8.

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𝚂/𝚗 𝙿𝚊𝚛𝚔𝚎𝚛

No dia seguinte, cedo eu fui a primeira a acordar e me troquei, deixando a roupa que usei limpa e dobrada encima da cama, fui até a garagem e olhei as chaves penduradas ao lado da porta que era conectada com a cozinha, peguei a que eu reconheci ser da O'Connell, e corri até o carro da mesma.

Destravei a porta a procura das minhas coisas, e ao abrir o porta luvas suspirei aliviada pegando meu celular, chaves de casa e carteira. Decidi ir embora logo, sem muitos rodeios, chamei um uber e voltei direto para meu apartamento.

Ao chegar, senti uma paz interior, tantas coisas aconteceram em poucas horas que eu precisava raciocinar um pouco. E claro que a Sulewski não iria ficar de boa ao descobrir que sai sem nem avisar, e como eu presumi, ela me ligou irritada me dando uma longa bronca sobre como esta preocupada comigo e que vai ficar me supervisionando.

Mas logo após, encerrei a ligação e fui me arrumar para trabalhar, mal aproveitei o fim de semana com todas as merdas da O'Connell. Sei que ontem a noite me deixei levar pelo momento, mas ainda estava irritada com a mulher, por suas ideias insensíveis.

Pela primeira vez, preferi usar uma roupa mais simples e desleixada, afinal todo minha personalidade exibicionista estava encoberta pela vergonha e angústia de ontem. Vesti uma calça jeans e moletom, deixando o cabelo solto e pondo botas como meu habitual.

🌞

Ao chegar no escritório, eu entrei batendo o ponto da hora que eu cheguei e fui correndo para o elevador, assim que entrei respirei fundo me olhando no espelho da estrutura de aço. Ao tentar sorrir, quase me assustei com a falta de carisma que me habitava no momento.

— Se anime S/n! — Quando a porta se abriu fui até minha mesa sendo recebida pelo olhar da Sulewski irritado.

— Por que saiu sem avisar?! — E lá vamos nos...

— Eu sei que você odeia acordar cedo, não vi necessidade de te fazer levantar naquele horário apenas para avisar, e aliás você não é minha mãe.

— Ai! Essa doeu, que bicho te mordeu em? — Ela pôs a mão no peito com uma expressão ofendida.

— Desculpa eu só to um pouco estressada, não quero descontar em você — Suspirei abrindo o notebook indo para os recentes projetinhos que andava trabalhando, um livro que foi recusado por várias editoras, pelo fato de ter um tema muito incomum.

— Relacionamento de duas mulheres, até quando vamos alimentar o público heterossexual e não expandir? — Cláudia comentou sem tirar os olhos da minha tela.

— Tenho certeza que a O'Connell vai rejeitar também, ela não deve querer ter uma baixa nas ações recentes — Levei a seta para o botão da lixeira porém repensei logo em seguida, e apenas coloquei nos rascunhos indo para outro projeto.

O dia foi passando bem devagar, parecia que meu cerebro estava torrando com tantas palavras e historias diferentes, quando percebi era a ultima no meu setor, o pequeno abajur com luz de leitura estava aceso, enquanto eu terminava alguns trabalhos atrasados.

E quando estava quase terminando tudo ficou escuro e suspirei estressada, me levantei pensando que a luz do prédio tinha acabado e quando olhei para a sala da O'Connell consegui enxergar uma luz. Sem muita escolha fui até a porta, dando algumas batidas recebendo uma resposta rapida 'Entre' e obedeci a olhando concentrada.

— Pensei que já tivesse ido embora — Falou girando em sua cadeira teclando o notebook.

— Estava terminando alguns trabalhos atrasados, e pelo oque parece a luz acabou — Falei sem olhar muito para ela, tentando manter meus olhos vidrados no teto ou nos meus pés.

— Eu acho que já trabalhou muito hoje, deve ir — Disse se virando para a sua janela observando a cidade.

— Não estou cansada — Falei firme prontamente para algum comentário sarcástico da outra.

— E quer que eu te deixe cansada senhorita Parker? — Ouvi seus dedos batucando a cadeira giratória.

— Acho que seria o contrário O'Connell — Ri de canto e ela se levantou se aproximando de mim.

— Senhorita Parker anda muito atrevida sabia? — Ela levou a mão a minha nuca e cintura me puxando para mais perto.

— Acha que vou me derreter em suas mãos com um simples toque, você já foi melhor — Sorri a encarando e senti meu rosto arder e ouvi um estalar, mordisquei meu labio e ela segurou em meu pescoço puxando, nos deixando a poucos centímetros de distância.

— Eu sei que você esta com raiva ainda, eu te conheço mais do que você imagina — Comentou baixo e eu mantia contato visual com aqueles globos azuis hipnotizantes.

— Vai se foder... — A xinguei e ela tombou levemente a cabeça pro lado rindo e juntou nossos lábios em um ósculo lento e molhado, suas mãos ajeitava meu cabelo para que não atrapalhasse nosso beijo, e ao mesmo tempo me dava arrepios sentindo seus dedos invadirem os fios puxando levemente.

— Eu quero te foder... — Disse ao separar levemente nossos lábios ofegante, segurei o rosto dela e sorri levemente.

— Ah O'Connell, eu não sou seu brinquedo sexual — Suspirei me afastando e pude ouvir sua indignação silenciosa e apenas sai. Eu sabia oque ela queria, e não a entregaria de bandeja depois da merda que ela fez, eu queria ver até onde ela iria com essa sua chama.

Ao sair da empresa vi ainda a luz de sua sala ligada do térreo, era incrível sua dedicação ao trabalho, entendia bem os comentários sobre seu vício em ser exemplar, e fazia sentido ela estar se esforçando tanto já que logo seus pais voltariam de viagem e eles sempre fazem um evento enorme comemorando o sucesso da O'Connell.

Talvez Camila realmente tenha razão, Billie é uma filhinha de papai mimada, que fica chocada quando não fazem oque ela querem, e eu já estava me preparando pelo oque viria a frente após esse momento intimo recusado por mim. Eu precisava fazer algo, mostrar que nem tudo pode ser do jeito dela, e que ela precisa crescer imediatamente, ou vou continuar enlouquecendo com as mudanças de humor dela.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐅𝐄𝐓𝐈𝐒𝐇 - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora