KEVIN.- olha aqui, Wahlk. Estou indo com você por motivos... pessoais. Então nada de gracinhas.- digo depois de alguns minutos de um completo silêncio. E Apesar de parecer ter compreendido o que eu disse, ele evita o meu olhar e continua andando em silêncio.
O que deu nele?? Pra onde foi todo aquele papinho de "você é meu!; Meu parceiro; blá blá blá..."?? Não que eu esteja reclamando nem nada. Só estou achando um pouco estranho essa sua mudança repentina.
Apresso o passo para acompanha-lo, embora pareça que cada vez que eu faça isso ele tente ir um pouco mais rápido. A movimentação faz o frio diminuir, mas de vez em quando um calafrio sobe pela minha espinha e me faz tremer na base.
- hey. Deixa eu te ajudar.- tiro as lanças da sua mão antes que ele proteste, embora desconfie que o voto de silêncio que ele está fazendo permitiria apenas que ele negasse bruscamente com o rosto anguloso. As lanças são surpreendentemente pesadas, mas de um jeito reconfortante e de uma forma que dê mais estabilidade.
- para onde vamos? - olho em volta e não consigo ver nada a não ser centenas de colinas e planaltos cobertos por uma espessa camada de gelo e neve para todos os lados.
- caçar. - diz ele, ainda sem olhar diretamente para mim, fazendo uma lufada de ar quente sair da sua boca e condensar instantaneamente. A sua voz é mais rouca e profunda do que me lembrava, além de ser surpreendentemente etérea e um tanto melancólica.
- caçar, o que? - a pergunta sai dos meus lábios logo em seguida, mesmo que eu não tenha certeza se quero saber a resposta.
Olho ao redor de novo, sentindo minha pernas afundarem quase até os joelhos na neve. O céu está nublado, mas consigo ver a forma das três luas. Espécies irracionais que conseguem sobreviver nesse clima devem ser muito resistentes...
- animais. - isso é tudo que ele diz depois de algum tempo.
Então agora ele só consegue dá respostas com uma palavra só?? Será que esse esquisitão está fazendo o caminho reverso da evolução e voltando ao tempo dos neandertais??
- entendi.- dou uma corridinha rápida até está dois metros a sua frente, então olho por cima dos ombros e o obrigo a fazer contato visual comigo, pois estaria muito óbvio que ele está me evitando caso desviasse o olhar.
Eu posso não gostar do cara, mas se vamos passar esse tempo juntos, preciso conversar com ele pelo menos por alguns minutos, senão vou enlouquecer!!
O seu cabelo está repleto de flocos de neve, mas nem isso é o suficiente para amenizar a cara de durão que ele tem, com os olhos azuis estão semicerrados, fazendo algumas rugas aparecerem nos cantos, os lábios estão apertados numa linha fina, o maxilar tenso e a testa franzida.
- então... Nós vamos ficar abrigados onde?
- cavernas. - sou agraciado por uma única palavra novamente, mas resolvo ignorar essa sua falta de comunicação, pois agora minha mente está atenta a sua resposta. Sair de uma caverna para ir correndo para outra (e ainda mais com esse esquisitão) não é algo muito motivador, mas se pelo menos esse abrigo tiver um acesso rápido ao exterior, deve ser muito melhor do que ficar centenas de metros longe da superfície.
(***)
Depois de um zilhão de anos caminhando sem nada além de neve, neve, neve e mais neve, finalmente avisto um aglomerado de árvores no horizonte, entre duas colinas. As árvores são estranhas e possuem cores apagadas, como se estivessem morrendo ou doentes.
- é para lá? - pergunto. Nunca fui muito fã de florestas, mas preciso me contentar com o que tenho agora. A resposta de Wahlk é limitada a um aceno de cabeça, então continuamos andando por mais algum tempo.
Quando estamos a apenas uns quatrocentos metros das árvores, Wahlk faz um desvio e caminha em direção a parte inclinada da colina, onde consigo ver uma pequena abertura na rocha que não está coberta de neve, mesmo que ela seja quase imperceptível.
Apoio as lanças no ombro e sigo o Alienígena; atento a qualquer movimento vindo da parte de baixo da colina, onde há alguns arbustos espinhosos cheios de flocos de neve e flores de um peculiar tom de marrom.
A entrada da caverna é estreita, e depois de apenas alguns passos, o corredor pedregoso vira bruscamente para a esquerda e se alarga, criando uma espécie de cômodo oval e mal iluminado escondido de quem vê de fora, e mesmo com a falta de luz, consigo ver a cama grande com lençóis amarrotados; a pilha de gravetos e um cantil preso na parede.
Wahlk desprende as armas presas em suas costas e às coloca com cuidado no chão, como se fossem a coisa mais preciosa do mundo. Deixo as duas lanças apoiadas na parede e vou até a cama para tirar minhas botas.
Os lençóis sob minha bunda são macios o suficiente para que eu possa dormir no chão sem problema algum.
Observo em silêncio enquanto Wahlk acende as tochas presas nas paredes com uma rapidez impressionante. Acho que nem se eu tivesse um isqueiro seria tão rápido assim.
Bom. Pelo menos aqui eu só preciso dá alguns passos até a saída. E isso por si só já é um alívio enorme.
Oi pessoal. Não estou me sentindo muito bem esses dias e tô com a mínima vontade de escrever...
Mas prometo que vou ficar atualizando o mais rápido possível, embora provavelmente os capítulos sejam mais curtos (mais ou menos do tamanho desse).⭐
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HÉLIX [COMPLETO]
LosoweA minha vida definitivamente é uma merda. Depois de anos treinando para ser um boxeador profissional; os jogos de futebol americano no Campus da qual eu era a estrela; as noitadas malucas com meus amigos; as festas; as bebidas... Como é possíve...