Narradora Point Of View
01 de outubro de 2018
New York, Estados UnidosAlgumas horas depois...
O vento cortante marcava as sete horas da manhã quando as botas de cano curto, em tom amarronzado, pisaram no chão de areia. A advogada fechou a porta do carro com força, enraivecida pela situação em que se encontrava. Como pôde permitir tal coisa? Sua intuição sempre avisou que Alejandro iria escapar, e mesmo assim, não tomou todos os cuidados que deveria. E ali estava a consequência, enfrentando a manhã gelada com uma Taurus PT 838 em sua cintura apenas por precaução, além de um canivete na bota e spray de pimenta no sutiã. Conhecia bem a pessoa que deveria chamar de sogro. Suspirou ao olhar ao redor, percebendo que estavam em um lugar distante. Os olhos cor de esmeralda focaram na paisagem assustadora: um galpão velho e abandonado em frente a eles, com folhas secas espalhadas pelo chão, a estrada vazia e deserta, e uma floresta densa circundando a estrada dos dois lados. Não havia nuvens no céu nem raios de sol, apenas a neblina que tornava tudo ainda mais sombrio. Por ali, só havia fábricas e galpões abandonados, sem casas ou comércios à vista, próximo a outra cidade qualquer.
Quando criou coragem, Lauren moveu os pés lentamente e aproximou-se da porta do galpão, onde sabia que Alejandro a esperaria. Seus dedos tremeram em antecipação e, com pesar, puxou a porta enferrujada, ouvindo o ranger ao abri-la. Adentrou o lugar, segurando a lanterna do iPhone, e procurou pela sombra de uma pessoa, mas não encontrou ninguém. Fechou a porta atrás de si e locomoveu-se devagar, analisando cada som que ouvia. Sabia que havia um cano de água estourado, pois ouvia o gotejar dos pingos. O cheiro de mofo e madeira queimada impregnava o ambiente, e era possível ver no piso o sangue seco de outras vítimas. Certamente, era uma cena de crime. Ao longe, ouviu passos ecoando pelo local, e um calafrio percorreu sua espinha. Respirou fundo e permaneceu observando a escuridão até mirar com a lanterna a sombra do homem de macacão amarelo.
ㅡ Achei que não teria coragem suficiente de me encontrar. - Alejandro riu com escárnio. ㅡ Pensa que tenho medo de você? Uma advogada que não consegue nem me manter na prisão.
Ele se aproximou devagar, mirando a arma na cabeça de Lauren. A morena fechou os olhos e soltou um sorriso, ironicamente, era uma Taurus também. Pensou estrategicamente em permanecer quieta, sabia que se pegasse a arma escondida agora, não teria chance alguma de acertá-lo. O fator surpresa seria sua vantagem, nada como se fazer de inocente.
ㅡ Aparentemente, a prisão acabou com os seus neurônios, porque eu sou uma advogada, não uma delegada ou policial. Meu dever, eu cumpri. Te coloquei lá. Agora, não tenho culpa de Ariana não ter tido uma boa equipe para assegurar que você apodreça em uma cela fedorenta. - Lauren debochou, abusando da sorte.
Alejandro não se ofendeu com o que ouviu, apesar de tudo, sabia reconhecer que a mulher dos olhos verdes era excepcional em seu trabalho, nunca falhando. E a verdadeira incompetente era Ariana Grande e sua equipe.
ㅡ Tem razão, Jauregui. Agora, vamos ao que interessa. Você tem exatamente dois dias para terminar esse seu caso com a Camila, ou eu vou destruir você e toda a sua amada carreira. E não se engane, ela vai junto.
Lauren se lembrou de uma coisa que viu nos arquivos do caso do Cabello, sorriu debochada ao ligar os pontos. Por que ele nunca chamava a Camila de filha? Qual o motivo de tanto ódio por ela? E por que ela não foi registrada no dia em que realmente nasceu? Uma lâmpada acendeu em seu cérebro.
ㅡ Sabe, eu estava me perguntando por qual razão você nunca se refere a ela como filha, e eu não sei se percebeu, mas sou muito observadora. Todas as coisas que a Camila me contou sobre você e sua relação com a Sinu... Algo nunca encaixou.
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Beyond time ㅡ Camren
FanfictionO início da vida de Karla Estrabão foi marcado por grandes transtornos, obrigando-a a trabalhar durante anos para ajudar os pais. Enquanto aprimorava suas habilidades culinárias na casa de um nobre, ela descobriu as propriedades curativas das ervas...