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Dois anos depois....


ADAM


O sol estava à pino quando enfim decido abrir os olhos. A dor lancinante em minha cabeça e o gosto amargo na boca denunciam o tamanho da bebedeira da última noite e possivelmente a intensidade de minha - agora presente - ressaca. Permaneço uns bons segundos lutando contra a fotossensibilidade quando percebo que aquele lugar me é totalmente estranho.

— Mas que porra de lugar é esse? — Questiono tentando me erguer, mas sendo impedido por uma confusão de pernas e braços. A noite fora realmente muito louca, constato ao me ver completamente pelado em meio a corpos femininos.

Tento forçar a mente inebriada pelo álcool a buscar imagens dos últimos acontecimentos e obtenho certo sucesso. Dylan e eu tínhamos ido à festa de boas vindas da Gama Phi Beta, uma irmandade recheada de garotas gostosas composta em sua maioria pelas líderes de torcida do time de futebol americano de Berkeley, as Oski Yell.

Retiro os membros enroscados em meu corpo e saio da enorme cama sentindo a cabeça explodir e a náusea me dominar. Provavelmente devo ter misturado muita bebida na festa. Isso ou o Thor me acertou com o Mijolnir.

— Volta para cá, gato.

A voz manhosa de Samantha quase me faz voltar para o paraíso que era aquela cama. Não lembrava o nome da outra garota, mas isso era irrelevante já que uma próxima foda estava fora de cogitação. Não curtia trepada repetida. Isso só causava problemas, pois passava a ideia de uma intenção de compromisso, o que, claramente não era meu intuito. A única que possuía tal privilégio era Sam.

Ela era a minha foda oficial ou irmã espiritual de acordo com o termo politicamente correto das fraternidades, mas também era a rainha do campus. A loira mais gostosa e influente de toda a Berkeley, Samantha Stuart Robinson, filha do magnata do aço Thomas Robinson, amigo íntimo do babaca do meu doador de esperma, Otavian Harris.

Balancei a cabeça em uma negativa antes de praguejar por conta da dor que o movimento ressuscitou. Deus amado! Alguém estava dando uma festa dentro da minha cabeça e ao som de rumba.

— Vou procurar por Dylan. Não efetuamos a matrícula para o semestre e temos que buscar Moira no aeroporto. — Esclareci despejando as palavras com um cuidado ridículo, pois até mesmo gesticular trazia dor.

— Não consigo entender como alguém feito Dylan opta por se relacionar com pessoas de classe social tão inferior quando há alternativas bem melhores à vista. — Ela criticou enquanto saía da cama de forma graciosa e completamente nua para acariciar meu abdome.

— Nem todos têm a sorte de nascer em berço de ouro, Samantha. Moira é de origem humilde, mas possui mais dignidade e inteligência do que muitos riquinhos de merda que estão nessa droga de universidade.

Retirei sua mão do meu corpo e me abaixei para calçar o tênis já puto de raiva àquela hora da manhã. Odiava pessoas elitistas e Samantha era o pior exemplo da espécie, o que era bem contraditório visto que eu vivia fodendo com ela sempre que tinha oportunidade mesmo que, em todas às vezes, tratasse de ocupar sua boca preconceituosa com atividades bem mais úteis.

Okay, Adam, não precisa ficar irritado, foi apenas modo de falar. Esqueci que Dylan e você a defendem com a própria vida, mas vamos deixar essa besteira de lado e focar no que realmente interessa?

Suas mãos estavam de volta ao meu abdome exposto e seguindo em direção ao cós da calça para despertar meu amiguinho. Ela sabia bem o que fazer e puta merda! Era linda pra caralho: rosto milimetricamente simétrico, nariz empinado, olhos castanhos esverdeados, boca sensual e um corpo de levantar até defunto. Como não morrer de tesão?

Sete Minutos no Céu || 1||Onde histórias criam vida. Descubra agora