CAPÍTULO 15

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WANESSA SMITH

Minha cabeça está um turbilhão, não consigo organizar meus pensamentos e isso está me matando.

Deitada com o Carlos ao meu lado, fico olhando ele dormir, seu cabelo bagunçado, seu peito nu, coberto apenas por tatuagens, ele parece tão sereno, diferente do Carlos explosivo de ontem, confesso que me assustei com tudo que ele falou, porém, a ideia de ficar sem ele me assusta ainda mais.

Passo a mão por seus fios castanhos, aproveitando cada segundo do sono.

- Bom dia princesa! - Fala com sua voz sonolenta.

- Bom dia príncipe! Está melhor? - Pergunto curiosa.

- Melhor? Como assim? - Parece surpreso com a minha pergunta.

- Você não estava bem ontem Carlos, estava furioso e não sei bem, tinha algo sombrio nos seus olhos - Falo preocupada.

- Eu estar furioso é sua culpa princesa, mas isso já passou. Quanto ao lado sombrio, esse é meu lado que achei que estava indo bem em controlar, mas foi rever ela que tudo desandou novamente.

- Sabe que não pode colocar a culpa só nela né? - Encaro sua cara sem expressão.

- Como assim? - Pergunta curioso.

- Pode até ser que você se descontrole quando ela está por perto, mas você devia fazer terapia, pode te ajudar - Falo olhando-o.

- Eu já tinha pensado na ideia, mas eu fico com medo - Confessa.

- Medo? Medo de quê exatamente? - Falo beijando sua barriga.

- Medo de não conseguir expor meus pensamentos e ficar ainda mais confuso - Diz passando a mão nos meus cabelos.

- E se eu for com você? - Pergunto deitada em cima dele - Posso te esperar do lado de fora, assim você pode se sentir mais tranquilo, eu acho...

- Ótima ideia, com você ao meu lado, posso enfrentar o mundo, quem dirá um psicólogo - Brinca me beijando.

Beijo seus lábios macios, e decido fazer uma pergunta que já passou pela minha cabeça muitas vezes, mas acabei deixando de lado.

- Por que caveiras e cobras? - Pergunto me referindo a suas tatuagens.

- Achei que nunca fosse perguntar - Rir de mim.

Nos sentamos na cama e ele começa a me explicar o significado de cada uma.

- Quando comecei a me relacionar com a Donatella, eu me considerava um adolescente bêbado e fodido, mas pelo menos eu tinha saúde mental. Eu costumava ficar muito furioso em determinados encontros nossos e eu não conseguia botar essa raiva minha pra fora, foi então que eu comecei com o box e logo depois as tatuagens, eu achava que infligir dor a mim mesmo era melhor do quê causar dor as pessoas. Essa caveira com uma faca no cérebro é porque eu me considerava morto mentalmente, essa aqui mastigando um coração, era o meu, eu achava que não tinha um, as cobras com várias cabeças era as pessoas ao meu redor, eu comecei a desconfiar de tudo e todos, só considero meu amigos, William e Matteo, fora eles, não tenho ninguém. A cobra que está segurando uma sereia, é uma história longa e eu não quero falar sobre isso - Fala levantando da cama.

- Devia ser importante para você! - Falo levantando atrás dele.

- O quê? - Se vira para me olhar.

- A sereia, ela devia ser importante - Falo assuntando.

- Ela era... - Vai até o banheiro e eu escuto o chuveiro ligando.

Então é mesmo uma mulher, eu não devia, mas sinto um ciúmes terrível, ciúmes de como ele ficou ao falar da tatuagem, ciúmes por não saber quem é, a única certeza que tenho é que não é a Donatella.

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