Capítulo 2 - Perigo Mortal

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20 de Agosto de 1992

"Perigo Mortal"


Harry recuou.

A pequena criatura em sua cama tinha grandes e esbugalhados olhos verdes brilhantes e enormes orelhas pontudas, sua pele era meio pálida e parecia descuidada, um pouco machucada e frágil demais. Tinha uma vaga lembrança de ver algo parecido carregando magicamente as malas de Draco no dia que eles se "despediram".

Não demorou muito para perceber que era aquela criaturinha que estava o observando entre os arbustos da cerca.

Estavam em um silêncio estranho e agoniante, já que o serzinho não fazia nada além de olhar para Harry com uma tremenda admiração. Harry conseguiu ouvir claramente quando Duda disse do andar debaixo: "Posso guardar seus casacos, senhor e senhora Mason?"

A criaturinha de orelhas pontudas escorregou desajeitadamente da cama e fez uma reverência exagerada, como se Harry fosse um rei ou um Deus. Ela vestia uma fronha encardida e surrada que tinha buracos malfeitos para poder passar os braços e as pernas.

— Quem é você? – Harry perguntou, chegando mais perto da porta — Como entrou aqui?

— Harry Potter! – A criaturinha exclamou animadamente. Tinha uma voz muito fininha que fazia os ouvidos sensíveis de Harry doerem — Há tanto tempo que Dobby queria conhecê-lo, meu senhor! É uma grande honra

— Hm... – Murmurou, olhando para trás para ter certeza se tinha fechado a porta — Sei... Obrigado?

Não tinham saídas possíveis. Todas as suas rotas de fugas estavam fechadas. Grades na janela e a porta atrás dele dava acesso ao andar de baixo e aos Dursley. Não sairia inteiro em nenhuma das suas tentativas de fugir da criaturinha peculiar que entrou magicamente em seu quarto.

Darius, que dormia debaixo de sua cama, acordou com o barulho da voz que ele não conhecia e rastejou protetoramente até Harry. Leonis dormia tranquilamente em sua espaçosa gaiola.

— Quem é você? – Harry repetiu a pergunta. Darius se enrolou em seu tornozelo.

— Dobby, meu senhor – Respondeu rapidamente — Apenas Dobby. Dobby, o elfo doméstico.

— Sei – Harry respondeu, ainda se mantendo afastado — Bom te conhecer, mas é uma péssima hora para você estar aqui.

O elfo abaixou a cabeça, deprimido. Harry quase choramingou de impaciência. Conseguia ouvir toda a baboseira que seus tios estavam conversando no andar debaixo e sua paciência não estava – e nunca foi – uma das melhores coisas nele.

— Você é do mundo bruxo – Harry observou, sendo muito óbvio — O que está fazendo no meu quarto?

Dobby levantou a cabeça, o olhando esperançoso. Seus olhos grandes brilharam.

— Dobby veio dizer ao senhor... é muito difícil – Ele disse, remexendo as mãos — Dobby não sabe nem por onde começar!

— Pelo começo – Foi sarcástico, mas a criaturinha não pareceu entender o seu tom. Ele suspirou, passando a mão no cabelo — Por que não se senta?

Para seu desespero pessoal, o elfo começou a chorar muito alto.

Harry achava fielmente que há tinha tido o desprazer de ouvir os sons mais agonizantes do mundo – de unhas riscando um quadro negro até o apito estrondoso do trem – mas nada se comparava ao choro de Dobby. Era estridente e alto.

Sentar! – O elfo disse com dificuldade no meio do choro. Harry ouviu quando as vozes do andar de baixo ficaram mais baixas e tio Walter disse algo sobre a televisão de Duda ter ficado ligada — Nunca... na minha vida inteira! – ele gaguejou e voltou a soluçar.

Blood Moons - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora