Capítulo 36 - Visitantes

68 4 0
                                    

Capítulo 36 - Visitantes


DON MASSIMO

Eu nunca tive muito tato para me comunicar com as pessoas. Para mim era muito mais fácil lidar com os negócios, assassinos e contrabandistas diariamente. Esse lado mais emocional e sensível fazia parte da personalidade de minha mãe e como cresci com o lado masculino dos Torricelli, essa parte deixou um pouco a desejar.

Eu ainda enfrento o luto de meu pai e todo o caos da Sicília quando a descoberta da gravidez de Laura pairou sob a minha cabeça. Parecia que o controle corria entre os meus dedos e eu não conseguia alcança-los.

De repente, ali em Portugal me senti pequeno, exposto. O lugar ao qual cresci, tão familiar e leve tinha perdido o seu real sentido.

No antigo gabinete de meu pai na fazenda em Portugal, ouço com atenção a recomendação do médico que vinha acompanhando a minha família por anos.

- O início da gestação é marcada por breves ou talvez longos períodos de enjôos, alterações na pressão arterial e uma sensibilidade muito maior da mulher. É preciso cuidado ao falar, agir e atentar-se sempre a isso. A senhora Biel teve um pequeno sangramento, um escape, que vamos acompanhar com mais atenção, mas que por agora não lhe traz risco. A ela e ao bebê. Porém, tendo esse episódio recomendo evitar esforço físico, somente tenha atividades leves como uma breve caminhada.

Ele faz uma pausa para ajeitar os óculos.

- Sei que pela experiência que tenho com a família Torricelli uma vida calma e demasiada serena não é muito... recorrente, porém vamos tentar que seja o mais calma possível.

Suspiro.

- Mais alguma recomendação? - pergunto.

- Alimentos frescos a ela, bastante líquido, deixarei umas vitaminas para auxilia-la e eu aconselho que evite relações sexuais por enquanto.

- Claro. - concordo.

- Devido o sangramento eu acho melhor, pelo menos por enquanto, até que tenhamos todos os resultados.

- Ela esta em risco?

- Ela e o bebê estão bem. - respondeu. - Vamos nos esforçar para mantê-los assim, srº Torricelli. Enquanto for possível.

Afirmo com a cabeça.

- Tudo bem. - respondo. - Agradeço por ter vindo com tanta rapidez.

- Sempre as ordens.

James o acompanha até a saída e eu me recosto ao apoio de minha poltrona. Olho para o teto e fico inerte por alguns instantes.

Quando meu amigo volta ao gabinete, prosta-se a minha frente com um suspiro de pesar. Automaticamente, eu fecho os olhos tentando organizar os meus pensamentos.

- Sinto muito. - diz. - Eu... não sei o que dizer.

- Eu também. - confesso. - Mas temos que seguir.

Afirma com a cabeça.

- Não vou poder ficar aqui por muito tempo. - digo. - Com a morte de meu pai, acham que estamos vulneráveis.

- E estamos. - diz.

- Eles não podem ter a certeza disso. Agora temos a Espanha como inimiga e esse é um pavil prestes a explodir.

- Mas a Espanha não o preocupa, pelo que vejo.

Olho para a janela aberta.

- Me pergunto se aqui ainda é um lugar seguro para Laura. - digo.

De Caso Com Meu RivalOnde histórias criam vida. Descubra agora