Capítulo 5 - Daryl Noer

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Daryl acordou com a luz do sol caindo repentinamente em seu rosto e piscou para afastar o desconforto causado pela combinação de cansaço físico como resultado do dia anterior e o cansaço emocional que estava lidando a meses.

A primeira coisa que notou, piscando para que seus olhos incomodados se acostumarem com a claridade, foi que sua mão estava estranhamente vazia, sentiu falta de um peso, da sensação de dedos contra os seus, como quando Marise e ele dividiam a mesma cama e acabavam dormindo de mãos dadas porque Marise não gostava de ficar sozinha, como sentira praticamente o dia anterior todo porque Marco fazia questão de segurar sua mão de tempos em tempos quase como se soubesse como o gesto era significativo para Daryl.

A segunda coisa que notou foi Tifanny parada na frente da janela cujas cortinas ela tinha puxado para acordá-lo, com as mãos na cintura e um pano de prato jogado no ombro e exibia uma de suas raras expressões descontentes.

— Você disse que estaria de volta no almoço, mas ainda não estava em casa quando fui embora — ela disse, porque era uma mulher que não esperava antes de tratar assuntos sérios.

— Passei o dia com alguns amigos, peço desculpas — Daryl falou, sentindo-se ainda mais exausto por ter que falar.

— Bem, da próxima vez avise alguém. Jessica ficou muito preocupada com sua ausência.

Daryl bufou, a maioria das pessoas da casa não notariam sua ausência desde que não sumisse por três dias, mas é claro que Jessie teria de chamar a atenção de todos para o fato de que ele não estava lá, e provavelmente Daryl teria que se explicar aos pais.

Pelo menos Tiffany ficava quieta quando ele sumia.

O loiro não estava ansioso para sair do quarto e enfrentar a família, se Tiffany ficara irritada com sua falta de comunicação, os pais estariam ainda piores, mesmo assim não se sentia tão incomodado. Tivera um dia incrível que jamais imaginara, nunca se divertira tanto e depois de meses afogado em luto, a companhia agitada de Marco e seus amigos o impediram de pensar na saudade que sentia de Marise.

Um sorriso involuntário surgiu em seu rosto ao lembrar de Marco, de como ele fora atencioso ajudando-o no skate, em como se certificou que Daryl estava seguro e confortável entre seus amigos, como lá ele não era Daryl Noer, só Daryl.

Marco era tão intrigante quanto imprevisível, Daryl não conseguia entender como ele era gentil em um momento e terrível em outros, como sabia ser rude, seguro de si, mas sensível, animado, e com um sorriso tão contagiante que Daryl não poderia fazer nada além de sorrir com ele.

Um estalar de dedos chamou sua atenção, Tiffany franzia o rosto para Daryl, balançando a cabeça.

— Por que está sorrindo como um bobo? Vá tomar um banho, já está tarde e o café da manhã vai esfriar, ande, levante-se agora mesmo.

— Sim, senhora! — Daryl levou a mão à testa como se prestasse continência e se apressou para o banho enquanto Tiffany saía do quarto murmurando algo incompreensível.

A mesa estava quase vazia quando Daryl finalmente entrou na sala de jantar, com os cabelos ainda molhados por causa do banho e usando as roupas mais leves que tinha para ficar em casa.

Como sempre, seu pai estava na cabeceira da mesa lendo um jornal e anotando algo em seu ipad, a mãe tomava chá com uma mão e segurava o celular com a outra, Jessica assistia algo com o celular apoiado em uma jarra de suco, mesmo assim foi a primeira a notar Daryl e abriu um enorme sorriso.

— Dormiu bem? — disse ela — Não vi quando chegou, mas já estava dormindo quando voltei da casa da Rosie.

— Dormi sim, estava precisando descansar — Daryl respondeu sentando ao lado da irmã e ignorando completamente o olhar dela que parecia questionar onde ele estivera o dia todo.

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