Cruel

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Aviso: Conteúdo sensível a leitores com gatilho.

É tão cruel
Ela é tão cruel
Me veio a cabeça
Saiu no papel
Que a vida é cruel
Assim como eu, cruel
Crua, nua
Nem sequer sua
Sua vida não basta
Pra esse sofrimento, essa culpa e a desgraça
Como uma bala que me rasga
Como um punhal que me trava
A vida é cruel
Aos meus pés, está o caminho para o céu.

Eu queria um vestido, um véu
Um anel, um avião de papel
Pra ver se com você eu alcanço os céus
Mas pai, mãe, irmão, a única vez que tua filha viu o céu
Foi pelas janelas da sorte, junto do véu preto da morte
A dor, os cortes
O sangue coagulado, afiando a lâmina de corte
Olhando pra cima pela janela da sorte
E, diretamente, dando meus cumprimentos à morte.

Eu ando com essa bala
A cruel bala que trouxe meu corte
Pendurada no pescoço
Desejando ser nem pele, enterrada e só osso
O meu adeus é composto
Por química, medo, ódio e desgosto
O meu adeus já está morto
Não sinto que devo uma despedida pra esse povo.

~No final, a morte é minha sorte, a sorte está na minha morte.

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