Vila de Llandre

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Seu vestido de trapos tentava freneticamente se enroscar entre suas pernas e fazê-la cair, para o alívio de Evya, os trapos continuamente falhavam em derrubá-la. As figuras negras do outro lado do rio pareciam determinadas em pegá-la, não importando o que acontecesse. A luz de Kolzes surgia parca por entre as folhagens das árvores, e Evya tinha certeza de que havia uma vila em algum lugar naquela direção. Ela só precisava chegar lá, na melhor das hipóteses, ela conseguiria ajuda e seria salva. Na pior delas, ganharia tempo.

Finalmente seu vestido conseguiu derrubá-la. Evya agonizou no chão por alguns instantes enquanto agarrava com força seu joelho esquerdo. O membro doía intensamente, e estava dormente. Seu momento de descanso e sofrimento foi interrompido por o relinchar distante de um cavalo. Assustada e dolorida, a adalena se forçou a levantar. Ela voltou a sua corrida alucinada pela sobrevivência, primeiro mancando, em seguida forçando-se a ignorar a dor crescente em seu joelho, e por último correndo o mais rápido que seu joelho machucado permitia.

A adalena não conseguiu manter a corrida. Mesmo que o relinchar dos cavalos estivesse mais perto, o corpo da garota agora cedia a exaustão. A noite em claro, a falta de alimentação e o constante exercício cobravam sua dívida. Sua corrida desacelerou para uma caminhada rápida e manca, logo, era apenas uma caminhada, então cambalear. Por fim, a adalena tombou. Sua respiração ainda acelerada queimava o peito da adalena, sua visão tornou-se turva e escurecida, Evya estava perdendo a consciência.

Enquanto seu corpo se desligava, sua mente a levava para um passeio.

Seus pensamentos a levaram de volta para a noite anterior. Os remos se tornavam cada vez mais pesados, mas Evya continuava forçando o bote rio abaixo. Poucos foram os momentos em que ela pode aproveitar a correnteza do rio a seu favor, e quando o fazia, logo se arrependia. O curso do rio era instável e girava o bote com facilidade. Evya teve que usar muito de sua pouca força para acertar o bote no curso correto.

Em dois momentos a adalena pensou em ancorar o bote na beira do rio, em ambas as vezes ela se sentiu observada e um mau pressentimento tomava conta de seu corpo. Frustrada, ela se viu obrigada a continuar sua viagem, até que a luz de Kolzes começava a dar os primeiros sinais de aparição. A manhã trouxe uma sensação de tranquilização para a jovem. Não demorou muito para que ela avistasse colunas finas de fumaça subindo aos céus. Uma vila.

O som metálico de uma armadura em movimento lentamente trouxe a adalena de volta a consciência. Caída na floresta, não muito longe dali ela podia ouvir passos lentos e cuidadosos de alguém, alguém portando uma armadura pesada. O som vinha de sua esquerda, a adalena lutou contra a vontade de virar e ver quem era. Os passos se aproximavam, se distanciavam. Claramente procurando por algo, alguém.

A tensão da adalena aumentou quando um outro sujeito se aproximou a cavalo. Um par de botas igualmente metálicas se chocou contra o solo.

— Para onde ela foi? — A voz de um homem no idioma élfico soou abafada por um elmo.

— Perdi o rastro dela por ali. Ela está indo para Llandre. O que faremos? — Respondeu o outro com um forte sotaque menenio.

Silêncio. Evya prendeu a respiração. Um dos homens se aproximava de onde ela estava, para seu conforto, o relevo da floresta impedia que os seus possíveis sequestradores a vissem.

— Não podemos comprometer nossa missão, enviaremos Ebran sorrateiramente para vigiar a vila. Comunique-o e seja claro, ele deve reportar a nós ser ver a garota, estaremos no castelo Lacko. — O sujeito caminhou em direção a seu cavalo.

— Capitão, permita-me ir. Ebran é impuls... — o baque surdo de metal contra metal pegou Evya desprevenida, ela conteve seu susto.

— Não questione minhas ordens. — O agressor montou em seu cavalo e disparou pela floresta.

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