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ADAM


— Temos duas horas e meia até a última barca. O que quer fazer até lá? — questionei enquanto dava-lhe os tickets do passeio para que guardasse na bolsa.

— Vamos comprar um suvenir.

Caminhamos entre o interminável oceano de lojas quando me deparei com uma vitrine bem chamativa e, sem pensar duas vezes, arrastei Eve porta à dentro. Sua expressão foi de confusa a divertida quanto lhe fiz provar um gorro de leão marinho todo em pelúcia que em qualquer outra pessoa teria ficado horrível, mas que nela se tornou absolutamente encantador. Tive que comprar, mas Eve se recusou a andar com seu novo acessório e só cedeu quando me propus a usar o de urso dourado. As pessoas nos olhavam divertidas por onde passávamos, só que não me importei. Não quando Eve exibia o mais belo dos sorrisos.

— Precisamos entrar aqui. — Ela exigiu ao estacar na frente da vitrine da Image Arts, uma galeria riponga de certo sucesso.

— Quanta coisa linda. — cochichou, verdadeiramente impressionada ao encarar as imagens e esculturas expostas.

Havia fotos de paisagens e pessoas. Molduras artesanais com pôsteres de bandas, filmes e séries de tv antigos... Era um verdadeiro mar de belezas que eu amava passar horas admirando.

— Os quadros em seu apartamento são daqui, não são? — Eve questionou ao notar semelhanças nos padrões estéticos das obras.

— Alguns. — respondi evasivo, mas ela nem notou, pois estava parada na frente de uma das obras, completamente encantada.

— Vou levar essa. — sentenciou decidida ao pegar o quadro e se encaminhar para o caixa enquanto eu a segui em silêncio.

Ela havia escolhido um registro fotográfico da ponte Golden Gate em pleno amanhecer.

— Por favor. — pediu assim que o atendente lhe passou o cupom fiscal de pagamento. — Ofereça meus cumprimentos ao artista dessa obra maravilhosa e diga-lhe que ganhou uma entusiasta.

O homem olhou por cima de seu ombro e sorriu divertido.

— Usando suas fotos para conquistar meninas bonitas e inteligentes agora, Mestre T?

Eve virou bruscamente em minha direção, absolutamente surpreendida.

— É você, o responsável por este trabalho? Você é o Mestre T?

— Gracinha... — Lamar, o atendente e proprietário da galeria recuperou sua atenção. — Esse rapaz é o responsável pelos meus clientes mais fiéis. E pelos melhores lucros, devo acrescentar.

— Inacreditável. — Eve reagiu com um novo olhar sobre mim.

— Não é mesmo? — Lamar acompanhou divertido enquanto lhe entregava o embrulho.

— Podemos ir? — questionei rezando para a situação ter fim.

Lamar suspirou antes de voltar para Eve.

— E como todo artista que rejeita o seu verdadeiro dom, odeia receber elogios.

Nos despedimos do linguarudo antes de refazer o caminho de volta à balsa. Eve permanecia me encarando e eu sentia o rosto esquentar cada vez mais.

— Então é para produzir sua arte que some as terças? — ela questionou sem poder se conter.

— Não.

Eve permaneceu me encarando em busca de uma resposta satisfatória.

— Pare com isso. — pedi encabulado. — Não é legal encarar as pessoas por tanto tempo.

Sete Minutos no Céu || 1||Onde histórias criam vida. Descubra agora