Capítulo 24 - Jantar

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Capítulo 24 - Jantar


DON MASSIMO

A morte de Nacho talvez tenha sido um tanto quanto traumatizante para Laura. Desde então precisei ficar ausente de casa e de nosso convívio para resolver questões burocráticas. Em meu retorno, ainda preciso encontrar com meu rival e lidar com suas questões imbecis. Biel não tinha o que falar e, por pior que possa parecer, travata Laura como objeto onde usa como bem entender enquanto quiser ou precisar.

Eu poderia ser o que fosse, mas jamais obrigaria uma mulher ou quem quer que fosse da minha família a usar de seu corpo para me manter em contato com pessoas influenciáveis e que poderiam, mesmo que pouco, me dar certo prestígio.

De fato, Biel havia se perdido. Talvez pelas drogas, pela morte da mulher, era difícil precisar o que tinha sido, mas era evidente seu desespero camuflado em manter as coisas no lugar. Para um homem era difícil abaixar a guarda, ainda mais para um rival de tantas décadas.

Biel jamais se daria por vencido a um Torricelli. Tínhamos nossas rixas e eu sabia, tanto quanto ele, que isso perduraria pelo resto de nossas vidas e adiante.

Mas não havia emoção em seus olhos, comoção ou o que quer que fosse além de ira pela atitude inesperada de Laura. Eu imaginei que ela pudesse chorar pela decepção ao qual o pai a colocou, mas rebelar-se desta forma foi uma jogada inesperada.

Sinto uma mistura de orgulho e tesão ao mesmo tempo. Eu havia me apaixonado pela mulher certa. De personalidade e tão filha da puta quanto eu, assim como meu tio ja havia me dito uma vez. Como diria meu pai, mar calmo nunca fez um bom marinheiro.

- Você corrompeu a minha doce Laura. - acusa Biel.

Suspiro.

- Quando você estiver longe das drogas que usa o tempo todo, quando estiver limpo - cruzo as mãos em cima da mesa. - irá enxergar o quão monstruoso você foi com a sua filha. Eu sei que vem tomando decisões desesperadas para situações desesperadoras, mas manchar o nome e a sua própria filha vai além da máfia. Essa sujeita quem faz são os russos, não nós italianos. Aqui prezamos pela família e o sangue que carregamos.

Ele trava o maxilar.

- Seja lá o que te fez fazer isso você merecia trinta homens te comendo ao mesmo tempo. - continuo. - Quanto ao seu destino, Laura decidirá na hora certa. Agora - fumo meu charuto. - se você insistir em invadir as minhas terras e ficar no meu caminho eu farei o que bem entender com você.

- Esta me ameaçando, Torricelli. - responde.

- Encare como quiser. - digo.

- Não queremos uma guerra. - ele diz rindo. - Temos os nossos acordos.

- O acordo de paz já foi rompido a partir do momento em que pôs aquele investigador babaca atrás de mim.

- Ele só queria o que lhe era de direito. - responde.

James traz uma bandeja com nosso jantar. Na verdade, com o jantar de Biel ao qual eu havia preparado com tanto gosto. Eu me sirvo de um bom vinho tinto enquanto o observo cheirar seu prato de miudos.

- Não vai comer? - me pergunta.

Dou um sorriso.

- Estou sem fome. - respondo.

Enquanto o vejo saborear o prato, o ouço dizer da importância do respeito entre as máfias mesmo que rivais e que isso tinha sido quebrado quando obtive Laura pra mim. Era inadmissível para ele que ela estivesse, de bom grado, sob meu domínio.

De Caso Com Meu RivalOnde histórias criam vida. Descubra agora