A parte mais curiosa sobre cometer um erro, era que na maior parte do tempo as pessoas sabem que estão cometendo um erro, sabem que a situação não vai acabar bem para nenhum dos envolvidos, mas insiste no erro mesmo assim.
Marco sabia que beijar Daryl Noer era uma péssima ideia – não só péssima, terrível, pavorosa – considerando como se conheceram, considerando como pareciam viver em universos paralelos, considerando que estivera em uma situação muito parecida com Cass e claramente não deu certo.
Beijar Daryl Noer era como ver um furacão se aproximando e ficar parado no meio do caminho apenas olhando, era como assistir seu carro acelerando em direção a um poste e não tentar alcançar os freios – beijar Daryl Noer era assustador, catastrófico, com certeza terminaria com Marco destruído por dentro, mas era uma tragédia que ele não queria ou conseguiria evitar.
Beijar Daryl era totalmente diferente de beijar Cass, ou qualquer outra pessoa que já tivesse beijado, porque parecia certo – a situação parecia errada, claro, a ideia era um erro, mas o beijo parecia certo, como se ninguém se encaixasse tão bem a ele quanto Daryl o fazia.
Marco sentia-se completamente inebriado, não conseguia pensar em nada além de Daryl, Daryl, Daryl, as mãos de Daryl em sua nuca, em seus cabelos, em seu rosto, seus lábios macios abrindo entre os dele, por um momento Marco pensou que talvez estivesse sonhando, mas não estava, ele estava bem ali e estava beijando Daryl Noer.
O rapaz de olhos verdes não sabia dizer exatamente em qual momento os dois se deitaram na cama, não sabia dizer em qual momento seu corpo cobriu o de Daryl, tudo que ele sabia era que estava envolto por ele, completamente perdido nas sensações, no cheiro de perfume e chuva, na delicadeza dos dedos contra sua pele.
Os dois se separaram por um momento, com a respiração pesada e o coração batendo com força; os olhos de Daryl pareciam um azul ainda mais escuro, Marco percebeu, como se a pupila estivesse engolindo aos poucos a cor da iris, suas bochechas estavam coradas, seus lábios entreabertos, respirando pela boca e com os olhos levemente arregalados.
Ele parecia assustado, e a realidade atingiu Marco como um balde de água fria: ele havia beijado Daryl Noer, e não sabia como voltar depois de um passo desse.
— Eu...— Marco começou, mas não conseguia achar as palavras corretas, talvez por estar completamente enfeitiçado pelo olhar de Daryl, talvez por ansiedade, talvez por não conseguir respirar — Me desculpe, eu não deveria...
— Este não é o momento para pedir desculpas por ter feito algo que eu pedi que fizesse — Daryl o interrompeu, erguendo uma sobrancelha, seu rosto estava ainda mais vermelho, mas ele tentava se manter acima disso, Marco podia notar com clareza, mais uma vez mudando sua postura e expressão para que não denunciassem como ele se sentia.
Mesmo envolto naquela nuvem de vulnerabilidade, Daryl ainda era uma muralha que Marco não conseguia escalar, e aquilo o fascinava acima de qualquer coisa.
— Então — Marco não sabia de onde vinha sua coragem — Como foi beijar um garoto pela primeira vez?
Daryl riu baixo, seu corpo tremendo levemente sob o de Marco.
— Péssimo, claramente odiei.
— Então que bom que paramos — o rapaz de olhos verdes respondeu no mesmo tom sarcástico de Daryl e focou-se completamente no sorriso quase gentil que o garoto de olhos azuis como o céu noturno exibiu.
— Que bom que paramos — ele concordou e, antes que Marco percebesse o que ia acontecer, Daryl estava sobre ele, exibindo mais força que Marco esperava de alguém que apanhou dele apenas alguns dias atrás — Mas eu não me importaria de tentar novo. Só para confirmar.
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O Amor é Azul
RomansaEm circunstâncias normais, os caminhos de Daryl e Marco não tinham a mínima chance de se cruzar, mas quando a família de Daryl volta para cidade em que viviam quando ele era criança para fugir de um escândalo no nome da família Noer e Marco sendo o...