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ADAM


— Excelente treino, rapazes. — O treinador Spencer elogiou no vestiário dando tapinhas em nossas costas. — Apesar das baixas que sofremos por conta do draft, fico feliz em dizer que os Golden Bears permanecem fortes e mais do que capazes de trazer à Berkeley, o bicampeonato nacional.

Os caras concordaram com gritos e high-fives enquanto o treinador observava animado.

— Temos um dos melhores quarterbacks da liga e a melhor defesa dos últimos dez anos, mas precisamos trabalhar duro com o ataque e por isso quero anunciar que tivemos uma maravilhosa contratação.

Um silêncio perturbador tomou conta do vestiário. Todos, principalmente Dylan, ficaram apreensivos. Times universitários sofriam com a peneira da NFL porque acabavam perdendo seus melhores jogadores e novas aquisições eram mais do que necessárias para uma boa campanha. Era assim que o mecanismo funcionava e mesmo sendo algo para o benefício comum, não deixava de gerar conflitos. Jogadores tinham medo de perder suas vagas para novatos mais talentosos e consequentemente serem esquecidos no banco pelo treinador e pelo draft. Acontecia o tempo todo: Em uma temporada você está nas alturas e na seguinte vem um carinha sabe Deus de qual inferno e lhe rouba os holofotes.

Eu estava tranquilo quanto à minha posição. Era, de longe, o jogador mais talentoso do time e um capitão sem igual. As estatísticas estavam lá para quem duvidasse. Roubar-me qualquer uma das posições seria algo impossível. Nosso time era o melhor porque eu estava nele.

— Nesta temporada contaremos com um jogador bem talentoso vindo da Daytona, Flórida. Seu nome é Jason Baker. É running back por escolha, mas pode atuar em várias posições. Um talento impressionante.

Olhei para Dylan que mantinha o sorriso forçado tentando esconder a apreensão. Aquela era sua posição e a empolgação incontida na fala do treinador explicitava que o novato seria uma ameaça direta.

— Foi uma grande batalha convencê-lo a se juntar a nós, portanto peço que auxiliem em sua adaptação. Jason será um grande trunfo na conquista do bicampeonato.

Eu podia ver a apreensão de Dylan tomando forma e bati em seu ombro em apoio. Nos encaramos por alguns instantes enquanto um dos jogadores questionava algo ao treinador e tentei passar toda a confiança que possuía em seu talento. McCallister era o melhor running back que já tinha visto. Seus números eram impressionantes e nossa interação, algo de outro mundo. Bastava um olhar para que um soubesse o que o outro estava pensando e como agiria.

Nossas posições obrigatoriamente deveriam se alinhar, mas a forma com que o fazíamos era difícil de encontrar. Spencer não o tiraria de uma posição de importância apenas porque o outro cara era melhor fisicamente. Não... ele faria sua mágica e ninguém sairia magoado.

— E agora vamos ao anúncio mais aguardado do dia: A escolha do nosso capitão.

Revirei os olhos enfadado com o protocolo tedioso que Spencer teimava em manter para sustentar o pilar da meritocracia com que adoçava seus discursos motivacionais. Era mais do que óbvio que eu era o único apto a assumir o posto. Minha posição por si reclamava o direito. Quarterbacks em sua maioria, eram os capitães porque ditavam o ritmo de jogo e nada que o treinador pudesse argumentar diluiria essa verdade.

— Nossa equipe avaliou o desempenho de cada veterano na temporada passada e pensamos bastante antes de tomar esta decisão. O senhor Harris fez um bom trabalho na liderança do time, mas entendemos que houveram deficiências que precisam de uma nova abordagem, por isso nomearemos como capitão, o senhor Davenport.

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