Mercado de Svera

16 3 9
                                    


Foi no movimentado mercado de Svera, Evya caminhava pelas ruas, acompanhada de sua amiga, Ewlen, uma nobre que vivia num outro reino distante, apesar de adalena, ela vivia bem apessoada da corte local, até se dando o luxo de chamar alguns dos outros nobres de amigos, inclusive a duquesa. As amigas caminhavam de braços dados, a guarda pessoal da nobre seguia a dupla de perto, ambos adalis, é claro.

— Venha minha cara, você será mais do que bem-vinda em Derkúrya. Lá você terá o conforto de um castelo! Esses nórdicos chamam de "kastély". Eu posso apadrinhá-la, cuidarei de você. Prometo lhe encontrar um bom partido entre os nobres, tenho certeza de até mesmo o cobiçado Ezust teria olhos para suas belas curvas élficas.

Ewlen sempre foi muito simpática com Evya, talvez fosse algo entre suas famílias, Ewlen era muito próximo da realeza de Menenia, da qual Evya descendia. Ewlen sentia-se quase que em dívida para com Evya. Mas Evya não poderia colocar sua bela amiga em risco, não depois de tudo o que ela fez para cuidar e protegê-la. Evya sorriu, em resposta ao comentário da amiga, e deixou seus olhares se cruzarem e se sustentarem por alguns momentos. Ambas andavam em direção a cidade alta de Svera, era lá que os melhores mercadores viviam e faziam da sua vida, sua profissão.

— Ewlen, você sabe que eu não posso aceitar seu convite. — Evya acariciou a mão da amiga. — Tudo o que eu mais gostaria seria viver como uma princesa em seu kastély e, até mesmo, casar-me com o cobiçado Ezust! Risos. — Mas você sabe, querida amiga, a vida tem outros planos para mim, de forma alguma eu poderia colocar tudo o que você tem em risco, eu prezo muito por sua amizade. Mas prometo lhe visitar sempre que possível, pelo menos uma vez ao ano!

A conversa entre as adalis fluiu alegre e descontraída, atraindo alguns olhares curiosos que nunca haviam presenciado elfos antes, muito menos adalenas, ou mesmo ouvido a complexa e distinta língua élfica. Era evidente que nem todos os olhares eram de admiração, alguns cuspiam por onde elas passavam, outros faziam caretas, os guardas se sentiam inquietos com as hostilidades, mas vivendo tantos anos entre os humanos do norte, aquilo era de certa forma a normalidade.

A conversa encontrou seu fim quando as amigas cruzaram os portões para a cidade alta, Ewlen parou diante de um alfaiate e disse que Evya deveria escolher um presente, já que não iria com ela para o Ducado de Derkúrya, que pelo menos ela levasse consigo um pouco da generosidade da amiga, como se não tivesse bastado as últimas acolhedoras semanas. Evya consentiu, afinal, ela tinha um fraco por vestidos. Ela esfregou sua bochecha na de sua amiga, como um gesto de reconhecimento e gratidão.

Demorou, mas Evya finalmente saiu do alfaiate com um belo vestido azul céu nos braços, e um largo sorriso de orelha a orelha. Ewlen sorriu. Seria o último dia das amigas juntas, de lá Evya iria para um mosteiro ao sudoeste, onde ficaria por muitos anos. Ewlen sorria para sua amiga, mas as preocupações em sua mente lentamente mataram seu sorriso. Ela sabia do perigo que a amiga representava, era um risco estar ao lado dela e oferecer sua morada como estadia, mas era um risco que ela estava disposta a correr. Especialmente depois de tudo o que a jovem adalena havia feito por ela, e sua sobrinha. Evya nunca sairia das orações de Ewlen.

GardêniasOnde histórias criam vida. Descubra agora