Capítulo 4

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Lauren Jauregui Point Of View

New York, Estados Unidos
15 de Fevereiro de 2018

Sinto um enorme peso em minha barriga, imediatamente minha bexiga dói. Abro os olhos lentamente e pisco com dificuldade devido a claridade do quarto, observo minha gatinha sentada em meu colo. Resmungo retirando Snow e colocando-a no chão. Me levantei calmamente e fitei o meu despertador.

ESTOU ATRASADA !

Corri para o banheiro, escovei meus dentes e tomei um banho rapidamente. Escolhi meu terninho feminino bege, uma blusa social branca e minha calça social azul escura. Calcei meu Scarpin preto e peguei minha bolsa na poltrona.

Na cozinha, esquentei um café no microondas e tomei acompanhado de duas torradas. Droga, trinta minutos atrasada. Espero que Verônica consiga ir atendendo as clientes para adiantar tudo. Ainda bem que meu cabelo já estava arrumado, então apenas prendi em um coque despojado.

Peguei as chaves na mesinha da televisão e tranquei meu apartamento apressadamente e chamei o elevador. Assim que as portas metálicas se abriram, eu adentrei o ambiente e pressionei o botão para o térreo. Em alguns segundos, já estava chegando ao meu Mercedes Vermelho.

Liguei carro e arranquei com o mesmo, eu estava muito atrasada, não sei como não ouvi meu despertador, ele sempre toca bem alto. Entretando o cansaço me consumiu após passar quase toda a madrugada analisando novos casos.

Observei as ruas movimentadas de New York, pessoas de ternos correndo por todo lado provavelmente atrasados como eu, resolvi colocar alguma música no rádio para me distrair e aliviar todo o meu estresse. Desviei meus olhos da avenida por alguns segundos e liguei a música, passei algumas estações sincronizando corretamente.
Me assustei ao olhar pra frente e ver um caminhão enorme vindo de encontro ao meu carro, girei o volante para tentar desviar mas não deu tempo, de repente tudo ficou escuro.

Camila Cabello Point Of View

ㅡ Então é apenas uma enxaqueca, vou te passar uma receita de remédio e você compra. ㅡ Expliquei para a adolescente que se queixava de muita dor de cabeça.

Assinei o papel e entreguei para a paciente que sorriu e me agradeceu.

Logo após a jovem sair do consultório, ouvi duas batidas na porta e falei para entrar.

ㅡ Licença Doutora, estão lhe chamando na Emergência. O Dr. Mahone está em cirurgia e não podemos esperar. ㅡ A enfermeira me comunicou.

Me levantei da cadeira e apressei meus passos para chegar logo a emergência.

ㅡ Mande levarem para a sala de cirurgia, estarei lá aguardando.

ㅡ Como quiser, Doutora.

A Enfermeira Rachel, saiu em disparada as escadas correndo para dar o meu recado. Optei por pegar o elevador, em alguns segundos chegando ao destino. A sala de cirurgia 13, é a minha favorita. Sempre que opero algum paciente ali, tenho sucesso total. Comecei a me higienizar enquanto esperava trazerem a paciente, lavei a minha mão diversas vezes observando toda a minha equipe chegar na sala.

Depois de posicionarem todos os equipamentos corretamente e me ajudarem com as vestes cirúrgica, resolvi começar a cirurgia.

ㅡ Qual o caso ?

ㅡ Mulher, 30 anos, Acidente de Carro, quebrou a perna esquerda, braço direito, lesão na coluna, deslocamento do ombro esquerdo.

ㅡ A lesão na coluna pode esperar, quero uma TC de Crânio agora. Chamem a Doutora Brooke.

Meus residentes pegaram a máquina para fazer a tomografia e colocaram o colete em mim. Enquanto uma interna bipava a Ortopedista, Alysson Brooke.

ㅡ Olhem, aqui houve um traumatismo cranianoencefálico. Preciso abrir a paciente agora. Há diversos coágulos pelo cérebro.

Apressei a minha equipe para operamos, rapidamente todos foram para seus lugares. Me posicionei em frente a cabeça da paciente.

ㅡ Alguém sabe o nome da paciente? ㅡ Questionei para as pessoas ali presentes e logo ouvi a resposta.

ㅡ Lauren Jauregui, parece que ela é uma advogada. Havia um cartão com os dados para contato.

ㅡ Já avisaram a família?

ㅡ Sim, avisamos a secretária dela.

Foquei em estabilizar o estado de Lauren, eu não posso perde-lá. Parece ser jovem, ainda há muito para se viver.

Me aproximei da mesa cirúrgica e observei cuidadosamente os exames de imagem de Lauren. Era essencial ter uma visão clara da extensão do dano no cérebro antes de iniciar qualquer intervenção. Eu fiz algumas anotações rápidas e compartilhei as informações com a equipe médica. Enquanto meus residentes monitoravam os sinais vitais de Lauren, comecei a delicada tarefa de remover os coágulos do cérebro da paciente. Com movimentos precisos e concentrados, utilizei os instrumentos cirúrgicos especializados para limpar as áreas afetadas.

ㅡ Onde está Alysson Brooke? Ela não é de atrasos. - Murmurei para a residente que me auxiliava.

ㅡ Em que posso ajudar? - Levantei a cabeça e sorri em baixo da máscara ao ver minha amiga.

ㅡ Ela está com a perna e o braço quebrado, se prepara e vem me ajudar.

ㅡ Sim, General. - Colocou a mão no final da sombrancelha, fazendo um gesto militar.

Me assustei ao ouvir o barulho do monitor cardíaco, havia muito mais sangue.

ㅡ Sinais vitais caindo. ㅡ O anestesista me avisou.

ㅡ Aplica dez miligramas de epinefrina agora!

Corri para estancar o sangramento craniano, mas nada parecia adiantar.

Por favor não morra, não morra.

ㅡ Parada Cardíaca, Doutora.

Mandei minha residente continuar drenando o sangue enquanto eu pegava as pás do desfibrilador.

ㅡ Carrega em duzentos. Afasta!

Observei o monitor e ainda nada.

ㅡ Carrega em duzentos e cinquenta. Afasta!

ㅡ pi, pi, pi, pi ...

Suspirei aliviada ao ver que o coração voltou a bater, voltei ao meu lugar e agradeci a residente, o sangue havia diminuído bastante.

Ally conversava comigo de vez em quando, ela já havia conseguido colocar o osso no lugar em menos de três  horas.

Assim que terminei no cérebro, fechei e parti para os nervos da coluna, foi bem mais rápido e mais simples.

ㅡ Você foi incrível hoje, Camila. - Ally me elogiou e sorri a abraçando.

Éramos amigas há pelo menos três anos mas parecia muito mais. Todo o carinho e sinceridade que compartilhamos é algo de se levar para a vida. A Allyson é como a minha irmã mais velha que me aconselha e dá bronca quando precisa. Ela me protege, me acolhe e me ama. Nossa relação é pura, genuinamente verdadeira. Ela me deu forças quando achei que não tinha. Me tirou de um abismo solitário e me salvou de mim mesma.

ㅡ Agradeço pelo elogio e pela ajuda.

Saimos da sala de cirurgia e fui até um dos quartos de descanso. Eu preciso dormir um pouco, foram cerca de 6 horas de cirurgia.
Me joguei na cama, rezei por alguns minutos agradecendo a Deus por ter me ajudado a salvar mais uma vida e virei ao lado adormecendo.

Beyond time  ㅡ CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora