- ONLY CHILD -

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"Apenas um rosto que eles nunca conhecerão
Alguém sem importância
As pessoas vêm e vão
O mundo é tão grande e eu sou tão pequena
O oceano é profundo assim como o céu é alto"

Matter to You - Sasha Sloan



Capítulo 1

🖤

Ao sentir o gosto de sangue na boca Seokjin riu, mas não de alegria, tristeza ou qualquer outro sentimento. Ele já não sentia nada, e nem sabia se um dia iria querer sentir novamente. Porque quando alguém sente, ele está suscetível a sofrer, e isso ela já fazia de sobra e sinceramente ele só queria que tudo aquilo acabasse. Ele queria apenas o fim.

Ouvir aquela risada irônica que tomava todo seu ser, e que lembrava o seu corpo a dor que estava sentindo, mais que ainda sim, trazia paz a seu espírito tão perturbado. Claro que ser espancado não fazia parte de seus planos. Mas sempre acontecia. Ele sempre apanhava, seja por alguém ou pela vida.

Todas aquelas luzes tão brilhantes do lado de fora daquele beco, as luzes da rua, e todas as que iluminavam o mundo, será que elas nunca iriam olhar para ele? O iluminar.

Há milhões de pessoas na rua vivendo suas próprias vidas. E ele só conseguia imaginar, enquanto aquele punho levantava mais um vez para ir de encontro contra seu rosto, pensou em como devia ser bom poder viver.

Viver por você, e para você. Apenas poder viver.

Deitado no chão frio daquele quase inverno terrível, com os dentes sujos do vermelho que era a parte mais vívida de si. Sentindo gosto tão familiar da ferrugem que o sangue o trazia, quando passava por sua língua indo até a garganta entorpecendo seu paladar, sua boca. Aquele gosto que sempre o lembrava de seu erro, e que o fazia repugnar a si mesmo. A dor que sentia em sua barriga levava a revirar os olhos, mas ele não conseguia parar de sorrir, a cada novo soco, chute ou puxão de cabelo, seu sorriso aumentava. Às vezes tossia expulsando o sangue que se acumulava na boca, o lembrando que sim, ele ainda estava vivo e ali naquele chão frio.

Seria muito cômico se não fosse tão trágico. Mas ele nunca revidava. Era melhor ele apanhar sozinho, do que vê seu avô arrastado em toda aquela merda. Sempre iria ser assim? Ele leva a surra, paga o que era o combinado, depois se recuperava somente para recomeçar tudo de novo.

Não iria passar nunca?

Não teria paz um dia na sua vida?

- Nós vemos daqui duas semanas - a voz grossa e áspera falou observando o trabalho feito.

- Vai pro inferno - seu sorriso no rosto ao pronunciar a fala o faz receber mais um chute no estômago - Merda...

- Não deveria praguejar nesse estado querido - a figura se abaixa ajoelhando, até que seus rostos estejam perto - Pode te faltar ar, e se você morrer como fica a minha dívida?

- Ela pode ficar enfiada no seu cu - sua resposta é dita no mesmo tom debochado de sempre.

Ninguém que visse a cena de fora aconselharia Seokjin a provocar a pessoa que acabou de o espancar, mais a sua vida já era uma merda o suficiente para que ele nem ao menos respondesse uma pequena provocação, ainda mais da pessoa a sua frente.

- Você abusa da sorte Seokjin - ele fala com a voz baixa segurando o rosto agora coberto de sangue - Sua sorte, é que eu quero que você ainda viva por tempo.

- Que azar o meu - ele sorri.

- Quer morrer ? - a voz antes ameaçadora agora fala com um leve espanto.

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