Daryl não sabia o que estava sentindo.
Ele se lembrava da noite anterior com clareza, lembrava de como as mãos de Marco eram quentes, de como sentia-se perdido nele, como se não soubesse onde ele acabava e Marco começava, como tudo parecia tão certo, todas as sensações pareciam intensas demais para processar.
Não era como nada que sentira antes, Daryl sentia-se a ponto de explodir, incapaz de esquecer os toques de Marco, incapaz de esquecer seus beijos, incapaz de respirar sem ficar zonzo pelas memórias.
Em partes, Daryl estava assustado, estava sobrecarregado por sentimentos e pensamentos que não estava acostumado, em partes, estava animado. Era como se uma parte em seu cérebro que estava dormente até então tivesse acordado, enchendo-o de excitação e adrenalina. Eram sensações novas e confusas, mas não ruins.
Daryl passou a noite toda olhando para o teto de madeira da cabine – com Jared grudado nele como se fosse um ursinho de pelúcia ou um travesseiro –, incapaz de pensar em algo que não fosse Marco, só de pensar na forma como Marco o olhava com uma expressão muito próxima da devoção Daryl sentia seu estômago dar cambalhotas e seu corpo todo se aquecer.
Cada vez que pensava nos momentos que passaram juntos, mais difícil ficava lembrar a si mesmo de que era só um beijo, nada demais, e provavelmente Marco não sentia o mesmo tipo de magnetismo – afinal, para Daryl aquilo era novidade, mas para Marco ele era apenas mais um garoto.
O loiro não ficou surpreso nem chateado quando Marco pediu que ele o deixasse sozinho com Uriah; Marco passou boa parte da viagem até o local do acampamento preocupado com Uriah, Daryl entendia a necessidade de priorizar o bem estar de um amigo, não poderia se ofender com isso, mas, por mais que tentasse, não pôde impedir a pequena faísca de ciúmes quando viu os dois dividindo a cama naquela manhã.
Daryl não costumava dormir na casa de amigos, lembrava-se de ter dormido com Thomas uma vez ou outra quando eram mais novos, mas geralmente dormiam nos sofás da sala ou jogavam colchões e travesseiros no chão, nunca chegaram a dividir uma cama; Marise, por outro lado, dormia mais na cama de Daryl que na dela, então o rapaz entendia que algumas pessoas eram próximas o suficiente para dormirem juntos como uma forma de conforto e amizade.
Mas dormir ao lado da irmã e dormir do lado de um amigo objetivamente atraente eram duas coisas completamente diferentes, e o ciúmes ardia em Daryl como um bichinho faminto e descontrolado.
O garoto de olhos azuis, porém, era um homem de bom senso, ele entendia que um beijo não era motivo para se tornar possessivo, mesmo que estivesse cogitando a possibilidade de estar se apaixonando pela primeira vez, afinal seus sentimentos e seu ciúmes pertenciam somente a ele e eram responsabilidade dele, não de Marco.
Por isso, no café da manhã, Daryl tentou agir como se nada o incomodasse, como se nada pudesse perturbá-lo.
Geralmente, quando alguém evitava confronto, os demais envolvidos seguiam a mesma linha e fingiam que nada tinha acontecido até que o problema realmente desaparecesse, mas Marco não era uma dessas pessoas. Não, Marco não fugia de confrontos, Daryl deveria saber disso considerando que seu nariz ainda estava machucado pela briga recente, ele era obviamente o tipo de pessoa com a necessidade de resolver cada problema imediatamente.
Daryl não poderia ser mais oposto, ele precisava pensar sobre o assunto, remoer o assunto, pensar em seus argumentos com cautela, ele precisava ser capaz de controlar a discussão até o ponto que ele queria chegar, precisava ser capaz de prever o resultado da conversa para não acabar machucado.
Ele não teve a intenção de explodir com Marco na cozinha, na verdade estava tentando evitar aquele tipo de atenção no meio de várias pessoas, uma conversa como aquela deveria ser privada, e Daryl ainda não entendia seus próprios sentimentos, não estava pronto para expô-los a Marco e muito menos para todos seus amigos.
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O Amor é Azul
RomanceEm circunstâncias normais, os caminhos de Daryl e Marco não tinham a mínima chance de se cruzar, mas quando a família de Daryl volta para cidade em que viviam quando ele era criança para fugir de um escândalo no nome da família Noer e Marco sendo o...