Capítulo 28 - Harry Potter, com sentimentos?

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08 de Janeiro de 1992

"Harry Potter, com sentimentos?"


Remus Lupin atravessava os grandes terrenos de Hogwarts enquanto se fechava mais em seu sobretudo escuro. A carruagem guiada por cavalos estava seguindo em frente, mesmo depois de ter sido paga, e ia na direção da cabana de Hagrid que, estranhamente, estava com as luzes apagadas e a chaminé não estava acesa. Hagrid nunca deixava a chaminé apagada.

Remus seguiu em frente. Antes, estava obstinado e preocupado, mas aqueles sentimentos foram rapidamente substituídos por uma hesitação latente.

Ele parou pouco antes das grandes portas principais. Já era bem tarde da noite, mas as luzes do castelo estavam todas acesas e risos e vozes altas preenchiam a grande escola, como um convite assustador para que ele entrasse.

Em meio a um suspiro, seu estômago embrulhou em uma clara demonstração física do seu medo de entrar. Voltar a passear pelos corredores de Hogwarts estando sozinho e sabendo que ninguém do seu grupo estava lhe esperando do lado de dentro era doloroso e assustador.

Ele teria dado meia volta se não soubesse que o motivo de estar ali era mais importante do que suas dores do passado. Ele e Harry mantinham conversas e atualizações quase diárias, mas, de repente, Harry parou de responder e Leonis não passeava mais pelo quarto de Remus. Mais de uma semana de silêncio foi o suficiente para assustar Remus e fazê-lo enfrentar seus demônios pessoais e encarar a escola mais uma vez.

Ele abriu a porta e entrou. Seus passos não ecoavam pelos corredores porque cochichos curiosos invadiram o castelo, alunos que estavam indo jantar ou saindo do grande salão passaram por Remus, alguns o acompanhavam com o olhar, outros simplesmente apontavam ou perguntavam se era um professor novo.

Remus apenas meneava a cabeça, os cumprimentando, e seguia em frente. Os quadros nas paredes chamavam seu nome, sorrindo largo e dizendo que sentiam saudades. Remus explicou que não tinha tempo de conversar no momento, mas que voltaria logo.

Ele andava olhando para baixo quase que o tempo inteiro. Olhar para frente e encarar os corredores seria remexer em feridas muito dolorosas.

Seu destino era a enfermaria. Pompy era sua maior confidente e cuidava de Harry na escola, então com certeza saberia onde ele estaria ou se algo tinha acontecido.

O caminho estava decorado na parte inconsciente de sua mente, ele nem controlava seus pés ou temia se perder. Mesmo depois de anos, Hogwarts ainda era um mapa dentro de sua cabeça e a enfermaria sempre estaria bem marcada em suas memórias.

Havia um tumulto vindo de dentro, Remus constatou depois de ouvir o barulho incômodo de muitos passos do outro lado da porta. A voz de Madame Pomfrey se sobressaia, dando ordens para onde ir ou o que pegar.

Remus soltou uma risadinha baixa. A sensação de que algumas coisas nunca mudariam o deixava tranquilo.

Deu duas batidinhas na porta e esperou.

— Merlim, se for mais um, eu vou precisar de reforços! – Pomfrey reclamou, abrindo a porta. Seu cenho franzido se transformou em um sorriso aliviado quando seu olhar varreu Remus de cima a baixo — Remus! – Ela chamou, feliz. Seus braços rodearam a sua cintura em um abraço forte e ele a abraçou de volta, apoiando a cabeça no topo da cabeça dela. Pensar que, antes, ela poderia o carregar no colo facilmente era quase icônico — Santo Merlim! O que faz aqui?

— Espero não estar atrapalhando – Ele disse, lhe dando um beijo na cabeça.

— Atrapalhar? Você? – Ela disse, rindo, e se soltando dele — Nunca! Venha e me ajude, esses meninos vão me matar de trabalhar.

Blood Moons - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora