Capítulo 5 - Guerra Declarada

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Capítulo 5 - Guerra Declarada


Sicília


LAURA


A dor na tempora era presente. Latejava a medida que eu abrir os olhos e o meu corpo estava pesado. A primeira coisa que vejo é o teto com espelho e constato que estou numa cama enorme anteriormente conhecida. Eu estava na casa de Massimo.

Sinto cheiro de charuto aceso e sento na cama rapidamente. Logo, me arrependo pois uma nova vertigem me acerta em cheio.

Massimo esta sentado numa poltrona me observando de um canto escuro e fumando seu charuto. Seus cabelos negros molhados penteados para trás, a blusa social branca e a calça social preta. As pernas estão levemente abertas, despretenciosas, e ele mantinha-se em silêncio.

Apenas vislumbres da manhã vinham a minha mente, mas ainda era tudo muito confuso.

- Porque estou aqui? - pergunto.

- O que fazia em Sicily? - pergunta.

Ergo uma sobrancelha.

- Fiz uma pergunta. - respondo.

- O que fazia em Sicily? - pergunta novamente.

Suspiro afastando meu cabelo do rosto.

- Você me drogou? - pergunto.

Ele solta a fumaça da boca.

- Você estava em meu beach club e perguntei o motivo de estar lá. Eu não preciso drogar ninguém para fazer o que quero, mas você não deveria aceitar bebidas de estranhos. A sua amiga, Olga, aceitou a bebida de um traficante de merda.

- Então, a sua boate não é bem frequentada. - respondo. - Não vale meu cortejo.

- Então, é isso? Foi apenas conhecer? - questiona.

- Teria outro motivo? - questiono desconfiada.

Ele fica em silêncio talvez ponderando a minha resposta.

É evidente que ele é, sim, alguém envolvido com a máfia.

- Porque me trouxe para a sua casa sem o meu consentimento? - pergunto.

- Deveria leva-la para onde? - questiona. - Você foi dopada, provavelmente iriam leva-la ao motel mais próximo. Aqui é o lugar mais seguro que você pode estar.

Sinto minha boca seca e ele parece adivinhar. Levanta da poltrona e me da um copo de água que estava na mesa ao lado da cama. Em seguida, coloca as mãos nos bolsos de sua calça e continua me observando.

- Já é noite. - diz. - A banheira esta pronta para que você vá se banhar. Estarei esperando-a para o jantar.

E simplesmente me deixa só no quarto.

Mesmo contrariada, concordo em tomar um banho até para que passasse aquele mal-estar. E a água estava perfeita, quente e relaxante o que acabou me dando mais sono. Talvez ainda estivesse sob efeito da droga. Prendi o cabelo num coque frouxo e encostei a nuca na borda da banheira. Ele tinha colocado essência de lavanda na água e com as bolhas surgindo, relaxei o bastante para um breve cochilo.

Talvez meu cochilo tenha levado mais tempo do que pensei ter tido, tendo em vista que despertei com massagem nos pés. Chego a morder os lábios sem abrir os olhos.

Pelos dedos firmes, era Massimo.

Ficamos em silêncio todo o tempo que estivemos na banheira. O clima estava leve, embora eu tivesse mil dúvidas a serem sanadas.

Era estranho estar na sua presença ainda mais da forma com que tínhamos nos reencontrado. Na verdade, desde o início foi tudo muito abrupto. Do leilão a Sicily. Eu já sabia que ele não era político, então só me restava a possibilidade óbvia dele ser um mafioso.

- Precisa se alimentar. - ele quebra o silêncio.

- Sim. - concordo. - Mas aqui esta tão bom.

Fica em silêncio, somente suspira.

Observo seu rosto com atenção. O maxilar estava relaxado, mas pelo que pude perceber havia um ponto de tensão em sua testa. Sua mente deve ser agitada o tempo inteiro.

Mantenho o silêncio e sinto sua mão ainda em meu pé. Mesmo com seu jeito bruto e autoritário havia carinho e cuidado. Era a segunda vez que estivemos juntos e havia uma ligação, mesmo que ainda fosse prematuro de surgir.

- Você é um Torricelli. - constato.

O ambiente pesou, seu maxilar travou.

Houve tensão entre nós e constatação veio. Ele realmente era um Torricelli.

Tínhamos um impasse aqui. Se eu estava em sua casa era óbvio que, sendo quem é, me manteria aqui. Nesse caso, uma guerra começaria e seria um inferno. A essa altura, minha raiva por Sicília aumenta, pois por todos esses anos minha tentativa de fugir de todo aquele derramamento de sangue foi em vão.

Não sei eu teria psicológico para manter aquele caos. Quando meu descobrisse aquilo ficaria furioso. Seria um inferno.

- Você tem duas opções. - me diz.

Observo enquanto ele fala.

- Manter-se aqui sem me dar trabalho ou iniciarmos esta guerra. - propõe. - Você pode mandar uma mensagem a seu pai dizendo ter voltado para o lugar onde esteve esse tempo todo escondida e colaborar. Ou havera sangue e perdas de sua família por décadas.

Dessa vez, eu me mantenho em silêncio.

Estava numa banheira recebendo massagem nos pés por Massimo Torricelli com ele me propondo ficar aqui escondida ou matar minha família inteira. Chegava a ser cômico senão trágico.

O que era mais surpreendente era o fato dele lidar comigo como se eu o temesse. Feriu meu ego, embora travava uma batalha com a atração que tínhamos. Se ele achava que eu seria uma princesa presa na torre do dragão ele estava muito enganado.

Iniciar uma guerra agora que as coisas estão brandas realmente causaria uma série de perdas tanto nossa quanto deles, mas ele poderia simplesmente permitir a minha saída e não precisariamos lidar um com o outro.

- Você quer uma guerra? - pergunto.

- Biel tem uma pendência com os Torricelli.

- E onde a minha captura resolvera isso? - pergunto. - A melhor opção é que eu siga a minha vida e você a sua sem empecilhos. Não precisamos quebrar o tratado de paz, pois será um derramamento de sangue.

- Então, você não vai colaborar. - constata.

- Você quer pagar pra ver? - questiono.

Novamente, o silêncio.

Aquilo já era explícito, guerra teria começado.

De Caso Com Meu RivalOnde histórias criam vida. Descubra agora