A Dra. Basher mentiu.
Cheguei a essa conclusão duas semanas depois da queda que fraturou o meu braço direito.
Duas semanas. Metade do tempo em que preciso continuar com o braço imobilizado, o que significa que ainda restam mais duas semanas de tortura.
Talvez eu esteja exagerando devido ao estresse. Ela não mentiu, mas não explicou tudo com muita clareza. A coceira não é insuportável, é incômoda, como ela mesma mencionou. Mas o fato de não poder coçar, isso a torna insuportável.
Ao menos não é constante, então eu tenho várias horas de paz durante o dia, mas quando começa, é como se o tempo simplesmente parasse e eu preciso buscar toda a força de vontade do mundo para não pegar a primeira coisa a minha frente que sirva para enfiar no espaço entre a pele e o gesso no meu braço.
E eu nem ao menos posso me ocupar com outra atividade já que sou destro. Quando tentei cuidar da horta acabei regando meus próprios pés.
Ainda não entendi bem como isso aconteceu.
O que me resta em momentos assim é caminhar pela propriedade, como se isso de alguma forma pudesse aliviar o incômodo em meu braço. Não sei se funciona, mas é a única coisa que consigo fazer, e também me afasta de qualquer coisa que eu possa utilizar como instrumento para serrar o gesso ou simplesmente cortar meu braço fora.
- Você tá legal? – escuto a voz de Castiel e me viro em direção às macieiras.
Não havia o notado ali.
- Estou. – respondo apenas e invejo seus dois braços saudáveis.
- Ainda ta coçando? – ele pergunta, mas imagino que Castiel já saiba a resposta. – Ela disse para voltar se o braço estivesse coçando.
- Ela disse para voltar se a coceira for intensa e constante. – corrijo-o, porque sei que ele me levaria até o hospital no mesmo instante. – Não é nenhum dos dois.
Meu amigo bufa.
- Diga isso a sua cara de merda. – ele se afasta das macieiras e caminha até mim. – Te conheço há anos e essa é a primeira vez que te vejo tão mal humorado por tanto tempo.
- Eu imagino que tenha razões para isso. – respondo balançando de leve o braço imobilizado.
- Tá... – ele resmunga voltando para as macieiras onde deixou os baldes cheios com a colheita delas. – Só avisa se ficar ruim.
- Farei isso se acontecer, não se preocupe.
Tenho a breve sensação de que falar sobre o meu braço aumenta a coceira, então acabo procurando o primeiro assunto que me vem à mente só para que possamos parar de falar sobre isso.
- E como vão as coisas com a sua assessoria de imagem?
Castiel solta um xingamento baixinho antes de responder.
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Sunshine Girl - Lysandre
FanfictionDe quando Lysandre se dá conta de que perdeu muito mais do que simples memórias.