Capítulo 3 - A Toca

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24 de Agosto de 1992

"A Toca"


Parecia que várias casinhas tinham sido empilhadas uma sobre as outras. Era tudo muito torto e sem seguir muita lógica, tanto que Harry tinha certeza que a casa estava sendo sustentada por magia.

Na porta de entrada, diversas botas de borracha de cores diferentes se amontoavam, um caldeirão enferrujado estava jogado de cabeça para baixo em um canto e servia como caminha para alguns pintinhos, galinhas ciscavam pelo terreno molhado pela chuva que caiu durante a noite em Ottery St. Catchpole. Numa placa torta e enfiada no chão de terra dava para se ler "A toca!" em grandes letras vermelhas.

— Não é muita coisa... – Ron murmurou, parecendo muito envergonhado com as bochechas vermelhas. Faw e George tiravam a mala de Harry de dentro do carro e Fred tirou a gaiola de Leonis e carregava a trouxinha de lençol.

Leonis tinha pousado em cima do carro, parecendo mais animada depois de voar por um tempo. Darius sibilou algo sobre querer comer os pintinhos que estavam dormindo tranquilos em cima do caldeirão.

— Não sabia que tinha uma cobra – Fred comentou quando chegou mais parto dele, vendo Darius se movimentando no pescoço de Harry — Não tinha reparado antes. Ela sempre esteve aí?

Ele ergueu a mão para fazer um carinho em Darius. Harry o olhou ameaçador de canto de olho.

— É melhor não tocar nele – Ameaçou — Ele não se dá bem com gente que não conhece.

Fred deu de ombros, mas ainda falou com Darius como se fosse um cachorrinho fofinho e inofensivo.

— Por que esse humano está fazendo essa cara esquisita?

Harry soltou um risinho.

— Agora vamos bem quietinhos, sem chamar atenção – Fred recomendou depois de passar pela fase de falar fininho com uma cobra enorme de presas afiadas. Harry pegou sua trouxinha e Rony se encarregou de levar a gaiola — Vou na frente fingindo que nada aconteceu.

Ele foi e quase caiu quando tropeçou em uma pedra. Demorou alguns segundos para voltar.

— Tudo quieto lá dentro – Ele disse quando voltou — Acho que todos estão dormindo.

Harry sabia que tinha alguém acordado. Mas obviamente ele não iria falar nada.

— Vamos subir e esperar a mamãe chamar para tomarmos café. Então Rony desce correndo e faz um teatrinho sobre Harry ter aparecido magicamente na sala de jantar – George disse

— Aí ela fica distraída com o Harry e a gente nunca fica de castigo – Rony continuou.

Claro que Harry ouviu os passos arrastados vindo na direção deles e obvio que ele sentiu o cheiro de perfume de lavanda impregnando seu nariz, então não ficou nada surpreso quando ouviu:

— Ah... muito bonito em, meninos. Muito bonito!

De repente, os quarto arrumaram a postura e fizeram as mais obvias expressões inocentes que conseguiram. A senhora Weasley caminhou decidida até ficar na frente dos cinco e, para uma senhora baixinha de rosto bondoso, ela parecia uma predadora prestes a atacar.

— Merda – Fred reclamou baixinho e entredentes. Harry nunca tinha passado por uma situação parecida (normalmente os Dursley só o batiam, xingavam e o deixava sem comer) então endireitou a postura também.

Senhora Weasley colou as mãos nos quadris, fuzilando os meninos com um olhar afiado. Ela estava usando um avental azul florido e a varinha estava quase saindo do bolso central do avental.

Blood Moons - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora