Capítulo 35 - Reencontro

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Capítulo 35 - Reencontro


DON MASSIMO

Encaro o túmulo a minha frente com pesar. Deslizo os dedos pelo mármore frio onde tinha o nome de meu pai. O brasão da família Torricelli e, ao lado, o de minha mãe.

Eu sempre lidei com a ausência de ambos em vida e, agora, em morte. E era estranho viver num mundo onde ele não existia mais, por mais difícil que vinha sendo sua batalha contra o câncer.

Mesmo que antes vinha lidando com a máfia sozinho, não tê-lo aqui para ouvir seus conselhos e até mesmo suas reclamações impactava muito na família. Agora só havia eu e meu tio.

Saio do cemitério e dirijo em direção a minha casa. Meu tio, minha única companhia, segurava sua pistola ja que eu não quis seguranças comigo hoje. Ele estava quieto, parecia tenso.

- O que foi? - pergunto quebrando o silêncio.

Suspira.

- Quando vai para Portugal? - pergunta.

- Em dois dias, talvez. - respondo. - Ainda tenho algumas coisas para resolver por aqui. Também tenho que ir a Sicily e Cancún. Não posso ficar distante por tanto tempo dos negócios.

- E quanto a Laura? - pergunta. - Parece que a esta evitando.

- Na verdade, não. - respondo. - Quero vê-la, estar com ela, mas ainda não posso traze-la para cá.

- Ela tem que saber do Biel. - diz.

- Eu sei. - suspiro.

Ele ainda parecia tenso.

- Agora com a morte de meu irmão, o que pretende fazer com a família? - pergunta.

Hesito sem entender.

- Não entendi.

Ele da de ombros.

- Você agora tem a Laura. - hesita. - Deveria, talvez, pensar em herdeiros. Continuar a família Torricelli.

- Não vou colocar filho algum no mundo. - digo imediatamente. - Ainda mais pra crescer na máfia.

Silêncio.

Franzo o cenho.

Piso no freio bruscamente e ele se assusta.

- Que porra esta acontecendo? - questiono.

- Caralho, menino! Quase me mata do coração!

- Me fazendo essas perguntas? Algo esta rolando! - me exalto. - Vomita o que sabe de uma vez!

- Olha, garoto, abaixe o tom de voz comigo! Eu sou seu tio! - respira fundo. - Acho que você deve agir como homem! Acha que manter Laura em Portugal vai livra-la de problemas?

Fecho as mãos em punho.

- Laura está grávida, Don Massimo. - anuncia. - Quer queira ou não, o legado Torricelli vai continuar.


Consigo ouvir o som das batidas do meu coração, não ouço o que meu tio ainda dizia e a sensação era de que tinha levado um tiro. A falta de ar, a queimação no peito e o bolo na garganta enquanto a revelação caia por sob os meus ombros. Laura estava grávida. Grávida.

O carro morre e eu deito a cabeça no volante, me sentia transtornado. Era como se tudo caísse nos meus ombros ao mesmo tempo.

Grávida.

A palavra não saia da minha cabeça.

A mão de meu tio chega ao meu ombro em conforto. Engulo em seco e ligo o carro. Dirijo sem quase ver a estrada tentando organizar os meus pensamentos.

De Caso Com Meu RivalOnde histórias criam vida. Descubra agora