Jardim do Mosteiro

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Evya se abaixou para pegar outra erva, logo ela deveria ir para a cozinha e ajudar no preparo do almoço dos monges. Evya passou a mão livre pelos cabelos sentindo sua trança recém feita. Ela esperava que, dessa vez, seus fios não caíssem na sopa dos monges. Da última vez ela recebeu um sermão a cada monge que ela cruzava. Ninguém gostava de comer sopa com fios brancos, aparentemente. Mesmo com se lembrando daquele dia chato, Evya sorriu. Ela achava engraçado a forma como os monges lidavam com ela. Muitos ali nunca viram uma adalena antes, e todos estavam acostumados com a beleza mundana de mulheres humanas. Mesmo que ela não se visse como um símbolo de beleza de forma alguma, ela tinha motivos para acreditar os monges acreditavam naquilo, uns mais que outros.

Certamente alguns monges apenas queria um motivo para falar com ela, afinal, desviar seu caminho para reclamar de um fio de cabelo branco na sopa, que certamente não deve ter ido para todos os monges, era muito esforço. Mas estava tudo bem, Evya ainda se sentia querida pelos monges. E ela esperava que a trança impedisse que mais fios caíssem na sopa.

Evya se abaixou para pegar uma rosa, aquela seria transformada em perfume para ela e para as demais criadas, com sorte, ela conseguiria fazer aquele perfume ainda hoje e, se tudo corresse bem, ela venderia as fragrâncias e na próxima ida a Svera, ela poderia, talvez, pegar uma diligência para Derkúrya e visitar sua amiga, seria uma longa viagem, de semanas, talvez meses. Mas seria ótimo tirar algumas férias do mosteiro de Bzadr, e ela tinha que cumprir com certa promessa de visitar determinada amiga.

Mas a rosa tinha um pequeno espinho, pequeno, mas não inofensivo. O espinho fisgou um dedo élfico e Evya soltou um curto guincho, mas sem hesitar, ela ainda cortou a rosa e logo jogou a flor para dentro do cesto. Uma pequena gota de sangue se formava na ponta de seu dedo anelar, Evya levou o dedo a boca e chupou seu próprio sangue. O sabor férreo durou pouco na sua boca, mas foi o suficiente para lhe lembrar da primeira vez que provou sangue.

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