Volume 1 da série Andróginos
Adam Taylor Harris tinha tudo o que poderia querer: dinheiro, fama e garotas, mas não o que verdadeiramente precisava. Sob uma fachada de playboy durão, ele esconde feridas não cicatrizadas e fantasmas que ainda o atorme...
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A mensagem de Adam cravou o último prego no caixão da minha esperança de um futuro juntos.
Sabia que ele havia descoberto sobre Lianne. Se o desespero noite passada não fosse sinal forte o bastante, o endereço postado na mensagem definitivamente era. A contagem regressiva chegou ao final. O cronômetro fora zerado e agora só o que restava era um enorme nada.
Tentei segurar as lágrimas, mas não fui forte o suficiente. Já fora quase impossível me conter quando declarou seu amor antes de sair do apartamento...
Eu quis me levantar e correr até ele, quis implorar para que ficasse ao meu lado apesar de todas as merdas, mas tudo o que consegui foi ficar lá, deitada, ensinando aos meus pulmões como respirar. Agora não tinha mais saída. Precisávamos nos enfrentar e mesmo sendo incapaz de saber como suportar ao que viria, me arrumei e segui ao galpão onde meu carro se encontrava. Não havia mais motivos para esconder minha verdadeira essência.
Keeran não estava no local quando cheguei e agradeci aos céus pela dádiva. Possuía a certeza de que ele havia sido o responsável por tornar Adam ciente da verdade e não o queria na minha frente nem pintado de ouro. Ele havia me ferrado, mas isso não sairia barato. Não mesmo.
Acelerando o aston, segui para o endereço da mensagem, tentando reagrupar as peças da muralha que Adam e seu amor haviam levado ao chão, não querendo estar vulnerável, pois sabia que nada do que eu fosse dizer em minha defesa, ajudaria a salvar o relacionamento. Estávamos acabados.
A primeira coisa que vi foram as mãos de Adam e Lianne entrelaçadas enquanto seu olhar se perdia no belo rosto adormecido. Um gelo ártico resfriou minhas veias e impossibilitou qualquer movimento perante a cena, terrivelmente tocante. Havia um carinho, uma reverência tamanha que senti meu estômago se contorcer.
O ciúme animalesco me dominou e aquele maldito sonho, agora dono de todos os meus terrores noturnos, veio à mente. Ela conseguira, afinal. Lianne o tirara de mim, mesmo sem ciência.
— Me perdoe, princesa. Sinto tanto ter causado tudo isso... — sua voz estava embargada e embora não pudesse ver-lhe o rosto completamente, soube que as lágrimas o banhavam.
Tentei ficar o máximo de tempo possível em silêncio para observar a interação entre os dois, mas o ciúme estava me corroendo. Não importava que fosse minha prima ali ou que seu corpo estivesse quase sem vida, não queria as mãos de Adam em qualquer parte dela. Ele era meu.
Os olhos que eu tanto amava me encontraram e todo o ar que havia em meus pulmões fora cortado. Estava preparada para raiva, ódio ou qualquer outro sentimento negativo. Na verdade, contava com aquilo porque se Adam estivesse puto, encobrir meu desespero e amor com raiva seria uma tarefa fácil, mas não havia nada daquilo. Ao invés do ódio, havia dor, ao invés do sentimento de traição, havia culpa e ao invés da raiva, tristeza. Uma tristeza que se uniu à minha e começou a tentar derrubar as defesas já tão repletas de rachaduras.
