Capítulo 8 - Ford Voador

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31 de Agosto de 1992

"Ford Voador"


Londres trouxa era extremamente apaixonante. Cada rua, viela e pessoa tinha uma história muito interessante e mesmo que estivessem extremamente distantes do mundo mágico, a cidade inteira parecia trazer alguma coisa especial no ar.

Faw adorava Londres. E adorava estar em Londres com George, mesmo que as circunstâncias não fossem as melhores.

— Sabe que não precisa vir me buscar – Disse tentando parecer relaxado, remexendo ansiosamente na alça da mochila que usava. George o olhou de canto, parecendo igualmente ansioso.

— Não precisa, mas eu quero – Respondeu como em todas as outras noites anteriores a aquela. Assim como tinha dito desde a primeira vez que Faw começou a trabalhar — Como poderia te deixar sozinho por aqui?

Faw sorriu, olhando para os dois lados (repetidas vezes) da rua antes de atravessar para o outro lado. George nem sequer moveu os olhos para checar se vinha algum carro.

— Me sinto mal em deixar você esperando esse tempo todo – confessou — Você poderia estar aproveitando o tempo para ficar com seus irmãos.

— Eu convivi com eles a minha vida inteira – Respondeu, rindo fraco e o olhando de canto — Eles não vão morrer.

— Com o Harry lá? Com certeza vão – brincou, olhando as lojas da rua em que passavam desligando as luzes pouco a pouco — Admiro o controle do Harry. Sei que se vocês não estivessem o acolhendo, ele já teria xingado todo mundo.

George lhe deu um empurrãozinho carinhoso no ombro e Call o olhou confuso.

— O que?

— Pare de falar dos "seus garotos" – fez aspas, sorrindo amigável — O foco da conversa sempre vai para Harry e Draco. Às vezes até para Rony e Hermione.

Faw sorriu, meio sem jeito.

— Gosto dos meus meninos. São meus irmãozinhos – murmurou, olhando para o chão enquanto andava. George enlaçou seus braços para andarem juntos — Desculpa. Não percebi que falava tanto deles.

— Você fala. Mas é fofo – deu de ombros — É só que... você deveria focar em você também – murmurou — e em mim.

Callum tropeçou na calçada, se segurando firme em George para não cair.

— Desculpa – gaguejou, rindo nervoso — Não estava preparado.

As bochechas de George estavam tão vermelhas quanto seus cabelos ruivos e suas sardas no rosto estavam ficando cada vez mais destacadas.

— E então? Como foi seu dia? – Faw perguntou, chegando um pouquinho mais perto do amigo. George forçou uma tosse, desviando o olhar de Call.

— Foi... normal. Sabe como é, ir para o beco diagonal é sempre uma bagunça – respondeu — E o seu?

— Acha que a desculpa de "Faw foi falar com o irmão" foi boa para explicar meu sumiço? – Call perguntou, não respondendo à pergunta.

George não podia dizer que não tinha ficado no beco diagonal por tempo o suficiente para saber se todos tinham acreditado ou não. Desde que Faw confessou que tinha começado a trabalhar em Londres trouxa, ele o levava toda tarde e o buscava toda noite, mas George nunca ia realmente embora. Ficava vagando entre as ruas, ia e vinha dos trabalhos de Callum apenas para checar se ele estava bem.

Faw nem sequer desconfiava.

— Acho que sim – respondeu vagamente. Faw o olhou desconfiado — Call, como foi seu dia? – insistiu.

Blood Moons - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora