Jardim do Mosteiro

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Evya terminou o ensopado quando ele já estava frio, como ela fora a última a terminar de comer, ficou responsável por lavar toda a louça. Caminhando com as tigelas e panelas nos braços, a adalena desceu do mosteiro indo em direção ao um riacho. A adalena estendeu um pano próximo a água e se ajoelhou sobre ele, não queria ter que sujar seu melhor vestido.

Uma a uma as tigelas foram limpas, apesar do trabalho, ela ficou feliz em se distanciar do mosteiro, o dia estava com um ar esquisito e o mosteiro parecia sombrio olhando de baixo. Evya só percebia agora uma grande nuvem escura se aproximando pelo Norte. Com certeza choveria mais tarde.

O caminho de volta era mais lento, era subida. A trilha de terra era pouco utilizada, era uma rota de serviço para como a lavagem de roupas ou despejo de dejetos. Vozes tiraram a adalena de seus pensamentos. Era vozes jovens, provavelmente noviços do mosteiro. As vozes vinham das matas ao redor, era comum que os noviços fugissem de suas obrigações, a vida monástica não era para todos.

— O velho está bem chato hoje, quando seu amigo vem com mais? — a voz não era estranha a adalena, mas ela não podia reconhecer exatamente de quem era.

— Ele veio semana passada, você já usou tudo? Vai com calma, essa coisa vicia. — respondeu uma segunda voz.

O outro não respondeu, Evya achou melhor continuar andando para evitar ser percebida.

— Acho que vou fugir desse lugar — retornou a primeira voz — não aguento mais o velho. Vou me alistar em algum lugar, não nasci para rezar, nasci para lutar.

— Hmpf, você vai se dar mal com isso aí. Se te pegarem... não é atoa que tem um chicote na cintura do velho. Você tem que ir para bem longe se quiser viver para contar a história.

Evya apertou o passo, mas foi percebida. Ignorando os chamadosdos rapazes, ela subiu para o mosteiro e voltou a se aconchegar no tronco deárvore. Fugir do mosteiro. Não era algo que ela precisasse se preocupar, elapoderia simplesmente sair. Mas aquele lugar era tão bom para ela, era seguro,tranquilo e distante das cidades. E para onde ela iria?

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