HÉLIX [COMPLETO]

capítulo 11

KEVIN.

A manhã do dia seguinte estava sendo completamente normal, isso se eu ignorasse os olhares profundos de Wahlk, que me encarava como se tivesse nascido um olho no meio da minha testa.

- o que foi?- pergunto pela centésima vez nos últimos minutos, enquanto asso a minha comida. Precisei ameaçar dar um soco na cara dele, que queria assar para mim e insistiu até em pegar água para eu beber! Deve ser algum lance de alienígena possessivos e territoriais que não consigo compreender.

- nada.- ele responde, também pela centésima vez, ainda sem desgrudar aqueles olhos de mim.

Reviro os olhos e continuo assando minha comida. Estou tentando agir normalmente depois de nossa noite de amassos e dormir agarradinho, mas é praticamente impossível quando está estampado na cara do bobão o que nós fizemos.

Alguns minutos depois, já estou com uma porção de carne digna de um lutador assada no ponto certo, nem mal-passada e nem torrada. Ofereço um pouco para Wahlk, então ele pega o menor pedaço e joga na boca, tentando não fazer careta enquanto mastiga.

- não precisa comer se não quiser.- explico, dando um soco no seu ombro duro feito rocha. Sei que os aliens preferem comer crua, e que ele está fazendo isso só para me agradar.

- é bom.- Wahlk mente de maneira descarada, antes de começar a comer a própria porção de carne (que não está assada). Observo disfarçadamente aquelas presas enormes rasgando a carne como se fosse papel.

- você disse que precisaríamos mudar de caverna.

- amanhã. - diz ele, vagamente. Pelo visto é muito melhor me comer com o olhar do que falar. Reviro os olhos mais uma vez e roço o meu pé no seu; um aviso silencioso e discreto do que tenho preparado para mais tarde.

Wahlk Arregala os olhos, mas antes que fale ou faça qualquer coisa, desvio o olhar e continuo mastigando a minha carne assada, enquanto cantarolo algo do the neighborhood.

(***)

A tarde é um pouco monótona. Nós organizamos tudo aqui dentro, para quando a caverna receber algum outro Alienígena, esteja tudo em ordem. Também iremos deixar praticamente toda a carne do pterodáctilo esquisito aqui, enterrada na neve para ficar preservada por mais tempo, assim quando a comida tiver escassa na caverna da tripo de Wahlk, eles só precisam ir até os locais onde a carne está.

Agora já está começando a escurecer. E deve está ventando muito lá fora, pois as labaredas luminosas da fogueira não param quietas, dançando para lá e para cá sem parar.

Nós comemos a mais ou menos meia hora atrás, e agora eu estou deitado aqui na cama, observando o enorme corpo azul do alienígena se mover pela caverna enquanto ele ajeita suas armas numa pilha cuidadosa. O rabo azul balança de maneira despreocupada, roçando as suas pernas e varrendo o chão da caverna com aquele pelos longos e escuros.