Capítulo 8

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Camila Cabello Point Of View

Mais tarde naquele dia ...

Não sei o que é mais angustiante em um hospital: o odor de doença ou o testemunho da morte. Nunca é fácil se despedir de um paciente, especialmente quando se tem uma longa história com ele. Hoje, perdi uma paciente muito significativa com quem convivi por cerca de dois anos. Era uma senhora de 80 anos, animada apesar da idade avançada. Conversei com ela todos os dias. Infelizmente, ela sofria de esclerose múltipla em estágio avançado e não teve muito tempo de vida após o diagnóstico. Passou seus últimos dias internada no hospital após perder os movimentos das pernas. É uma das doenças mais debilitantes que afetam os humanos.

Para aliviar um pouco a tristeza, visitei o setor de pediatria. Ver as crianças sempre me animava. Mas a sensação de perda ainda estava presente. Decidi dar uma olhada em Lauren, que já estava acordada há algumas horas. Sua mãe não apareceu mais e Verônica também foi embora depois de um tempo.

Ao pegar o elevador, quase fechei as portas quando a mão de minha chefe, Normani, as segurou. Ela expressou solidariedade ao mencionar que soube da perda de um paciente.

ㅡ Sempre é difícil perder alguém, o pior é dar a notícia da morte - respondi com um sorriso triste. ㅡ Observei os bebês na pediatria, e isso me animou um pouco.

Normani comentou sobre a paciente do acidente de carro, Lauren, e perguntou sobre seu estado. Informei que ela acordou naquele dia e parecia não ter ferimentos graves. Normani revelou que era seu andar e se despediu.

Alguns segundos depois, o elevador parou em meu andar. Ao me aproximar do quarto de Lauren, ouvi vozes alteradas. Ela discutia com sua mãe, Clara Jauregui.

ㅡ Eu não quero que você venha mais me visitar, já pode ir! - Gritou Lauren.

ㅡ Por favor, Lauren, me escute! Você não sabe como me arrependo de tudo que te falei, filha... - Suplicou Clara.

ㅡ Sai daqui! - Lauren insistiu.

Decidi intervir e abri a porta do quarto. Encontrei Lauren sentada na cama com os olhos marejados, e Clara estava de pé, olhando para ela.

ㅡ Está tudo bem, Lauren? Precisa de algo? - Perguntei, colocando a mão em seu braço em um gesto de apoio.

A relação conturbada entre Lauren e sua mãe já havia sido comentada por Verônica, mas não quis ser indelicada e tocar no assunto.

ㅡ Doutora, por favor tire Clara daqui. - Lauren pediu.

Assenti com a cabeça e pedi a Clara para me acompanhar para fora do quarto. Ela relutou, mas acabou me seguindo. Eu tentava ser cuidadosa e explicar a situação, mas Clara começou a gritar e atrair a atenção dos outros funcionários.

Em meio ao tumulto, minha salvadora chegou: Normani. Ela se apresentou como diretora do hospital e defendeu minha atitude.

ㅡ Lauren não a quer aqui, e se for do desejo dela, não podemos fazer nada para contrariar - Expliquei antes que Clara jogasse a culpa em mim.

Normani mostrou firmeza ao pedir que Clara se retirasse, enfatizando que eu era uma excelente profissional. Por fim, Clara saiu indignada.

Após a situação tensa, agradeci a Normani por sua ajuda e retornei ao quarto de Lauren. Encontrei-a chorando silenciosamente.

ㅡ Posso ajudar em algo, Lauren? - Perguntei, colocando a mão em sua perna.

Ela ergueu a cabeça e me olhou tristemente, seus olhos esmeralda opacos, como se a vida tivesse saído deles. Como alguém tão jovem podia parecer tão perdida?

ㅡ Acho que você não pode me dar morfina para a dor emocional que sinto. Minha mãe é muito desgastante. Desculpe pelo show que ela deu ali na porta - Desabafou.

