Prólogo

495 18 5
                                    


Sicília, Itália.

- Olá, papá! – digo ao telefone. – Odeio essas comemorações.

- Faça pela caridade. – ouço.

LAURA

Solto um riso.

- Sabemos que não é só um baile beneficente, pois toda a máfia estará por lá.

- Faz quatro anos que não a vejo, Laura. Família...

Suspiro e o interrompo.

- É importante.

- Posso contar com sua presença? – insiste.

- Está bem. – reviro os olhos. – Mas não faça disso uma comemoração a minha ida, mas sim pela caridade.

- Grazie. – exaspera animado. – Marco vai busca-la no aeroporto.

Abro um sorriso sarcástico para o despachante de malas.

- De volta ao inferno. – murmuro.

Coloco os óculos escuros e tomo meu café. Abro meu celular e vejo uma notificação que atrai a minha atenção. Era de Olga, minha prima.

"Já estou sabendo que você esta a caminho. Até que enfim, vadia."

Sorrio.

                                                                                                   ***

Desde a morte de minha mãe tem sido difícil voltar a Sicília. Claro que todo o estresse da máfia influenciou muito na minha decisão de viver na Grécia, embora sinta falta de meu amado pai. Mas, como a vida toda, ele não estava presente em casa.

- Laura! – diz Olga me abraçando.

- Preciso de um drink. – digo com um largo sorriso.

- Esta noite não será tão divertida, mas amanhã garanto que vamos nos divertir.

Reviro os olhos.

- Está tudo preparado e, inclusive, já estamos atrasadas. Tome um banho e se vista.

- Certo.

Na banheira, enquanto ouvia uma música lenta bebia meu vinho de olhos fechados. Estava me sentindo retraída e precisava relaxar. A Itália me deixava tensa. A máfia, a família. Nunca me senti, de fato, confortável com o peso de meu sangue. A representatividade do sobrenome Biel era como uma maldição e pessoas inocentes pagavam pela briga de ego e poder. Minha mãe foi parte de número, mas nem sua morte fez com que meu pai parasse. Ele sempre dizia que o sangue Biel e a família andam juntos, lado a lado, e que não há como fugir disso. Um dia, tudo aquilo seria meu e eu nunca quis isso, mas precisava conviver por mais que vivesse fugindo da realidade.

Entreabro os lábios ao penetrar dois dedos em minha feminilidade, mas bufo de irritação ao ser interrompida.

- Vista-se, Laura! – grita Olga entrando em meu banheiro.

- Mas que merda! – irrito-me. – Não tenho um minuto de paz nesse lugar.

Ela ri.

- Garanto que a paz que você que procura será melhor com um pau ao invés de seus dedos.

- Inferno!

O vestido que ela segurava era vermelho como sangue, saltos e uma máscara preta.

- Será um baile de máscaras? – pergunto incrédula.




MASSIMO

O motorista para na entrada do Baile Anual Beneficente. Um evento que políticos, mafiosos, empresários e toda merda chata nos obriga a participar. Na verdade, do contrário da caridade prestada aos desafortunados o evento só renova a rivalidade entre a máfia. Por isso vamos com seguranças, sempre armados e distintamente desconfiados de qualquer possível atitude. Ajeito minha pistola na cintura e saio do carro a contragosto. Odiava essas formalidades.

James, meu braço direito nos negócios, me acompanha para o salão. Já estava cheio e eu, como sempre, atrai os mais variados olhares. Uns de ódio, outros de curiosidade. Sento-me a mesa de meu pai e tio e acompanho-lhes no uísque.

- Puro e com gelo. – peço ao mordomo.

- Certamente, Don Massimo. – responde.

- Como estão os negócios, Massimo?- pergunta meu tio.

- De sempre. – respondo. – Estou entrando numa nova construção, mas há indícios de que a família Biel esteja interessada na posse do lugar. Como sempre, entrando em nosso caminho, mas nada que não se resolva.

- Você é o líder Torricelli, Massimo. – diz meu pai. – Saberá contornar.

- Sem dúvidas. – respondo.

E, assim de repente, a vi. Descendo as grandes escadas com extrema elegância. Meus olhos percorreram cada polegada da perna nua pela fenda de seu longo vestido vermelho sangue. Os cabelos longos e pretos e a máscara que não me permitia ver atentamente seu rosto. Tão rápido quanto apareceu, ela se perdeu no meio das pessoas que dançavam no salão.

- Quem é ela? – pergunto.

- Quem? – pergunta James.

- Uma puta qualquer. – responde meu pai.

Bebo um longo gole de uísque.

De Caso Com Meu RivalOnde histórias criam vida. Descubra agora