhuma dessas
qualidades estivesse em evidência naquele momento, mas, como dizem, ninguém é capaz de
controlar a fúria de uma mulher desprezada. Ela imaginava que não era preciso ser mulher para
se sentir um pouco desapontado com a perspectiva de um amor não correspondido.
E, ao olhar para o belo rosto do Sr. Bridgerton, ocorreu-lhe que era provável que ele nãosoubesse muito bem o que era um amor não correspondido. Porque quem teria coragem de dizer