Quando Daryl iniciou a briga estava com raiva, furioso na verdade, disposto a descontar em qualquer pessoa que pisasse no seu calo, e para, o azar de Marco Voiny, encontrou a pessoa perfeita para incomodar.
Por algum motivo burro, Daryl não imaginou que o rapaz de olhos verdes revidaria com tanta força e tentava manter a pose embora seu corpo implorasse por um relaxante muscular, a cabeça latejava pelo soco, as costas doíam onde bateu com força contra a parede, não conseguia respirar direito e o ar tinha cheiro de ferro, era um pesadelo.
De certa forma, sabia que merecia aquilo tudo, Marco não tinha culpa por vencer o primeiro jogo da temporada, se fosse realmente culpar alguém deveria estar brigando com a defesa da própria equipe – é claro que ele deveria ter pensado nisso antes de iniciar uma confusão, mas era tarde demais e Daryl não se permitiria sentir pena de si mesmo.
Por outro lado, sentia pena de Marco.
O rapaz seguia atrás dele – era tenso dividir o mesmo espaço, indo pelo mesmo caminho, sem trocar uma única palavra, mas o que poderiam dizer? – Daryl tinha notado a mancha amarelada que se formava no queixo do rapaz de pele escura, ele tinha um machucado embaixo da sobrancelha que sangrava, mas Marco não pareceu perceber. Uma pequena parte de Daryl sentia orgulho por não deixá-lo sair sem um arranhão, uma parte pequena e muito feia que ainda estava com raiva da derrota queria fazer algum comentário insensível.
Daryl preferiu ficar calado, afinal, era o mínimo que poderia fazer.
O segurança trancou o portão do colégio quando os dois saíram, aparentemente eram os únicos estudantes que ainda estavam no local, Daryl estava prestes a chamar um motorista de aplicativo quando ouviu Marco xingar baixo e ergueu a cabeça, seguindo a linha de visão do rapaz.
Um garoto alto desencostou de uma caminhonete preta ao vê-los, caminhando até Marco que continuou a andar pela calçada como se ninguém estivesse ali.
— Ei, eu só quero conversar — o rapaz falou.
Daryl o conhecia, pelo menos de vista, ele fizera um dos gols da partida – Cardoso, se Daryl se lembrava bem e costumava ser muito bom com nomes.
— Não — Marco respondeu imediatamente — você não fala comigo, você não olha pra mim, se possível nem respire do meu lado. Nós não temos nada que conversar, eu nunca deveria ter falado com você em primeiro lugar e com certeza não quero lidar com isso agora.
Daryl ergueu as sobrancelhas, mas voltou a olhar para o celular, talvez se fingisse estar ocupado, os dois fingiriam que ele não estava ali.
— Não seja assim, foi um erro inocente.
— Um erro inocente que poderia ter terminado em uma situação grave e teria terminado assim se eu não chegasse a tempo. Agora só cale a boca e vai se foder Cass, só me deixa em paz.
Cass não parecia muito disposto a deixá-lo em paz, e tentou segurá-lo pelo braço. Daryl não tomou a decisão consciente de se meter, na verdade ficaria muito feliz em simplesmente desaparecer na calçada, mas seu corpo reagiu antes que ele pensasse e segurou o braço de Cass antes que ele chegasse em Marco.
— Olá — Daryl começou, como um grande idiota — Sou Daryl. Daryl Noer.
O rapaz mais alto estreitou os olhos.
— Foda-se?
— Uau, isso não foi gentil. — Daryl balançou a cabeça — Meu amigo aqui não quer falar com você, talvez seja uma boa ideia dar a volta agora, entrar na sua caminhonete e sair daqui antes que eu chame a polícia.
— E o que vai dizer para a polícia, eu não fiz nada ilegal.
— Como não? — o rapaz de olhos azuis abriu um sorriso – Engraçado como nós dois estamos machucados e você está super bem não é? E agredir duas pessoas sem motivo algum é ilegal até onde sei.
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O Amor é Azul
RomanceEm circunstâncias normais, os caminhos de Daryl e Marco não tinham a mínima chance de se cruzar, mas quando a família de Daryl volta para cidade em que viviam quando ele era criança para fugir de um escândalo no nome da família Noer e Marco sendo o...