Sete Minutos no Céu || 1||

8

ADAM

— Você sabia dessa merda? — questionei Moira assim que a encurralei na cozinha. Eu estava tão puto de raiva que nem me dei ao trabalho de disfarçar. Durante toda a refeição havia encarado Liam descaradamente suprimindo a vontade de virar aquela mesa e enchê-lo de porrada.

— Claro que não. Estou tão surpresa quanto você. — ela respondeu confusa.

— Não me fode, Moira, vocês se conheceram em Nova York. Como não sabia?

— Não sabendo. — A garota respondeu, mal escondendo a irritação. — Eve morava com o pai àquela época e a única coisa que compartilhou sobre a mãe foi que a mesma possuía uma galeria de artes e que elas não se davam muito bem.

Aceitei sua resposta como verdadeira porque sabia daquela parte da história de Eve. Ela mesmo havia me contado na única vez em que nos demos bem, mas minha mente estava muito ocupada tentando processar o que significava a presença de Davenport na minha casa  para juntar dois mais dois e parar de encarar Moira como se ela fosse cúmplice de uma armação criada para me foder, porém, mesmo que eu já não soubesse daquele fato, a tensão que passamos à mesa teria me deixado ciente do péssimo relacionamento entre a duas. Esmery e meu pai ficaram chocados com o fato de que a ruiva e Moira dividiam o mesmo apartamento... Ela sequer sabia que a filha havia optado por Berkeley até três dias atrás e isso fazia o meu relacionamento com Otavian parecer cordial. Toda a situação era terrível e constrangedora.

— Avise a sua amiguinha que quero aquele idiota longe daqui. Essa casa é mais minha do que dela e não pretendo passar todo o fim de semana olhando para aquele pela-saco.

— Adam, por favor. — A tampinha começou a pedir com a voz trêmula. — Olhe pelo lado positivo. Com Liam aqui, vocês não precisarão discutir a cada dez segundos.

O que Moira não entendia era que eu não suportava vê-los juntos. A simples ideia de Eve nos braços do capitão América despertava coisas ruins dentro de mim. Coisas que não queria sentir.

— Adam, Otavian está lhe chamando. — Dylan anunciou adentrando a cozinha.

— Avise para ela manda-lo embora antes que eu mesmo o faça. — intimei antes de voltar para a sessão de tortura.

Caminhei a passos pesados desejando que Deus não me deixasse perder a cabeça e mal senti quando um peso se assomou sobre minhas costas e cintura que fora enlaçada por um par de pernas.

— Fiquei sabendo que um certo bunda mole havia chegado a Lake Tahoe e vim conferir pessoalmente. — A garota falou antes de me dar um beijo no rosto e desfazer o ataque.

Era Melinda, minha linda e irritante menininha.

— Você está diferente. Já completou doze anos? — questionei analisando seu pequeno rosto. Da última vez em que a tinha visto era uma pirralha que eu costumava tomar conta quando os pais precisavam sair. Eles eram os vizinhos da casa ao lado e sempre que precisava de algum dinheiro, me oferecia para ajuda-los.

— Dezesseis e sabe bem disso. — Ela falou com falsa irritação. — Já estou na equipe de torcida e namoro o capitão do time de polo aquático.

— Escutou isso, McCallister? — perguntei olhando para Dylan por cima do ombro. — Melinda já superou a paixonite por você. — continuei divertido fazendo-a corar.

Melinda se encantou por Dylan desde a primeira vez em que ele havia pisado em Lake Tahoe e o seguia para todos os lugares. Era até engraçado lembrar o quanto ela pegava no pé de Moira por conta de sua paixonite.