Emma é uma cinquentona simpática que trabalha na clínica veterinária desde que ela foi inaugurada, ela e sua filha mais nova são as únicas funcionárias além de mim, mas Dayse teve um probleminha em casa e vai demorar um pouco para chegar. Emma tem três filhos adultos e é casada há trinta anos. Eu a conheço há quinze minutos e já a amo.
Ela me recebeu com chá e biscoitos, o que foi maravilhoso porque não consegui tomar café antes de sair de casa já que meu estômago não parava de embrulhar. Ainda estou nervosa, é claro, mas acho que quase duas horas no carro foram boas para fazer toda a ansiedade se dissipar um pouco.
Mas Emma ainda está falando, e ela tem aquele tipo de voz que você sempre para ouvir de tão linda que é, transmite calma e paz. Então eu escuto ela me contar cada detalhe de como era o trabalho de Edgar aqui.
- Foi realmente uma grande perda. – ela diz depois de suspirar com tristeza. – Ele amava esse lugar. – vejo um pouco de tristeza em seus olhos, mas ela dispensa rapidamente. - Mas estou feliz em vê-la aqui, é sempre bom ver gente diferente, e sei que você vai amar esse lugar.
Sorrio para ela, mas não digo nada porque estou com a boca cheia de biscoitos. Os melhores biscoitos da minha vida, devo dizer. Emma me explica mais sobre a dinâmica do atendimento da clínica, é bastante parecida com o que já estou habituada, visto que temos uma metodologia bem específica em se tratando dos atendimentos, mas como a clínica não trabalha com alta complexidade, é bem fácil acompanhá-la, os procedimentos aqui são mais simples e envolvem bem menos burocracia.
Assim que termino meus biscoitos, uma garotinha entra na clínica afoita com um gatinho nos braços acompanhada por um homem que julgo ser seu pai.
- Oi, bom dia! – Emma os saúda. – Ora, o que temos aqui?
A menina abre a boca para falar com ela, mas me vê antes de começar.
Vejo quando ela me analisa rapidamente, sua atenção se detém no meu uniforme verde claro e seus olhos se arregalam brevemente com a compreensão.
- Você é veterinária? – ela pergunta, sua voz soando trêmula. – Mingau não está conseguindo fazer xixi! Eu vi ele tentando e tentando... Ele está bem?
O gatinho cinza não parece estar a par da agitação de sua dona, seu pai, por outro lado me parece um pouco impaciente.
- Eu sinto muito incomodar vocês com isso, mas Meg praticamente veio correndo para cá. – ele olha para a garota com repreensão. – Você não deve sair correndo daquele jeito, seu gato está bem.
A menina olha para o homem em pânico, parecendo prestes a chorar. Quando percebo que ele vai tentar levá-la embora, me adianto.
- Na verdade, eu gostaria de dar uma olhada no gato. – minha fala faz o homem hesitar e a menina se aproxima de mim rapidamente.
- Posso ir com você?
- Claro, você pode vir. – olho para o homem e depois para Emma. – O senhor pode preencher a ficha de atendimento enquanto eu atendo, certo?
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Sunshine Girl - Lysandre
FanfictionDe quando Lysandre se dá conta de que perdeu muito mais do que simples memórias.