Epílogo

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PANDORA


A batida frenética do meu coração pulsava na mesma intensidade do motor. Meus demônios devoravam-me por dentro desejando a liberdade que só as corridas poderiam me dar.

Quando tudo me foi tirado, a única coisa que permaneceu fora isso. A velocidade.

Precisava dela.

Como uma maldita drogada, precisa da minha analgesia. Precisava abafar os gritos na minha mente e buscar controle sobre meu destino. Eu precisava correr e agora nada me deteria.

— A que devo o prazer da sua visita? — Keeran questionou debochado ao me ver em seu escritório. Ele sabia o que eu queria. Já havia me visto em estado semelhante de abstinência.

— Eu preciso correr.

Meu ódio por ele queimava vivo e intenso. Keeran tinha sido um participante ativo na minha queda, mas agora precisava do alívio que ele poderia proporcionar.

— Sabia que não iria demorar a voltar, Pandora. Esse mundo está nas suas veias e deixá-lo não é uma tarefa fácil.

— Deixa de baboseira, Keeran. Ponha-me na corrida.

Keeran me olhou de forma preocupada, mas logo se tornou indiferente.

— Infelizmente já possuo um corredor no circuito e temos obtido muito lucro com seu desempenho. Apareça semana que vem e veremos o que posso fazer.

Não tinha aquele tempo. Precisava correr senão enlouqueceria. Bati a mão na mesa com violência fazendo-o me encarar.

— O que tenho que fazer para correr essa noite? — questionei sem me importar em demonstrar o desespero. Já estava tudo ferrado mesmo.... Mostrar ou não, fraqueza, na frente dele era mera formalidade.

Keeran passou a língua pelos lábios de uma forma predatória antes de dizer seu preço.

— Eu aceito. Coloque-me para correr e transarei com você. Onde e quando quiser.

Não havia mais nada a perder. Minha caixa fora aberta e os demônios estavam livres para me consumir. Evangeline Atwood não mais existia. Tudo o que sobrou foi, Pandora.

Continua....

Sete Minutos no Céu || 1||Onde histórias criam vida. Descubra agora