Evya corria alegre pelos corredores do majestoso palácio de mármore. Seu pequeno vestido tentava freneticamente se enroscar entre suas pernas para fazê-la cair, mas suas curtas pernas eram mais ágeis do que a seda. Logo atrás dela vinha outra adalena de cabelos negros e espessos, e não muito atrás dela, vinha outra adalena de cabelos longos e louros, trançados até a cintura. A imagem desse dia é nítida na mente da Evya. O trio alegre surgiu nos jardins do palácio, suas árvores frondosas as receberam, diversos tipos de flores desabrochavam e exalavam seu doce perfume.
As jovens adalenas corriam pelo jardim, até que decidiram brincar de soldado e gatuno. Era claro que Evya não se sentia muito confortável com essas brincadeiras mais agitadas, mas ela se sentia alegre por apenas ser incluída nas brincadeiras. Suas amigas, Amyliss e Hellena, nunca hesitavam em inclui-la em suas brincadeiras, mesmo que Evya sempre fosse do tipo que gostava mais de brincar de boneca.
As amigas logo voltaram a correr, dessa vez pelo jardim do palácio. Os guardas estavam desconfortáveis assistindo as meninas correndo pelo jardim, e se elas se machucassem? Se caíssem, ou se, enquanto passavam entre os arbustos se cortassem e rasgassem seus caros vestidos? Certamente algum guarda passaria a noite na cadeia por essa indecência. Mas, mesmo com os esforços dos guardas para pararem as meninas, elas apenas os viam como obstáculos maiores a serem ultrapassados. Logo elas perceberam que sua brincadeira terminaria em chatice e sermão se continuassem ali, e por isso elas logos escaparam do jardim, dessa vez indo em direção a biblioteca do palácio.
Algo interessante sobre o Palácio de Mármore, é que ele é realmente de mármore. Claro que suas fundações são feitas em pedra, há sessões inteiras feitas meramente de pedra, mas as áreas do palácio dedicadas aos seus nobres habitantes, são feitas inteiramente com mármore branco. Piso, colunas, paredes e teto abobado, tudo em mármore. Havia alguns detalhes em ouro, as quinas eram finamente decoradas, algumas sessões do teto continham pinturas épicas denotando elfos e sua grandeza. Em alguns corredores tapeçarias de terras distantes eram dispostas. Anões trabalhando em minas profundas, humanos ocupando a paisagem, inúmeras histórias eram contadas nessas tapeçarias estrangeiras. Evya sempre se perguntava como essas peças chegaram tão distante no norte.
O trio voou pelos corredores, seus sapatinhos emitindo sons abafados quando pisados com força sobre o mármore. Evya ia na frente, ela corria muito rápido. A biblioteca não ficava tão distante do jardim, ela apenas teria que virar um corredor e...
Uma figura alta, esguia e completamente vestida de preto. O coração de Evya pulou alguns batimentos. Ela deu de cara com esse sujeito. Olhando para cima, ela pode ter a infelicidade de ver seu rosto. Um elfo, sua pele é branca como o mármore das paredes, seu cabelo era fino e negro, seu nariz se assemelhava a de um corvo, sua boca fica se contraiu em desprezo ao olhar de volta para a figura, e seu olho era igualmente escuro, pelo menos o olho direito. Seu olho esquerdo não possuía íris, era apenas um globo branco, finas cicatrizes partiam desse seu olho, como se um relâmpago de cicatriz surgisse dele.
Os passos de suas amigas se aproximaram, ambas estacaram, quase caindo. A cena era desprezível. O mundo de Evya havia parado. Ela apenas conseguiu se mexer quando as botas dos soldados que as perseguiam pararam logo atrás das suas amigas. A figura se movimentou, saindo do campo de visão da Evya. Ele mancou para longe das três crianças e foi acompanhado pelos guardas, que agora lidavam com o estranho. Suas amigas a sacudiram e a puxaram para longe da conversa que se iniciava entre o estranho e os soldados.
Não demorou muito para que o trio chegasse a biblioteca. Lá Evya se sentiu mais calma e segura. As portas duplas da biblioteca se abriram e revelaram as enormes estantes de madeira repletas de livros com conteúdo desde religião a filosofia. Mas era claro que as garotas se dirigiram para a sessão de histórias e romances. Apesar das brincadeiras, correrias pelos corredores e outras atividades barulhentas, as meninas sempre adoravam ler, e liam juntas. Cada uma em seu livro, em seu mundo, mas juntas da sua forma. Na verdade, eram dessas histórias que surgiam as brincadeiras barulhentas. Hellena sempre gostava de ser a líder, a diplomata e uma cavaleira corajosa, já Amyliss, tinha sua fissura pelos dragões e sonhava em ter seu próprio lagarto voador para dominar os céus e ser livre. Por outro lado, Evya, era mais pé no chão, gostava da magia, da cura e da mediação.
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Gardênias
FantasiaEvya é uma doce e inocente adalena. Seu passado, no entanto, é repleto de sangue, morte e trevas. Sua delicada aparência esconde uma história sombria que pode alterar o destino do mundo, para melhor, ou pior. Saiba como Evya passou de nobre princes...