Memórias de um Obreiro

O vigia da Igreja

Havia um senhor que tomava conta da igreja. Ele não era convertido, mas era o vigia. Nem me lembro mais o nome dele, mas batíamos papo durante horas. Eu todos os dias nos fins de culto, apagando todas as luzes, expulsando todos os jovens com aquele jeito marrento dele: VOMBORA, SAI SAI, VOMBORA.

Ele era importe pra mim, por que, como eu só queria ir pra casa pra comer e dormir, ele era o meu aviso de ir pra casa. Sem ele, eu perdia a hora de voltar pra casa e o meu atraso era sempre "culpa do Bispo Macedo".

Com o passar dos anos, ele foi dispensado e começou a era dos Obreiros e Pastores solteiros dormirem na igreja, pois, não era comum; Pelo menos na minha igreja não era comum o pastor ficar na igreja após o fim do culto, seja Regional ou Auxiliar.

Um dia o Pastor Regional, reclamou que um pastor auxiliar teve que ficar na igreja por que faltava obreiros pra tomar conta, então, pediu pra levantar os Obreiros solteiros... MEU DEUS, dos 200 Obreiros (sim Padre Miguel na verdade tinha mais de 200) só tinham 4 solteiros, sendo 2 próximos de casar e eu e Obreiro Edson (namorando). Então, fomos escalados pra tomar conta da igreja, se eu não me engano, duas vezes na semana.

Eu já dormia e passava as minhas madrugadas na igreja acordado com vários amigos, irmãos e olha, tenho muitas boas histórias sobre dormir (ou fazer bagunça) na igreja, desde imitar pastores (boa imitação e não escarnecendo), fazer cultos, tocar bateria ou teclado, testar os extintores, tomar banho no batistério (quando era dia de lavagem), corrida de bicicleta no salão (em dias de lixar bancos) ... olha, é melhor eu parar por aqui. J

Gente. Nem tudo era bagunça. Tínhamos nossas tarefas como colar envelopes, queimar propósitos, orar toda madrugada, (relógio de oração), lixar e envernizar os bancos de madeira maciça (fazia quando era mais novo no Grupo Jovem). Eu passava horas na madrugada tocando teclado enquanto e o Obreiro Edson meu companheiro de noite, dormindo no banco.