KEVIN.
Eu não aguento mais olhar para essas paredes cavernosas. Não consigo mais ficar apenas rolando de um lado para o outro nessa cama sem vontade de dormir. E definitivamente não consigo ficar mais um segundo sem fazer absolutamente nada.
Meu tempo era cuidadosamente dividido entre treinamento, estudos e farra (não nessa ordem. O correto seria: treinamento > farra > estudos, já que a faculdade de RI era apenas para continuar no time de futebol, que era minha segunda opção de carreira caso o Boxer não me levasse a lugar nenhum).
Recolho o pequeno retalho de pele felpuda que mais parece uma minissaia do chão ao redor da cama, já que não tenho o costume de dormir vestido.
O chão de pedra (assim como 99% das coisas aqui) é surpreendentemente limpo e gelado, mas não o suficiente para incomodar enquanto estou descalço, me vestindo. O couro amarrado na minha cintura esconde a tatuagem do lado esquerdo da minha virilha, que na verdade é bem cafona e não tem significado algum, pois eu estava caindo de bêbado e quando acordei: voilá! Uma mistura de galhos na forma de um pássaro em traços fortes e negros estava na minha virilha. Na verdade já ouvi várias piadinhas sobre ela, porquê pela direção em que o pássaro está voando, parece que estava pousado no meu pau segundos antes, mas tenho apresso suficiente por ela para não lhe ter apagado com uma seção a lazer.
Coloco a capa quente e calço as botas que abraçam meus pés de forma perfeita. Com essas roupas eu fico parecendo um viking, só faltou uma barba longa e bem ruiva.
Tento ser o mais silencioso possível enquanto caminho para fora do quarto, concertando-me nas memórias para tentar lembrar para onde cada corredor leva, mas no fim acabo pegando alguns caminhos aleatórios, torcendo para que me leve a cozinha.
— hey. — uma voz diz. Demoro alguns segundos para perceber que isso foi dito em inglês, então olho para o dono da voz rapidamente, dando de cara William à poucos metros.
— ah, Oi, William.— respondo, enquanto observo-o se aproximar com um sorriso gentil no rosto.
— Will. Meu nome agora é só Will. — explica ele, assim que para ao meu lado. Will pode ser considerado uma pessoa alta (para os parâmetros do nosso mundo), mas é alguns bons centímetros mais baixo do que eu. Seu cabelo é preto e está cortado de um jeito meio engraçado, com algumas mechas maiores do que as outras. Os olhos são de um verde exatamente igual a tonalidade da pequena pedra que pende do colar em seu pescoço. Ele é bonito, na verdade.
— está procurando alguma coisa?
— na verdade... Estava procurando a cozinha.— digo, então ele assente levemente com a cabeça e começa a andar pelo corredor, indicando para que eu o siga.
— Como você saiu de um daqueles cilindros sozinho?— pergunto, enquanto caminho logo atrás dele.
— eu não estava preso em um daqueles cilindros, e sim numa espécie de gaiola.
VOCÊ ESTÁ LENDO
HÉLIX [COMPLETO]
RandomA minha vida definitivamente é uma merda. Depois de anos treinando para ser um boxeador profissional; os jogos de futebol americano no Campus da qual eu era a estrela; as noitadas malucas com meus amigos; as festas; as bebidas... Como é possíve...