ㅡ Tudo bem, estou acostumada com parentes revoltados. Não sei o que aconteceu entre vocês, mas espero que você consiga superar toda essa dor - Ofereci meu apoio.

Lauren sorriu, um sorriso encantador, embora eu tivesse a impressão de que ela raramente o usava.

ㅡ Você deveria sorrir mais vezes - Brinquei, e ela arqueou as sobrancelhas.

ㅡ Agradeço o elogio, mas infelizmente não tenho mais motivos para sorrir. Minha mãe me expulsou de casa quando eu era mais nova por ser lésbica, recentemente sofri um término doloroso e agora bati meu carro, além de ter uma conta de hospital para pagar. Estou toda ferrada - Revelou.

Fiquei surpresa com a revelação. Por que meu instinto gay não havia detectado que ela era lésbica? Lauren estava destroçada, emocional e fisicamente.

ㅡ Você é lésbica? - Perguntei, tentando assimilar a informação. Lauren parecia transmitir uma vibe hétero, e eu havia me equivocado.

ㅡ De tudo que eu falei, foi apenas isso que você captou? - Ela riu, balançando a cabeça. ㅡ Por que está tão surpresa? Está interessada?

ㅡ Eu não tenho culpa de você ter cara de hétero. E em relação à outra pergunta... Não posso responder enquanto você é minha paciente. Pergunte novamente quando sair daqui - Pisquei para ela, e ela retribuiu com um sorriso malicioso.

ㅡ E quando eu vou sair daqui, Doutora? - Lauren indagou.

ㅡ Me chame de Camila apenas - Consenti, sentindo meu coração bater mais rápido ao notar o sorriso provocativo de Lauren.

ㅡ Estou achando que mais umas duas semanas, dependendo de mim. A Doutora Brooke ainda precisa avaliar seu braço e sua perna - Expliquei, tentando disfarçar o nervosismo que aquela conversa estava me causando.

Lauren parecia perceber meu desconcerto e se divertia com a situação.

ㅡ Entendi. Você sabe onde estão meus pertences? Preciso do meu celular para pedir para Verônica comprar um novo carro - Disse ela.

ㅡ Seu celular está aqui, mas vou pedir para alguém procurar por ele. Considerando o acidente, espero que esteja inteiro - Respondi saindo do quarto para resolver a questão.

Encontrei uma interna, Josephine Wilson, que era dedicada e competente. Pedi para que ela procurasse os pertences de Lauren e os entregasse no quarto dela. Ela prontamente concordou em ajudar.

Mais tarde, recebi uma ligação da minha amiga Dinah, que estava curtindo suas férias em Maldivas. Conversamos sobre nossas vidas, e ela comentou que seu lado bissexual estava um pouco parado ultimamente, pois parecia que todas as mulheres estavam em relacionamentos.

Comentei sobre a situação com Lauren e sua mãe, que me chamou de "doutora de quinta". Dinah não poupou palavras ao expressar seu desgosto pela atitude de Clara e até sugeriu que eu tivesse dado uns tapas nela.

ㅡ Não, está louca? Se eu fizer isso, vou ser demitida. A Normani chegou e me ajudou - Expliquei, evitando entrar em detalhes.

Dinah também mencionou novamente que eu deveria considerar sair com Normani, mas eu insisti que a via apenas como uma irmã e que ela era minha chefe. Por fim, desligamos a ligação e eu retornei ao trabalho, pronta para enfrentar uma cirurgia.

As horas passaram, e finalmente chegou a hora de operar uma menina. O cansaço era evidente, mas eu estava focada em dar o meu melhor.

Afinal, é um belo dia para salvar vidas.











Oiê, desculpa a demora pra atualizar. Estive bem ocupada nos últimos dias mas a atualização chegou, quem aí pegou as referências de greys anatomy? Vou botar alguns personagens aqui e espero que vocês gostem. Por favor não esqueçam de votar e comentar muito. Isso me incentiva a voltar logo. Amo vocês e durmam bem.

Beyond time  ㅡ CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora