Dylan
Uma careta de dor escapou de Dylan quando Maya segurou seu rosto com firmeza, mas não com tanta firmeza ao ponto de machucar ele, mas mesmo assim, aquele gesto fez seu machucado latejar. A mulher de cabelos ruivos estava sentada a sua frente, com um pano úmido nas mãos, que ela usava para limpar o sangue que escorreu por sua boca e a terra que estava em suas bochechas.
Os olhos de Dylan ficaram sobre ela durante todo aquele tempo, ele analisou a forma como ela era cuidadosa e tentava ao máximo não machucar ele ainda mais. Se Maya percebeu o olhar de Dylan sobre ela, a mulher não deixou transparecer.
— Por que você fez isso, Dylan? — ela perguntou, seus olhos encontrando os dele no mesmo instante. — Por que o enfrentou, mesmo sabendo que poderia se machucar feio?
— Porque ele é um idiota. — ele respondeu.
Maya soltou uma risada divertida, soltando o rosto de Dylan e se afastando um pouco. A mulher ergueu as sobrancelhas e o olhou, tentando não rir.
— estou falando sério. — ela o repreendeu.
Dylan respirou fundo, tentando criar coragem para falar o que estava em sua mente, para falar a verdade.
No começo, Dylan sentia medo de Maya, talvez fosse a forma como ela olhava para as pessoas, inclusive para seus amigos, talvez fosse a forma como ela tentava demonstrar não ligar para nada. Mas depois que eles vieram para o Acampamento, e passaram a interagir mais um com o outro, ele percebeu que Maya não era nada daquilo que tentava demonstrar. Mesmo que ela não deixasse aquela máscara cair, ele conseguia ver quem ela realmente era, ele conseguia ver através daquela máscara a verdadeira Maya.
— Porque ele falou coisas sobre a Madison e sobre... você.
Surpresa brilhou nos olhos de Maya, aquela palavra ecoando em sua mente repetidas vezes.
Ela o encarou, com surpresa.
— ele disse uma coisa que não me agradou, ele desmereceu você e a sua posição.
Maya balançou a cabeça, como se voltasse para a realidade naquele momento.
— Não preciso que você me defenda, Dylan. — ela disse, voltando a segurar o rosto dele e a limpar os seus machucados.
— Eu sei que não. — ele sorriu. — Mas eu não deveria apenas escutar ele falando todas aquelas coisas sobre você, não é?
Maya olhou no fundo dos olhos de Dylan novamente, antes de abrir um sorriso para ele.
Dylan ficou admirando o sorriso de Maya por longos segundos, um sorriso que ele não via com tanta frequência, mas que admirava sempre que ela o mostrava. Ela era bonita, confiante e destemida. Talvez Maya soubesse que era tudo isso, ela talvez só não soubesse que há alguém admirando isso tudo nela a muito tempo.
Quando a mulher terminou de limpar os machucados de Dylan e o ajudar a colocar o curativo, Maya se levantou para guardar todas as coisas que tinham usado. Lá fora, os sons dos bastões de madeira batendo um no outro soava, assim como as pessoas que continuaram a treinar. De vez em quando era possível escutar a voz de Liam gritando ordens, ou dizendo como encontrar o ponto fraco de alguém.
A luz do sol entrava pela entrada da tenda, iluminando boa parte do local.
Dylan ficou em silêncio por longos e longos segundos, esperando Maya guardar as coisas para que pudesse voltar. Ele torcia para que a conversa dos dois continuasse, mas ele achava que aquilo seria difícil de acontecer.
Por alguma razão, o silêncio que havia na tenda não era constrangedor, pelo contrario, o silêncio era bom.
— Pelos Sombrios. — Maya murmurrou, sua voz parecendo assustada com algo.
Dylan se virou para olhar a mulher, ela estava parada a poucos metros de distância dele. Maya o olhava com os olhos levemente arregalados, e a boca entre aberta, ela parecia assustada e surpresa...
— O que foi? — Dylan se levantou rapidamente, caminhando em direção de Maya. — Você está bem?
Maya engoliu em seco, permanecendo a olhar Dylan completamente assustada. A mulher se aproximou de Dylan, segurando seu braço para que ele ficasse parado. Dylan sentiu quando a mão de Maya tocou sua nuca, fazendo ele abaixar a cabeça, então ela analisou a marca na nuca dele.
— Ele arranhou você. — ela disse. — As marcas das unhas dele estão na sua nuca, o arranhão foi profundo. — Maya não tocou no local, por medo de machucar ainda mais.
— Sim, mas está tudo bem. Não é nada demais. — Dylan falou, levando a mão até o local.
Dylan não fazia ideia de quanto aquele arranhão poderia mudar sua vida em poucos dias, tinha sido um arranhão profundo... Mas Maya torcia para que nada acontecesse com Dylan, se por uma acaso aquele arranhão tivesse sido profundo o suficiente, Dylan poderia morrer ou...
Balançando a cabeça negativamente, Maya espantou todos aqueles pensamentos que estavam em sua mente. Ela se forçou a sorrir para ele, o puxando novamente para onde ele estava sentado.
— fique sentado, vou fazer um curativo. — ela disse.
Durante todo aquele tempo em que ela ficou fazendo o curativo, limpando o sangue que tinha escorrido pela sua nuca e passando um remédio de cicatrização. Maya tentou ao máximo não tremer as mãos, pois ela sabia que Dylan iria perceber.
Mas ela quase não conseguia evitar que suas mãos tremessem, durante aqueles minutos fazendo o curativo em Dylan, ela torcia para que tudo desse certo. Torcia para que nada lhe acontecesse. Ela sabia que Dylan talvez não fosse gostar das consequências que esse arranhão poderia lhe trazer.
Vai ficar tudo bem...
Ela dizia a si mesma mentalmente, tentando convencer a si mesma daquilo. Maya não falou para Dylan sobre o que se passava em sua cabeça, assim que terminou o curativo, ela disse para ele ir para casa. E então Maya voltou ao treinamento.
Dylan ficou sentado olhando a fenda da tenda, por onde Maya havia saido. Ele ficou pensando em por que ela tinha saído assim tão rápido? Ou por que ela parecia tão nervosa?
Sem entender absolutamente nada, Dylan se levantou e saiu da tenda. Antes de começar a andar para longe dali, ele olhou em direção de onde o treinamento acontecia. Encontrando então Ryle lhe encarando com um sorriso debochado e vingativo. Dylan não devolveu aquele sorriso, a única coisa que fez foi desviar o olhar e respirar fundo, sentindo o ódio aquecendo o seu sangue. E assim ele saiu andando, seu corpo estava dolorido, ir para casa com certeza era o melhor a se fazer.
Ainda conseguindo sentir as garras de Ryle em sua nuca, Dylan andou silenciosamente e sentindo dor no corpo até em casa.
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A Princesa Perdida
FantasyO que você faria se descobrisse que é uma Princesa Perdida? Princesa de um reino completamente diferente dos contos de fadas, onde vampiros e outros seres são obrigados a viverem juntos lado a lado em uma constante rivalidade. Olivia Reyes se mudou...