Capítulo 2 - Marco Voiny

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Algumas horas antes do incidente.

Marco Voiny, 16 anos.

Se qualquer outra pessoa lhe dissesse que acordou com alguém pulando em sua barriga, Marco acharia que era modo de dizer, que alguém o acordara abruptamente, mas em seu caso a situação não poderia ser mais literal – antes mesmo de abrir os olhos Marco sentiu o peso de alguém pulando em sua barriga com pés pequenos, não satisfeita em acordá-lo, a garotinha continuou pulando como se o irmão mais velho fosse um trampolim.

— Acorda, acorda, acorda! — Karin dizia com sua voz animada de criança de seis anos que tinham acabado de acordar e estava renovada em energia.

Marco, que passara a noite toda fora, não estava com energias tão renovadas assim, e grunhiu puxando a garotinha para um abraço apertado

Karin gritou e gargalhou, seus cabelos cacheados e loiros caíram sobre o rosto de Marco, mas ele continuou a apertando, era sua vingança pessoal.

— Repita comigo — ele disse, todo o sono se esvaindo completamente ao ouvir o riso animado da caçula — Meu irmão não é cama elástica.

— Meu irmão é cama elástica! — Karin exclamou desafiadoramente e Marco a atacou com cócegas, até que a menina estivesse rindo entre lágrimas — Meu irmão não é cama elástica, não é! Não vou pular mais, prometo! Não consigo respirar!

O rapaz riu baixo, finalmente soltando menina que ainda ria, os dois sabiam que suas promessas não valiam nada, era um entretenimento pessoal de Karin ver Marco rolando de dor toda vez que ela pulava nele, mas ela a libertou de seu aperto "cruel" como se acreditasse na desculpa, finalmente puxando o celular para ver as horas;

— São seis da manhã, o que está fazendo fora da cama?

— Mamãe disse que precisa sair cedo pro seu jogo, então nos acordou para fazer um café da manhã surpresa, mas você não pode saber até ir na cozinha — Karin respondeu, claramente sem perceber o que tinha acabado de dizer, o que fez Marco rir mais uma vez.

—Bem, então acho que vou na cozinha — falou, erguendo a irmã nos braços, enchendo-a de beijos no rosto e a jogando no ombro como se carregasse um saco de batatas —Então vamos lá.

— Ei, eu sei andar.

Karin ria e chacoalhava, mas era muito pequena e muito fraca em comparação com a força do irmão mais velho, seus esforços eram completamente vãos e ela mais que ninguém sabia disso – o que não a impedia de tentar de qualquer forma.

Ao alcançar a cozinha, Marco percebeu o porque da mãe ter acordado as meninas mais cedo: havia pão caseiro na mesa, suco natural de laranja (e leite com chocolate para Karin que se recusava a tomar suco de manhã), pão de queijo, manteiga e café. Era um café da manhã simples, mas todo feito em casa, algo que sua mãe, Jane, adorava, mas raramente tinha tempo para fazer devido ao trabalho – e saber que ela ainda cumpriria um turno todo na lanchonete naquela tarde deixava Marco ainda mais orgulhoso por ela ter se esforçado tanto para fazer um café da manhã especial.

— Bom dia, querido — Jane sorriu alegremente, ainda tinha um pouco de farinha na blusa e nos cabelos, mas não parecia se importar.

— Não precisava acordar a casa toda — Marco comentou, quase se dobrando para cumprimentar a mãe com um beijo na testa.

Para o azar de Jane, Marco puxou a genética do pai – de todas as formas possíveis: os olhos verdes, o cabelo escuro, e a pele mais escura que a da mãe, e, como não poderia faltar, um metro e setenta e seis de altura, passando de longe a mãe em seus poucos um metro e cinquenta.

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