15.

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𝚂/𝚗 𝙿𝚊𝚛𝚔𝚎𝚛

Enquanto eu apertava os botões do controle trocando o canal da televisão, Cláudia descascava uma laranja para mim. Ok, eu odiava ficar doente, mas era até bom já que as pessoas que eu me importo ficam mais perto de mim ainda. Fazia tempo que a morena e eu não passavamos um momento juntas apenas apreciando a presença uma da outra.

Entretanto nossa paz terminou quando a porta foi aberta sem nenhuma gentileza e logo reconheci Camilla, ela se aproximou rapidamente me abraçando forte como se fossemos íntimas, olhei Cláudia que encarava a mulher com sua típica pose de que iria dar na cara de alguem.

— Me desculpe eu sou um pouco emotiva demais — Ela se afastou sorrindo com doçura em sua voz.

— Não precisa ficar emotiva, eu to bem apenas um pouco dodói — Ri tentando amenizar o clima pesado entre as mulheres presentes na sala.

— Você e uma vizinha querida para mim, e eu reparei que você sumiu já que ta cheio de cartas na sua correspondência, e fiquei mais chocada ainda quando descobri que as notícias recentes é sobre você — Ela apertou minha mão parecendo tentar me confortar.

— Vou dar uma volta, talvez vocês queiram privacidade — Sulewski ignorou totalmente minha expressão de desespero por sua ida, mas quando voltei a olhar a Estrabao, tentei manter a expressão mais confortável possivel.

— Eu também fiquei sabendo da Bill, ela é tão irresponsável, e agora esta arrumando problemas no hospital também argh — A mulher massageou as têmporas.

— Deve ser ruim toda essa situação, deve estar atrasando o noivado de vocês — Aquilo me incomodava tanto, e a garota parecia nem notar.

— Na verdade estamos mais proximas agora que ela ta "dodói" afinal, Bill sempre trabalhou tanto que raramente tinha tempo, mas agora ela já esta escolhendo até mesmo as alianças de casado para nos. Estou tão ansiosa, mesmo que a aliança de noivado seja linda, a de casado nem se compara — Ela falava tão animada, mas minha atenção foi chamada para um machucado em sua testa coberto por sua franja.

— Entendo sua animação, eu também estaria feliz por estar prestes a me casar com... digo me casar ja seria o suficiente entende? — Tentei contornar minhas palavras rindo sem graça, ela notou meu olhar em sua testa e cobriu com a mão.

— Eu cai, sou bem desastrada as vezes — Riu sem graça e olhou em volta — Enfim, eu já vou, tenho que cuidar da minha futura esposa.

— Oh claro, sem problemas.

— Até mais Parker — Saiu pegando o celular e discando para alguem, seus belos saltos escarpin batiam no mármore se afastando aos poucos o som.

Eu podia ser bem burra as vezes, mas sei diferenciar uma simples queda para um corte. Isso me preocupou bastante, eu precisava verificar se aquilo foi Bill que fez, e se ela também se machucou ou se agora a O'Connell se tornou oque eu mais abomino.

02:19am, full moon

Eu esperei que a movimentação diminuisse no hospital, já que de madrugada oque mais tem é médicos em cirurgias e menos movimentação em corredores. Fui escondida até o quarto onde Billie estava internada, e assim que entrei alguem tapou minha boca e mordi em desespero e quando me virei vi a O'Connell com uma expressão de dor.

— Por- — Fui interrompida novamente por sua mão e um sinal de silêncio, meu olhar acompanhou o dela e vi um polícial dormindo segurando um copo de café.

Billie segurou minha mão com cuidado me levando até a sacada, ela fechou devagar a porta de arrastar e suspirou parecendo aliviada.

— Oque ta acontecendo? — A questionei preocupada e quando vi que seu pulso tinha uma algema presa e outra solta mil coisas se passaram pela minha cabeça.

— Fiz merda de novo — Ela parecia angustiada, e acendeu um cigarro se encostando na grade.

— Aquele policial... é para te proteger não é? — A platinada me encarou notando a distancia que eu estava.

— Não esta com medo de mim não é? — Quando a maior tentou se aproximar minha mão encostou na porta, ela parecia indignada com minha atitude, tanto que jogou o cigarro fora e começou a dar passos em minha direção, eu dava passos para trás soltando a porta e em poucos movimentos minhas costas encostou na grade.

— O-Oque v-você — Minha mão tremia, nunca havia notado o quanto o olhar irritado de Billie me lembrava meu tio.

— Ta achando que eu vou fazer oque? Te matar? — Ela estava a poucos metros de mim, minha respiração estava desregulada e meus batimentos acelerados, engoli seco e uma lagrima desceu pela minha bochecha.

— E-Eu to com medo — Eu falei em um fio de voz e foi o suficiente para que a pequena lagrima se transformasse em varias, a expressão da outra mudou completamente para preocupação.

— Ei ei ei, não precisa ficar com medo de mim eu não fiz nada eu te juro, Meu bem, pode confiar, eu sou a vítima nessa situação...

— P-Por que estão te prendendo então, como posso confiar em alguem algemada — Minha respiração piorava cada vez mais, eu estava me sentindo zonza com aquilo, Billie se aproximou segurando minha mão e pondo outra mão em meu peito tentando me acalmar.

Ela respirava fundo pedindo para que eu acompanhasse a mesma, aos poucos fui me tranquilizando e ela me envolveu em seus braços, eram tão quentes e acolhedores, eu deveria me sentir segura com uma agressora?

— Camilla me incriminou, bateu em si mesma e gritou histérica por ajuda, eu não tinha um arranhão sequer, e como não tenho um bom histórico na minha reputação, até meus pais concordaram com isso — Eu sentia sinceridade nela, mas me sentia culpada por meus sentimentos estarem influenciando um pouco em meu julgamento.

— Sua mãe sabe?

— Sequer deixam eu falar com ela, finneas esta tentando provar que eu sou inocente na encolha, mas as filmagens do quarto sumiram, então estão indo pelas evidências que eles tem, mesmo que sejam feitas de forma porca por aquela maluca.

— Eu posso ajudar em algo?

— Ta tudo bem meu bem, só cuida da sua saúde e isso ja vai me bastar — Ela me apertou mais beijando minha testa — Sei que deve ser dificil de acreditar em mim, não te culpo se ainda achar que eu sou uma filha da puta, mas mesmo assim agradeço por vir me ver, eu me sinto sozinha nesse quarto.

— Tudo bem, você fez o mesmo por mim — Solidão, com certeza é um dos maiores medos dela, e se Camilla esta tramando algo, esta atingindo nos pontos fracos facilmente.

Olhei para a lua que iluminava nos duas e logo uma ideia veio a minha cabeça, me afastei olhando para Billie.

— Sei como vou achar as provas, apenas confie em mim, que vamos sair dessa — Sorri e a O'Connell selou meus lábios rapidamente acariciando meu rosto.

— Obrigada por estar tentando acreditar em mim, isso significa muito..

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐅𝐄𝐓𝐈𝐒𝐇 - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora